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 — Foto: GETTY IMAGE
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Como fundador e sócio da Play Studio, venho acompanhando com entusiasmo as discussões sobre inovação e inteligência artificial (IA). Recentemente tive a oportunidade de participar do SXSW, em Austin, e tudo o que ouvi por lá reforçou minha convicção de que estamos no limiar de uma nova era nos negócios, uma era definida pela IA e pela transformação digital. E como a futurista Amy Webb disse na apresentação do seu relatório anual, somos hoje a Gen T – Geração da Transição.

O SXSW é um caldeirão de ideias inovadoras, uma plataforma onde o futuro do trabalho, da tecnologia e da sociedade é debatido. Neste ano, para surpresa de ninguém, a IA esteve no centro das discussões. Ela tem sido um tópico quente por um bom motivo. Sua capacidade de transformar indústrias e revolucionar a forma como trabalhamos é inegável. Como líderes e inovadores, a questão hoje não é se a IA vai impactar nossos negócios (até porque isso já é dado, o impacto já está aí), mas como podemos utilizar essa tecnologia para gerar valor real.

Para mim, está muito claro: a IA não é apenas uma ferramenta, é um parceiro estratégico – ou um segundo cérebro. E um dos insights mais valiosos que trouxe do SXSW nesse sentido se refere à importância do pensamento crítico e da comunicação humana. Enquanto a inteligência artificial pode processar e analisar dados com uma eficiência inigualável, são as qualidades humanas únicas — nossa capacidade de pensar de forma crítica, racionalizar problemas e ser empático — que definirão o sucesso no futuro. Como bem pontuou Ian Beacraft em seu painel, "The future is powered by people and enabled by AI".

No coração dessa transformação está o conceito de "Creative Generalist" – a ideia de que, com a IA, qualquer um de nós pode se tornar um especialista em qualquer coisa. Isso não só democratiza o conhecimento, mas nos capacita a explorar novas fronteiras, resolver problemas complexos e, em última instância, criar negócios que operam com eficiência e criatividade sem precedentes.

No entanto, o verdadeiro diferencial está em como as empresas integram essas tecnologias às suas estratégias de negócio e cultura corporativa. E aí vejo que temos um longo caminho pela frente. Se nos EUA as companhias já estão adotando a inteligência artificial em diferentes aspectos de sua operação, no Brasil isso ainda é muito incipiente. Para não ficarmos para trás, vejo duas atitudes muito importantes:

1- Educação e compreensão da tecnologia

O primeiro passo é aprofundar o entendimento sobre a IA. Isso significa ir além da superfície e realmente pesquisar o que essa tecnologia implica, o que ela pode gerar e como está evoluindo. O processo envolve buscar literatura especializada, acompanhar estudos de caso e, talvez mais importante, interagir com comunidades e hubs de conhecimento, como laboratórios e startups especializadas em IA. Este esforço para adquirir conhecimento vai preparar as empresas brasileiras não apenas para entender onde a IA pode ser aplicada em suas operações, mas para ter uma visão de futuro informada e baseada em dados.

2. Experimentação e integração prática

Após a fase de educação e compreensão, o próximo passo é a experimentação interna e a busca por áreas de oportunidade dentro da própria empresa onde a IA pode ser testada e implementada. Ou seja, identificar processos, serviços ou produtos que possam ser melhorados. E, importante, este passo também implica na criação de uma cultura que não apenas aceita, mas incentiva a inovação e o erro como parte do processo de aprendizagem e crescimento. A experimentação prática deve ser encorajada, permitindo que as equipes testem novas ideias em ambientes controlados, sem o medo de falhar. Na prática, isso significa identificar uma área de aplicação e começar testando pequeno, para depois escalar.

Além disso, é fundamental preparar as equipes para se tornarem usuárias proficientes dessas novas ferramentas, o que pode incluir treinamento específico e o desenvolvimento de novas habilidades.

Adotar a IA nos negócios requer mais do que apenas uma mudança tecnológica. É um movimento que exige uma transformação cultural que abrace a inovação contínua, a aprendizagem e a adaptabilidade. Seguindo essa filosofia, as empresas estarão bem posicionadas para não só acompanhar, mas liderar na nova era digital.

*Romulo Perini é fundador e managing partner da Play Studio, consultoria de inovação e venture builder que faz parte do Grupo FCamara.

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