No mundo profissional, networking coloca o candidato na “boca do gol”

Pesquisa aponta que cerca de 85% das contratações são feitas a partir de indicações de outros profissionais

Por Danielle Blaskievicz, especial para a Tribuna PR

Se você é da turma que acha que para conseguir uma boa colocação profissional basta conhecimento técnico, pontualidade e tratar com respeito os colegas de trabalho, está na hora de repensar suas estratégias se quiser crescer na carreira. Isso é importante, mas é preciso outros ingredientes essenciais. Estudos mostram que a forma mais prática e funcional de encontrar um emprego é por meio do famoso “networking”, ou seja, a rede de relacionamentos.

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Para aprofundar o assunto, o norte-americano Lou Adler, especialista em contratações e fundador do The Adler Group, realizou, em parceria com o LinkedIn, pesquisas baseadas em performance. O resultado mostrou que 85% das vagas de emprego são preenchidas principalmente graças ao networking, seja ele profissional ou pessoal. Traduzindo: na hora de buscar um emprego, é mais importante quem você conhece do que aquilo que você conhece – isso será avaliado depois e servirá para mantê-lo no emprego e continuar crescendo na carreira.

NA BOCA DO GOL

Indicação de colegas de trabalho abre as portas para oportunidades exclusivas na carreira. | Pixabay

Para quem está procurando emprego, a mentora de carreiras Paula Boarin explica que o networking é o “passe rápido” para o recrutamento e seleção, para a vaga de emprego. “É uma aceleração no caminho de triagem de currículo e coloca o candidato praticamente na boca do gol, na sala da entrevista”, comenta.

Master em direção de Recursos Humanos e Organizações e mestre em Administração, Paula diz que, nesses casos, se a pessoa for minimamente boa, a chance de passar é muito grande.

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Segundo ela, ter esses bons relacionamentos é o que faz o profissional acessar muitas oportunidades. Inclusive porque muitas vagas não vão para mercado. A tendência, conta a especialista, é que essas oportunidades sejam encaminhadas a recrutadores para que o processo seja feito externamente, até para evitar a “rádio peão” dentro da empresa, o que pode causar instabilidade na equipe. “Quem tem essas conexões, essa rede, consegue acessar essas vagas. Quem não tem, acaba perdendo muitas oportunidades”, esclarece.

INVESTIMENTO A LONGO PRAZO

Paula orienta que a carreira precisa ser encarada como um projeto a longo prazo e que precisa estar embasado em três pilares: técnica, comportamento e marca pessoal. Ela explica que a maioria dos profissionais foca principalmente no primeiro, que envolve o conhecimento, as certificações e qualificações.

O segundo pilar, destaca a especialista, é o comportamento e tem a ver com o que o mercado denomina atualmente de soft skills, ou seja, as habilidades de comunicação, relacionamento, forma como o profissional costuma lidar com pressão, inteligência emocional, liderança, criatividade e comportamento adequado à cultura da organização.

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Já o último ponto tem a ver com marca pessoal. “O primeiro pilar é o que faz o profissional entrar na empresa, que é a técnica. O segundo contribui para crescer dentro da empresa. O terceiro, que é a marca pessoal, é o que faz ganhar mais, ser reconhecido, é um turbo na carreira”, pontua. Paula explica que isso está relacionado à autoridade, reputação, forma de comunicar o trabalho e as redes de relacionamento que o profissional estabelece.

“É importante pensar em networking como uma poupança: para ter direito a sacar alguma coisa no futuro, é preciso primeiro depositar, ou seja, entregar algo de valor para as pessoas, contribuir, ensinar algo. E esse networking, esse QI do que indica possibilita muitas oportunidades, abre muitas oportunidades”, enfatiza.

INDICAÇÃO

A professora Karyn Cavalheiro, coordenadora de Pós-Graduação do Senac-Portão e professora do curso de ADS (disciplina de empreendedorismo e inovação), confirma a importância das indicações principalmente para os cargos mais “específicos”, como gestor de área, cargos pleno ou sênior, que podem surgir de

indicações de antigos colegas de trabalho. “Se o profissional tem um bom networking, é reconhecido na área que atua pelo desempenho e pelas entregas que faz, fica muito mais fácil e rápida a recolocação no mercado ou até a mudança de empresa ou um novo desafio”.

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Karyn salienta que no caso de profissionais trabalham por projeto – freelancers, consultores, profissionais liberais em geral – o networking se torna imprescindível. “Não existe mais profissão em que se trabalhe sozinho, com pouca ou nenhuma interação com outras equipes. A realidade do mercado mostra que todas as profissões exigem atividades em grupo e colaborativas, geralmente com equipes multidisciplinares”, comenta. Ela cita como exemplo o analista de marketing que participa de um projeto com o responsável pela área de TI, com o gerente de operações e um gestor da área de logística e, em outro momento, trabalha com uma equipe completamente diferente.

A professora salienta que hoje é uma realidade se trabalhar de forma remota com equipes espalhadas pelo Brasil ou mundo, dependendo das características da empresa. Por isso, ela destaca que é fundamental que o profissional tenha uma rede de relacionamentos que permita o bom andamento das atividades, possibilidade de interação com outras empresas e até mesmo a promoção de parcerias. “Networking sempre foi importante. Hoje, porém, é fundamental em qualquer profissão. O conhecimento técnico é muito importante, mas ele não é suficiente para a complexidade do mundo atual”, complementa.