Cocriando o Futuro

Por Marco Stefanini

Marco Stefanini é fundador e CEO Global do Grupo Stefanini, referência em soluções digitais


O 5G é, sem dúvidas, o grande habilitador da IA generativa — Foto: Getty Images
O 5G é, sem dúvidas, o grande habilitador da IA generativa — Foto: Getty Images

Em uma era em que os celulares são mais do que simples devices, mas parte do nosso corpo e da nossa vida, resolvendo a vida pessoal, financeira e profissional, já é possível projetar que no futuro essa integração será total e completa. Essa realidade futurista e disruptiva que vamos presenciar de forma concreta nos próximos anos já pode ser vislumbrada com soluções que estão em desenvolvimento graças à junção da conectividade de alta performance do 5G com cloud, Inteligência Artificial generativa, IoT, computação de borda (edge computing), entre outras aplicações.

A partir da interconectividade proporcionada pela internet de quinta geração, os setores da economia farão intercâmbio constante de dados, o que levará à consolidação de um ecossistema único. Segmentos como saúde, bancos, seguros, agronegócio, além de governos e muitos outros, terão mais facilidade para criação de novos modelos de negócio e de aplicações que, na verdade, já são desenvolvidos e estão em andamento, mas que serão potencializados com o uso do 5G e da IA generativa. Costumo dizer que essas tecnologias são uma combinação explosiva (no bom sentido), capaz de exponenciar uma série de projetos.

Essa junção vai acelerar muito a operacionalização das soluções que o mercado já desenvolve. De acordo com dados do Gartner, companhias de capital de risco, por exemplo, investiram mais de US$ 1,7 bilhão em soluções de IA generativa nos últimos três anos, com destaque para descoberta de medicamentos por meio de IA e codificação de software de IA. Segundo a consultoria, até 2025 existe a expectativa de que mais de 30% de novos medicamentos e materiais sejam sistematicamente descobertos a partir de técnicas de IA generativa.

O 5G é, sem dúvidas, o grande habilitador da IA generativa e, de acordo com o Gartner, permitirá aplicações, já nos próximos anos, em design de medicamentos; na ciência de materiais para áreas automotiva, aeroespacial, de defesa, médica, eletrônica e de energia; design de chips; dados sintéticos de pacientes e design de partes, além de pesquisa e análise.

O motivo para isso é que o 5G permite que as empresas automatizem seus processos e tarefas e ainda usem dados para tomadas de decisão mais assertivas, levando a mais produtividade e eficiência. Isso tudo porque a internet de quinta geração permite o estabelecimento de redes mais seguras e confiáveis, bem como uso de soluções de segurança com autenticação biométrica, arranjos potenciais para aprimoramento das operações corporativas, ajudando as empresas a se manterem competitivas na economia digital e mais resilientes ciberneticamente.

Atualmente, o ChatGPT é o grande expoente da IA Generativa para o grande público, mas esse movimento deve crescer e aparecer sem precedentes, modificando as relações. Segundo o Gartner, o marketing e a mídia já vivenciam os impactos da IA generativa e, até 2025, 30% das mensagens de marketing enviadas por organizações de grande porte serão geradas sinteticamente. Para efeito de comparação, em 2022, esse número era inferior a 2%. As estimativas vão além: até 2030, um filme (longa metragem) de grande sucesso será criado com mais de 90% de imagens geradas por IA (texto para vídeo).

São estimativas impressionantes, mas que apenas comprovam a grande revolução trazida pela junção de todas essas soluções: como detectar câncer com mais de 90% de acurácia; exames à distância com mais nitidez e precisão, graças à latência do 5G; conexão entre indústrias por meio de IoT e machine learning; criação de novos modelos para garantir seguridade para carros autônomos e outros equipamentos que exigirão robustez no tráfego de dados e armazenamento em cloud; digitalização completa de sistemas governamentais, como é o caso da Estônia, que já opera um sistema com essas características em constante desenvolvimento; segurança cibernética passando por atualizações em resposta às ameaças praticamente diárias; entre muitas aplicações.

Se hoje soluções revolucionárias como essas já são possíveis, o futuro abre infinitas possibilidades para turbinar a inovação que já vem ocorrendo, gerar novos modelos de negócios e melhorar a vida das pessoas. A IA é uma tempestade que requer cuidado, mas que representa uma disrupção de verdade – não é apenas uma tendência ou moda.

* Marco Stefanini é fundador e CEO Global do Grupo Stefanini, multinacional brasileira referência em soluções digitais.

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