A última década tem sido de transformações intensas em todos os setores, e o impacto dessas mudanças para as empresas está intrinsecamente ligado à velocidade da transformação digital nos negócios. Com a popularização de tecnologias como a inteligência artificial, ficou claro que a evolução digital é contínua e que, para acompanhá-la, é necessário aceitar o desafio de inovar a todo momento. Neste contexto, o cenário brasileiro não é animador, segundo o primeiro Estudo Nacional sobre Evolução Digital e Inovação de Negócios, realizado pela Meta, empresa de tecnologia e inovação com foco em transformação e evolução digital, em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC).
Um dos pontos de destaque do levantamento é que 68% das empresas brasileiras acreditam que a estratégia de inovação na organização é de extrema importância, porém muitas ainda não têm metas ou orçamentos estabelecidos para projetos de inovação.
O estudo avaliou, ao longo de um ano (dezembro/2022 - dezembro/2023), o nível de maturidade digital de grandes organizações no Brasil. Foram ouvidos mais de uma centena de CEOs de corporações de segmentos e portes diversos, que juntas somam mais de R$ 100 bilhões de faturamento -- 75% das empresas entrevistadas faturam mais de R$ 30 milhões por ano, e 33% faturam acima de R$ 1 bilhão.
Em relação à 'revolução da IA', o cenário também não é de grande pioneirismo: apenas 7% das organizações entrevistadas têm trabalhado com a tecnologia nos últimos cinco anos.
Outro ponto é que 60% dos respondentes do estudo entendem que a gestão da inovação significa ter uma visão estratégica e futura do negócio. Mesmo assim, grande parte das empresas não parece ter isso enraizado na cultura e na governança.
"Observamos que mais da metade das empresas está olhando a curto prazo para sua evolução digital, totalizando 53% dos respondentes, buscando tanto a inovação quanto a digitalização para resolução de problemas atuais", diz o documento.
Maturidade digital
A pesquisa também dá um vislumbre sobre o que pode ser a resposta para a falta dessa gestão: cada empresa entende a transformação digital de um jeito próprio. Quando se fala em evolução digital, há inúmeras interpretações sobre como cada um entende o que isso significa.
No levantamento, uma ideia em comum que apareceu nas respostas sobre "o que é evolução digital?" foi a digitalização. Mas esta é apenas uma parte de uma evolução muito mais complexa e contínua.
"Não existe processos de inovação se as pessoas não estiverem dispostas a participarem e fundamentalmente mudarem. Inovação e digital devem estar na pauta decisória, com foco em resultados e projetos estruturantes mesmo”, afirma Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral.
A falta de planejamento também reflete no monitoramento da maturidade digital das empresas. Segundo a FDC, a maturidade digital refere-se ao aproveitamento otimizado das novas tecnologias e a sua utilização em todos os setores, trazendo os resultados esperados pela empresa. No entanto, segundo o estudo, 62% das empresas não realizam diagnósticos quanto ao nível de maturidade digital.
As empresas com maior maturidade digital tendem a investir mais em inovação, pois já possuem uma base estruturada e experiência em projetos do tipo.
Entraves para a inovação
O estudo reforça que 45% dos executivos acreditam que o principal desafio da transformação digital não é a capacidade e experiência em tecnologia, tampouco falta de investimento, mas sim, uma questão de cultura organizacional.
Em relação ao processo de inovação, cerca de 25% dos executivos indicam que o principal entrave é a estrutura e a cultura da empresa.
"Podemos perceber que o desafio, mais do que estar à frente de tecnologias disruptivas, automação de processos e desenvolvimento de softwares, é encaixar as mudanças socioculturais e geracionais às mudanças tecnológicas, e não o contrário", analisa Telmo Costa, CEO da Meta. "O que o contexto atual aponta é que as pessoas vêm antes de qualquer decisão sobre qual software utilizar."