O Cubo for Investors, braço do Cubo Itaú voltado para fundos de venture capital, completa seu primeiro ano de operação com resultados positivos: dos sete fundos participantes iniciais, ampliou para 16, que gerenciam cerca de US$ 3 bilhões. Quatro deles são baseados fora do Brasil. Além disso, a recente chegada da Bewater, anunciada com exclusividade a Época NEGÓCIOS, trouxe para o hub uma gestora focada em startups de 'midstage growth', isto é, o espaço entre o early stage e o Série A e os investimentos late stage.
"Já temos cases bacanas de fundos que investiram nas startups do Cubo, mas, por enquanto, os acordos ainda não se tornaram públicos", antecipa Marcella Falcão, head de Corporates e Investors do Cubo Itaú, que lidera a operação desde a sua concepção. "Mas posso dizer que estamos satisfeitos. Fundos de venture capital, geralmente, têm uma taxa de conversão de 1%, isto é, falam com 100 startups para investir em uma. No Cubo, estamos trabalhando com uma taxa de 10%", diz.
A estratégia do Cubo for Investors, no entanto, é um pouco mais ampla do que apenas conectar fundos a empreendedores. "Essa é a parte óbvia", observa Marcella, que entrevistou mais de 50 fundos antes de montar a operação. Durante o período de pesquisa, descobriu que havia uma dor ainda maior entre os fundos de VC: encontrar os investidores dispostos a colocar dinheiro nos fundos.
"Hoje estamos num cenário muito escasso de family offices e de investidores institucionais investindo na classe de alternativos, que é a classe de venture capital. Essa principal dor é consequência da falta de liquidez do mercado. Além disso, muitos investidores pagaram caro e não tiveram o retorno que esperavam. Então, nossa estratégia foi entrar no mercado como uma ponte entre os fundos e seus investidores institucionais", explica Marcella. "Tivemos muito sucesso, porque era uma abordagem que ninguém estava fazendo.", acrescenta a executiva.
Hoje, há pelo menos 50 investidores institucionais mapeados pelo Cubo for Investors. "Foi realmente um trabalho de formiguinha. Construímos o relacionamento um a um", diz Marcella. "Com os investidores institucionais, conseguimos atrair ótimos fundos. Não oferecemos uma garantia transacional, é importante deixar isso claro. Mas colocamos o fundo de frente com o investidor para que ele tenha a oportunidade de mostrar resultados e criar relacionamento de longo prazo", explica.
O efeito em rede acaba sendo que as startups do Cubo têm contato e acesso a fundos que atuam em diferentes estágios de investimentos e diferentes setores. "Queremos trazer mais fundos, mas prezamos muito pela representatividade de diferentes estágios de investimentos e setores. Por exemplo, temos um hub de startups agro no Cubo. Não queremos ter cinco fundos de agro e, sim, o melhor fundo de agro do mercado", diz Marcella.
Chegada da Bewater
Fundada em 2019 por Carlos Degas Filgueiras, que foi CEO e sócio da DeVry/Adtalem por mais de uma década, Fabio Armaganijan, ex-COO da Kraft Heinz nos Estados Unidos, e Guilherme Weege, CEO do Grupo Malwee, a Bewater passou a fazer parte da comunidade de fundos de investimento do Cubo há um mês. A decisão veio de uma necessidade de aproximação antecipada com os founders. Com US$ 125 milhões sob gestão em ativos, o foco da Bewater sempre foi entrar na startup em um estágio de investimento mais avançado, quando ela já tem produtos que vendem e está mais consolidada.
"Normalmente, nosso estágio de investimento é posterior ao estágio em que estão a maior parte das empresas do Cubo. A maioria dos nossos aportes são em rodadas série B. Mas tivemos um estalo de que, para encontrar boas empresas, os relacionamentos têm que começar antes. Estar no Cubo nos ajuda a antecipar esses relacionamentos", avalia Degas.
O executivo espera um 2024 ainda duro para os founders, assim como foi 2023. "Os empreendedores terão que ser muito disciplinados e diligentes para passar por essa seca. Por outro lado, para os fundos, é um excelente momento, já que o mercado com pouca oferta para as empresas permite que os fundos tenham muita relevância", avalia.
"No auge de 2021, era aquela concorrência maluca, você mal tinha uma semana para preparar os termos do acordo. Hoje, os fundos estão em um cenário mais calmo, propício para encontrar boas empresas e criar relacionamento com elas", conclui.
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