Anbima aposta em ‘tokenização’ para conexão ao Drex

Para abordar o tema de forma coordenada, associação que representa mercado financeiro e de capitais criou nova rede estratégica para a área de inovação

Por , Valor


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Drex — Foto: Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

O mercado financeiro e de capitais busca uma forma de pavimentar sua conexão ao Drex, o sistema de moeda digital do Banco Central (BC), por meio da “tokenização” de ativos e do uso da tecnologia blockchain das finanças descentralizadas (DeFI). Para tratar o tema de forma coordenada, a Anbima, associação que representa o setor, criou uma nova rede estratégica para a área de inovação como um todo - incluindo o tema da inteligência artificial generativa -, que funcionará como as iniciativas já em curso de educação financeira e de sustentabilidade (ESG).

Segundo Carlos André, presidente da Anbima, a proposta é trabalhar junto com o Banco Central (BC) e com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para avaliar e propor soluções aderentes à regulação atual e em discussão. A associação quer aproveitar o melhor que essas tecnologias trazem em termos de ganhos de eficiência, rapidez e redução de custos, mas de forma segura, escalável e ética.

Entre as atividades desenvolvidas pela rede, está desde promover estudos de viabilidade, identificação de casos de uso, workshops, treinamentos e grupos de discussão até apresentações de startups - os “pitch days”- e elaboração de protótipos de soluções práticas para mitigar problemas e responder a desafios enfrentados hoje pela indústria de investimentos.

“A Rede Anbima de Inovação atuará como um fórum de debates sobre tendências emergentes, criando um espaço organizado para profissionais discutirem, se informarem e até identificarem projetos que possam ajudar a impulsionar a transformação digital do nosso mercado”, disse.

Na frente de tokenização, o principal projeto visa impulsionar a negociação de ativos tokenizados que poderão ser compensados no futuro ambiente do Drex. O projeto, inspirado no formato do próprio piloto do real digital, segue também a premissa do “open finance” de padronização de protocolos. Sem um denominador comum que traga a chamada interoperabilidade entre as blockchains, não será possível conectar diferentes ecossistemas no real digital.

“As oportunidades de negócios e ganhos de eficiência que a tokenização de ativos pode trazer para os investidores e mercados são cada vez mais evidentes, e este projeto pretende fomentar e testar diversas teorias relacionadas à tokenização que podem revolucionar nossos mercados”, disse. “Caso haja um consenso de que é vantajoso e realizável, poderemos, juntos, criar um piloto dessa solução.”

Para André, a expectativa é que, aproveitando a capacidade de fracionamento de ativos via tokenização, o projeto mostre como é possível alavancar a liquidez no mercado secundário, democratizar o acesso a diferentes produtos e reduzir custos operacionais.

Em relação à inteligência artificial (IA), a Anbima prepara duas trilhas de atuação. Uma delas será voltada especificamente para a indústria de fundos de investimento, para identificar casos de uso que facilitem o trabalhos dos gestores de recursos. Como exemplos, André cita o “suitability” (enquadramento de perfil), que pode avançar a partir da possibilidade de hiperpersonalização oferecida pela IA, e a otimização de processos de análise de risco e gestão de ativos.

A segunda será aberta a todo o mercado e engloba uma série de ações que visam ajudar as instituições financeiras a compreenderem e adotarem a IA em seu dia a dia. A primeira atividade será uma “master class” on-line com Clara Durodié, especialista britânica em IA em serviços financeiros, que ocorre no dia 1º de julho.

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