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Por Juliana Pio


Semana de 4 dias ainda enfrenta resistência nas empresas brasileiras — Foto: Getty Images
Semana de 4 dias ainda enfrenta resistência nas empresas brasileiras — Foto: Getty Images

Em agosto, a 4 Day Week Global anunciou que iria dar início aos testes com semanas de 4 dias em 20 empresas brasileiras. A organização sem fins lucrativos, que pretende provar a validade desse novo formato de trabalho, coordenou projetos semelhantes em países como Estados Unidos, Reino Unido, Portugal e Nova Zelândia. No Reino Unido, onde o piloto foi realizado em 2022, 39% dos funcionários se sentiram menos estressados, 54% acharam mais fácil conciliar vida pessoal e profissional e o turnover caiu em 57%. Já para a empresas houve um aumento de 1,4% na receita.

Apesar de algumas pesquisas apontarem para os benefícios da semana de 32 horas, a ideia de romper com o antigo modelo de trabalho ainda é vista com desconfiança por boa parte das empresas brasileiras - que preferem apostar em outras formas de flexibilidade, como a possibilidade de o funcionário escolher quantas vezes vai ao escritório. Pelo menos é isso que indicam as entrevistas realizadas com executivos durante a premiação do Anuário Época NEGÓCIOS 360º, que aconteceu nesta segunda-feira na capital paulista. No evento, foram reveladas a Empresa do Ano, as melhores companhias em 24 setores e nos 6 principais desafios de gestão das organizações.

“Não sou muito a favor. Penso que a adoção da semana de quatro dias depende do tipo de negócio. Não dá para generalizar”, afirmou Marcelo Ciasca, CEO da Stefanini, em entrevista a Época NEGÓCIOS. “Depois da pandemia, saímos do presencial para o home office. Agora, estamos encontrando equilíbrio no trabalho híbrido, embora ainda seja difícil avaliar a produtividade, especialmente quando os funcionários têm autonomia e não há uma boa forma de medição de entregáveis”, disse o CEO.

No Época NEGÓCIOS 360º, a Stefanini levou o prêmio no desafio Inovação: na foto, o CEO Marcelo Ciasca recebe o prêmio das mãos de Elisa Campos, editora executiva de Época NEGÓCIOS, e André Proença, vice-presidente executivo de Gente e Valor Integrado ao Negócio na Fundação Dom Cabral — Foto: Flavio Santana
No Época NEGÓCIOS 360º, a Stefanini levou o prêmio no desafio Inovação: na foto, o CEO Marcelo Ciasca recebe o prêmio das mãos de Elisa Campos, editora executiva de Época NEGÓCIOS, e André Proença, vice-presidente executivo de Gente e Valor Integrado ao Negócio na Fundação Dom Cabral — Foto: Flavio Santana

A estratégia de reduzir a jornada para quatro dias é considerada "inviável" pela Lupo. "Muitas vezes, trabalhamos até seis dias por semana”, diz a diretora presidente, Liliana Aufiero. "Então acho que pode não funcionar para a empresa." A opinião é compartilhada por André Luís Uchoas Arantes, diretor geral da Bo Paper Brasil. “Prefiro uma semana completa com flexibilidade do que restringir para quatro dias de trabalho”, disse o executivo.

Participação coletiva nas decisões

"Não consigo mensurar se a semana de quatro dias é algo bom ou ruim, porque eu não tenho experiência lidando com esse assunto", afirmou Aires Galhardo, diretor executivo de Celulose Industrial, Engenharia e Energia da Suzano, eleita a Empresa do Ano pelo anuário 360º. "O que eu posso dizer é como lidamos com novos formatos de trabalho. Depois da pandemia, a Suzano decidiu dar autonomia para que cada líder decidisse, juntamente com as equipes, o que deveria ser feito. Então eu acho que a vamos ter cada vez mais uma participação coletiva nas decisões."

Na CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), os colaboradores vão ao escritório três vezes por semana, podendo adotar o home office nos dois dias restantes. “Acreditamos que a presença e o contato são importantes para a construção de uma cultura e o crescimento do negócio. Diria que, por enquanto, estamos contentes em trabalhar dessa forma”, afirmou o CEO, Ricardo Fonseca de Mendonça Lima.

"Talvez nós possamos adotar a semana de 4 dias para os funcionários da área administrativa", disse Daniela Manique, CEO para a América Latina da Rhodia/Solvay. "Há muitas empresas europeias liberando os funcionários na sexta à tarde, por exemplo. Mas, na área de fábrica, já temos um horário especial em turnos, o que é bem adequado a esse tipo de trabalho."

Para Carla Crippa, VP de Relações Corporativas e Impacto Positivo da Ambev, é importante observar esse movimento com atenção. "Vejo muitas pesquisas chegando ao Brasil, mas não conheço o assunto tão a fundo. Precisamos acompanhar", disse. Cesar Gioda Bochi, diretor presidente da Sicredi, vai pelo mesmo caminho. "Estamos sempre aprendendo e evoluindo. O que não podemos perder de vista é a saúde física e mental do colaborador. Acho que ainda há muito para acontecer dentro do próprio modelo de trabalho híbrido."

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