Cientistas desenvolvem técnica que transforma plástico velho em sabão

Guoliang Liu, principal autor do estudo, publicado na revista Science, prevê que instalações globais de reciclagem irão adotar a abordagem

Por Renata Turbiani


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Os resíduos plásticos têm sido uma preocupação constante no mundo todo — Foto: Getty Images

Os resíduos plásticos têm sido uma preocupação constante no mundo todo, mas cientistas da universidade Virginia Tech, dos Estados Unidos, acreditam ter encontrado a solução. Em um estudo publicado na revisa Science, pesquisadores descobriram um método para dar vida nova ao plástico velho: transformá-lo em surfactante, o produto químico por trás de itens comuns do dia a dia, como sabão e detergente.

Isso é possível porque o polietileno, um dos tipos de plástico mais comum, possui uma estrutura química que se assemelha a um ácido graxo, o precursor do sabão.“Dadas as semelhanças entre polietileno e ácidos graxos, parecia plausível transformar um no outro”, ponderou Guoliang Liu, professor associado de química na Virginia Tech.

O desafio inicial era dividir com eficiência a longa cadeia do plástico em segmentos mais curtos, mas sem reduzi-los além da conta. A resposta de como fazer isso, segundo Liu, surgiu enquanto ele observava uma lareira acesa.

“A lenha, rica em polímeros como a celulose, se decompõe em cadeias curtas e depois em pequenas moléculas gasosas, eventualmente produzindo dióxido de carbono. Se aplicarmos o mesmo princípio ao polietileno, interrompendo o processo prematuramente, obteremos moléculas de polietileno de cadeia curta", explicou o professor.

A partir deste insight, ele, com a ajuda dos estudantes Zhen Xu e Eric Munyaneza, construiu um reator parecido com um forno para aquecer o polietileno por meio de termólise por gradiente de temperatura, dividindo o plástico enquanto controlava a decomposição. O produto resultante deste processo foi polietileno de cadeia curta, um tipo de cera, que, na etapa seguinte do trabalho, foi transformado em sabão.

O portal Earth destaca que o método também parece promissor para outro tipo de plástico, o polipropileno. E Liu prevê que sua pesquisa abrirá caminho para que as instalações globais de reciclagem adotem essa abordagem. "Combater a poluição plástica é um imperativo global. Um processo direto pode ser mais acessível a um grande número de nações", completou o professor.

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