Explorando a revolução da Realidade Aumentada e seu impacto nos negócios e experiências do consumidor

Como pontos negativos, achei o dispositivo um pouco pesado. Além disso, o peso fica concentrado na parte frontal, causando certo desconforto depois de algum tempo. Tem outro ponto que considero negativo que é a total desconexão do mundo real que o dispositivo oferece. Essa sensação de completa desconexão da realidade quebra um dos princípios da realidade aumentada: é como se você se desligasse por completo do que está ao seu redor. Outros pontos negativos observados são que a bateria dura aproximadamente duas horas e o preço ainda está em patamar proibitivo, começando em US$ 3.499.

Mas vamos ao que interessa! E o impacto para as empresas que esta tecnologia pode gerar?

Entretenimento: Começando pelo óbvio, cinemas, streamings, notebooks e demais formas de entretenimento devem ser disruptados mais rápido do que imaginamos. Quando o preço for menos proibitivo, a tecnologia deve transformar a forma como consumimos conteúdos em imagem e vídeo, em uma experiência totalmente imersiva.

Captação de dados pelas empresas: Como a nova tecnologia é comandada pelos nossos movimentos, isso possibilita a coleta de dados pessoais e de comportamento de uma forma jamais vista. Afinal, nossos olhos e o comportamento da nossa pupila é um mapa de emoções e ações que podem indicar o que vamos sentir e fazer. Isso pode parecer assustador num primeiro momento, mas é a mais pura realidade que está por vir.

Painéis de estilo e consultoria personalizada: Já existem empresas que estão explorando a novidade. Lowe's e J.Crew são exemplos de companhias que foram pioneiras em lançar aplicativos para o novo software visionOS. O aplicativo J.Crew Virtual conecta clientes com estilistas especialistas da J.Crew por meio do Facetime usando o recurso SharePlay. Da mesma forma, o Lowes Style Studio permite aos usuários criar painéis de estilo e compartilhá-los facilmente via iMessage. Desta maneira, a forma de comprar roupas pode mudar completamente, com a possibilidade de experimentar modelos, fazer combinações e reunir estilos de forma totalmente nova.

Oferta omnicanal exclusiva: O Vision Pro apresenta uma nova opção omnicanal ao permitir compras contínuas diretamente do dispositivo. Por exemplo, a elf Cosmetics integra habilmente esse conceito no design do aplicativo, incentivando os usuários a explorar suas ofertas e, ao mesmo tempo, incorporando o Apple Pay na jornada do cliente. É a integração de canais elevada a um novo patamar.

Experiências imersivas e emocionais: A tecnologia imersiva oferece experiências hiper-realistas, permitindo que as marcas mergulhem os clientes em ambientes realistas, transmitindo a sua essência e criando ligações emocionais com os clientes. Por exemplo, a plataforma de comércio eletrônico de luxo Mytheresa eleva a experiência de compra ao posicionar suas listas de produtos de alta qualidade em locais como Paris e Capri, criando uma jornada luxuosa e rica em experiências sensoriais para os compradores.

Experiências aprimoradas da vida real: A fusão dos mundos físico e digital facilita a exploração de produtos em um ambiente pessoal, representando um avanço significativo na tecnologia de realidade aumentada. Essa experiência permite que os usuários visualizem itens em sua escala real e dentro de um espaço, o que é especialmente valioso na área de decoração. Por exemplo, a Wayfair lançou o aplicativo Decorify, que aproveita a câmera 3D integrada do Vision Pro. Os usuários podem tirar uma foto do seu espaço, e o aplicativo gera simulações de transformações do ambiente, permitindo a colocação de móveis e decoração 3D diretamente no espaço. Esses itens são perfeitamente vinculados ao catálogo, permitindo que os usuários explorem as listas de produtos e os adicionem de forma conveniente ao carrinho para compra.

Embora o futuro do Vision Pro permaneça indefinido, é crucial que as marcas o considerem como tecnologia emergente e avaliem como as suas capacidades para compras omnicanal podem se integrar de forma significativa nas estratégias existentes entre canais.

*Andrea Rios é especialista em Omnichannel, vendas e marketing, fundadora da Orcas e professora convidada no MBA da Fundação Getulio Vargas