A tragédia que assola o Rio Grande do Sul expôs a urgência para que as cidades criem soluções para lidar com as mudanças do clima, cada vez mais frequentes. Pensando nisso, a segunda edição do ano do Diálogos RJ, realizado pelo jornal O GLOBO, traz autoridades e especialistas ao auditório da Editora Globo, no Centro do Rio, para discutir os desafios e as respostas que amenizem os impactos dos extremos climáticos na população, na economia e no meio ambiente. O evento acontece hoje, às 10h, com transmissão ao vivo no YouTube do GLOBO e no Facebook do EXTRA.
O Rio de Janeiro tem 65 municípios na lista prioritária do governo federal para a gestão de riscos e desastres. A chuva que atingiu a Baixada Fluminense, em janeiro, deixou ao menos 12 pessoas mortas. Em Duque de Caxias, em apenas 24 horas, choveu 200 milímetros, a maior concentração da história da cidade. Em maio, uma onda de calor de quase duas semanas de duração serviu como um bloqueio atmosférico que impediu a dispersão da frente fria que se concentrou no Sul.
Com mediação de Ana Lúcia Azevedo, repórter especial do GLOBO e do EXTRA, o evento é dividido em dois painéis: “É possível se preparar para eventos climáticos extremos?” e “Construção de cidades resilientes às mudanças climáticas”.
Reduzir as emissões de gases do efeito estufa é o primeiro passo, segundo Gustavo Mello, economista com MBA em Gerenciamento de Riscos pela Coppe-UFRJ. Ele participa da primeira mesa de debates, ao lado de Carlos Machado, coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde Pública da Fiocruz, José Antônio Marengo Orsini, climatologista e coordenador geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), e Marcio Romano, coronel bombeiro militar e subsecretário de Defesa Civil do Rio.
— A segunda coisa é reflorestar e proteger os ecossistemas costeiros alagáveis. Tanto para sequestro de carbono quanto para frear o impacto de chuvas. Além das soluções de engenharia, como drenagem e contenção de encostas. Acho que em 30 anos a gente pode estar em patamar melhor. As novas gerações estão mais comprometidas – acredita Gustavo.
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A distribuição das responsabilidades e a preparação da comunidade são fundamentais para uma resposta eficaz, segundo Kellen Salles, diretora da Escola de Defesa Civil do Rio. A instituição oferece treinamento para lidar com desastres para as forças armadas, agentes estaduais, municipais e para a sociedade civil.
— Existem preparações diversas, como o planejamento e a operacionalização de um abrigo, de campanhas de donativos e de rotas de fuga em caso de enchentes. Antes de o desastre acontecer, a população precisa receber orientação. No Rio Grande do Sul, as pessoas recebiam o alarme, mas não sabiam o que fazer – afirma Kellen.
Nos últimos 30 anos, o território das cidades passou por diversas transformações, principalmente no Rio Grande do Sul, com as plantações de soja, como aponta Marcelo Motta, geógrafo do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e diretor de Meio Ambiente da PUC-Rio. A consequência foi o crescimento e a ocupação desordenados.
— As bacias de drenagem foram alteradas, o espaço geográfico foi modificado. As chuvas, mesmo normais, passam a ser torrenciais. Temos um modelo de ocupação equivocado e fora das dinâmicas naturais do ambiente tropical – diz o geógrafo, que participa do segundo painel.
Da discussão da segunda temática também participam Douglas Ruas, secretário estadual das Cidades, e Matheus Martins, professor e especialista de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Escola Politécnica da UFRJ.
No caso do estado do Rio, a urbanização é o principal fator responsável por tornar áreas impermeáveis, fazendo com que a chuva precise ser retardada de outras maneiras. Cada município tem necessidades específicas para lidar com eventos extremos, explica Larissa Ferreira da Costa, assessora especial de Cidades Resilientes da Secretaria estadual do Ambiente e Sustentabilidade, que também participará do debate sobre cidades resilientes:
— Nossa função é ajudar os municípios a conhecer seus riscos e apoiar soluções baseadas na natureza, como o replantio e telhados verdes.
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