Comida que vale um flash; boa apresentação faz a diferença

A “gourmetização” do setor de gastronomia vai muito além do termo complexo, é um conceito oferecido ao consumidor que busca uma experiência ao paladar

Por Danielle Blaskievicz, especial para a Tribuna PR

No lugar do pão francês, o de fermentação natural. Em vez de tomar café da manhã ou almoçar, encarar um brunch. O pudim de leite e o bolo de chocolate podem ser substituídos por brigadeiro belga, créme brullée, macarrons, éclairs e suprêmes. Para beber, espumante ou água saborizada. É a “gourmetização” da gastronomia. Uma forma de agregar mais valor ao produto – seja ele um alimento ou uma bebida –, com toda a experiência que ela pode oferecer.

Empregadores estão de olho no que você publica nas redes sociais

Tendência no setor de bares e restaurantes já há algum tempo, o termo gourmet vem sendo adotado, inclusive, por pequenos empreendedores do setor de alimentação que perceberam a tendência do mercado e também consumidores dispostos a pagar mais por produtos diferenciados.

O chef de cozinha Kaio Vinicius Trevizan, assistente de gerente da faculdade Senac Curitiba-Centro, fala que hoje as pessoas estão atrás de novas experiências alimentares, mas também querem ver e ser vistas. Daí a necessidade de buscarem lugares “instagramáveis” para degustar não apenas a comida, mas o ambiente, a decoração, o momento. “Elas querem algo diferente do que consomem no dia a dia, por isso buscam lugares gourmetizados”, observa.

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Por outro lado, Trevizan afirma que os empresários do setor perceberam a demanda e adotaram o recurso da “gourmetização” dos serviços como uma estratégia de marketing, já que o termo caiu no gosto do público. “Originalmente, ele era empregado em referência às pessoas que possuem paladar apurado. Hoje em dia, passou a ser usado como sinônimo de produtos caros, elegantes e refinados”, pontua.

DOCES GOURMET

O casal Yuki Karakawa Gonçalves e Samuel Gonçalves de Araújo, ambos de 23 anos, começou a produzir doces gourmets em 2019, com o objetivo de juntar dinheiro para a festa de casamento. Yuki, que é formada em Confeitaria pelo Senac, já trabalhava na área e, nas horas vagas, fazia os quitutes para Samuel vender na faculdade onde trabalhava como auxiliar acadêmico.

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Porém, com a pandemia, os dois perderam o emprego. A sonhada festa de casamento também precisou ser adequada às restrições do período e para um público bem menor. Com isso, o que, até então era uma renda extra, tornou-se o principal rendimento do casal.

Silvana e Samuel aproveitaram a pandemia para empreender na confeitaria Yuki Doces. | Arquivo Pessoal.

Samuel passou a oferecer os doces em estabelecimentos comerciais enquanto Yuki se concentrava na produção. Foi assim por um ano e meio, até que o volume de encomendas começou a aumentar significativamente, resultado da divulgação na internet e, principalmente, da propaganda boca a boca. “O grande sucesso foi quando uma cliente postou o morango do amor em uma famosa página. Foram mais de mil curtidas e vários pedidos”, relembra a confeiteira, referindo-se a um dos produtos mais pedidos do cardápio, que conta com mais de 30 sabores de doces, além dos bolos.

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Além de redobrar a atenção com a qualidade e a apresentação dos produtos, o casal investiu em estratégias de marketing digital para alcançar o público desejado e hoje vive exclusivamente da renda da Yuki Doces. Samuel nem cogita voltar à antiga função. Além de ajudar a esposa na finalização dos doces, é ele quem faz as entregas para os clientes.

Na Yuki Confeitaria, são mais de 30 variedades de doces gourmets e os espelhados são os mais procurados. | Arquivo pessoal.

EMPREENDEDORISMO

Se para muitos setores da economia a pandemia de Covid-19 foi implacável, o setor de alimentação registrou um crescimento considerável, principalmente graças aos serviços de delivery. Claudia Ramos, CEO e Fundadora da Jornada Multipla, empresa especializada na aceleração de carreiras e negócios de mulheres do Brasil, comenta foi um período que muitos profissionais autônomos inovaram e aproveitaram para empreender.

“Para os pequenos negócios, uma forma de agregar valor é oferecer a personalização. Permitir que os clientes façam escolhas, seja nos sabores, na decoração ou a partir de mensagens especiais para as encomendas, por exemplo”.

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Outro ponto que Claudia enfatiza está na apresentação visual do produto, já que a gastronomia envolve uma experiência que envolve todos os sentidos, principalmente visual e olfativa.

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ROTEIRO

Para quem está pensando em entrar na área de gastronomia ou quer organizar um negócio já existente, Claudia dá algumas dicas importantes que devem ser seguidas.

1. Identifique o nicho de atuação: Antes de começar, é importante identificar o nicho de mercado em que se pretende atuar. Pensar no tipo de experiência gastronômica que deseja oferecer e quem é o público-alvo.

2. Desenvolver um conceito: Para se destacar no mercado, é importante desenvolver um conceito único para o negócio. Pensar em como oferecer uma experiência diferenciada para os clientes, seja através de pratos inovadores, ingredientes de alta qualidade, decoração temática ou um ambiente acolhedor.

3. Investimento em qualidade: A qualidade dos ingredientes e dos pratos é fundamental para o sucesso do negócio. É fundamental procurar fornecedores confiáveis e estar sempre atento às tendências gastronômicas. Oferecer pratos saborosos e bem apresentados é essencial para conquistar e fidelizar os clientes.

4. Ambiente agradável: Além da comida, o ambiente do estabelecimento também é importante, por isso é essencial investir em uma decoração atraente e confortável, que reflita o conceito do negócio.

5. Estratégias de marketing: Usar as redes sociais para divulgar o negócio, criar um site atrativo e investir publicidade online. Além disso, é importante participar de eventos gastronômicos e estabelecer parcerias com influenciadores ou blogueiros de comida.

6. Tendências: A gastronomia está sempre evoluindo, por isso é importante estar atento às tendências do mercado. Pesquisar sobre novas técnicas culinárias, ingredientes inovadores e conceitos emergentes. Estar disposto a se adaptar e atualizar o cardápio de acordo com as demandas dos clientes.