Conexão Inovadora

Por Paulo Costa


 — Foto: Getty Images
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Em menos de um mês, esta é a terceira vez que entro em um avião para participar de ricas discussões sobre inovação e tecnologia. Cá estou em terras americanas novamente para acompanhar o Brazil at Silicon Valley, no Google Event Center. Não vou mentir que estar no Vale do Silício, berço de tantas empresas de tecnologia que fazem parte do nosso cotidiano e que mexem com nosso imaginário, além do próprio Google, claro, como Netflix, Apple, Intel Corporation, Meta (Facebook), HP, Oracle, e tantas outras, tem um gosto especial.

Poder visitar a Universidade de Stanford, local icônico em que Steve Jobs deu um dos discursos mais conhecidos e inspiradores para os jovens durante uma cerimônia de formatura há quase 20 anos, é uma experiência significativa. Ainda levo comigo o seguinte trecho: “Quando a vida jogar pedras, não se deixem abalar. Estou certo de que meu amor pelo que fazia é que me manteve ativo. É preciso encontrar aquilo que vocês amam - e isso se aplica ao trabalho tanto quanto à vida afetiva. Seu trabalho terá parte importante em sua vida, e a única maneira de sentir satisfação completa é amar o que vocês fazem. Caso ainda não tenham encontrado, continuem procurando.”

Nesse cenário tão inspirador, assim como no SXSW e no South Summit, a inteligência artificial é a protagonista. A apresentação de Bhavi Mehta, Global Leader of Advanced Analytics, e Lucas Brossi, Head of Advanced Analytics, ambos da Bain & Company, mostrou o quanto as empresas líderes em IA estão comprometidas com esta tecnologia.

Entre os dados compartilhados por eles, de 70 a 75% das empresas acreditam que inteligência artificial está mudando as regras do jogo para o engajamento de clientes e os modelos de negócios; Dois terços da indústria acredita que as pioneiras nesta tecnologia terão vantagem a longo prazo; de 65 a 70% acham que a IA irá modificar significativamente a estrutura de custos nas suas indústrias; e de 60 a 65% acham que IA irá virar diferencial de concorrência.

Insights como esses nos mostram que muitas companhias estão priorizando a inteligência artificial generativa para os próximos anos com o intuito de fazerem parte deste movimento de pioneirismo e ganhar vantagem competitiva frente a outros players de seus setores.

Dentro do ecossistema brasileiro, essa é uma oportunidade cada vez mais consolidada para os empreendedores tecnológicos do país. Recentemente, junto ao Sling Hub, plataforma de dados de inovação, divulgamos os resultados de uma pesquisa que visa identificar o profissional de inovação aberta no Brasil e 91% deles apontam que já utilizam inteligência artificial, sendo 36% frequentemente.

Ou seja, há uma janela aberta para que cada vez mais soluções ocupem esse espaço. E é aí que o fundador de startup tem a chance de fazer história. Os profissionais das grandes companhias estão abertos a experimentarem novas tecnologias que resultem em eficiência e resolução de problemas, principalmente aqueles que envolvem tarefas automáticas, as quais IA facilmente executariam.

Os dados já começam a comprovar esse movimento. Scott Brady, founding partner da Innovation Endeavors e professor de Stanford, mostrou no evento que a produtividade de programadores aumentou de 30 a 50% com o uso do assistente GitHub Copilot, um ganho expressivo em eficiência.

Entre as aplicações-chave da tecnologia nos negócios, Brady destacou a atuação com os chamados “copilotos” para atividades que envolvem escrita, a assistência criativa em brainstorms, a sumarização de informações e a construção de fluxos de trabalho. Tudo com isso com amplo potencial para otimizar o trabalho humano.

Mas nem só de comemorações e alegrias vive o ecossistema. Apesar do frequente entusiasmo em cima da inteligência artificial generativa, alguns obstáculos ainda estão no caminho. Projetos pilotos guiados por essa tecnologia têm tido dificuldade de serem aplicados em escala. Mas, esta é uma questão que logo deve ser solucionada. Em termos de desafios, no Brasil ainda há a falta de talentos na área de TI para uma adoção mais rápida de GenIA, enquanto nos Estados Unidos, as principais questões giram em torno de privacidade e segurança.

Neste cenário, encaro como missão fazer conexões para que empreendedores talentosos encontrem profissionais dispostos a construir importante projetos em conjunto, com potencial de renovar setores não só no Brasil, mas no mundo. Afinal, ajudar a alavancar os cases de transformação do nosso ecossistema é o que me motiva diariamente.

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