50 + vida e trabalho

Por Maria Tereza Gomes


 — Foto: Getty Images
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Tenha um propósito na vida. Quem tem um propósito vive mais. Quem tem um propósito encontra motivos para levantar pela manhã. Tenho quase 100% de certeza que você já ouviu ou leu frases como essas por aí. Elas costumam impactar em qualquer idade, mas calam fundo após os 50, quando tomamos consciência de que temos mais passado do que futuro. Sabemos que o prazo de validade no emprego formal está acabando, que os filhos cresceram, que o casamento não está lá essas coisas e, pior, que não existe um plano B. Daí bate o desespero de encontrar um novo (ou velho) motivo para ser feliz às segundas-feiras. Mas, afinal de contas, como descobrir o tal propósito? Por Deus, onde ele se esconde?!

Peter Drucker, o pai da administração moderna, falecido em 2005, certa vez escreveu que a maioria de nós passa a vida inteira sem descobrir sua razão de existir. Mas há quem diga que é possível encontrar seu propósito. Chip Conley, um dos fundadores da MEA (Modern Elder Academy), que se intitula a primeira escola do mundo a ensinar a sabedoria da meia-idade (‘midlife wisdom', no inglês), é um deles. "A meia-idade não é uma crise. É um chamado", diz Conley, que é autor de vários livros, entre eles "Learning to Love Midlife: 12 Reasons Why Life Gets Better with Age" (em português "Aprendendo a amar a meia-idade: 12 razões por que a vida fica melhor com a idade"), lançado em janeiro nos Estados Unidos.

A MEA promete ajudar as pessoas de meia-idade - fase que, na concepção da escola, "é uma maratona que dura desde os 30 e poucos anos até os 70" - a encontrar seu propósito. Os cursos, como "Navigating Transitions" e "Cultivating Purpose", podem ser feitos presencialmente (Santa Fé, nos Estados Unidos, ou Baja, no México) ou de forma remota. A mensagem da escola é que, mais do que ver esta fase da vida como uma mera transição entre a juventude e a velhice, é hora de reconhecer o seu significado e potencial de transformação. Use a meia-idade para reimaginar, recriar, refletir e para crescer, do jeito que achar que tem que ser, sem influências externas. Resumindo: deveríamos nos ver como borboletas saídas dos casulos, capazes de polinizar o mundo com nossa sabedoria.

A busca de propósito para a MEA requer um repensar a vida, com especial atenção a quatro frentes:

●Vida física: se teremos mais tempo na terra do que pensávamos, o que faremos com o tempo que temos pela frente?

●Vida emocional: como podemos nos reconciliar com nossas emoções? Como podemos investir em nosso bem-estar social?

●Vida mental: como podemos usar nossa história para construir o futuro?

●Vida profissional: ao sair da linha de produção corporativa, como permanecemos influentes e impactantes?

Se você ainda tem dúvidas sobre o poder do propósito, peço reforço a duas pesquisas. A primeira, feita na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, descobriu que quando as pessoas tinham um propósito, sentiam menos solidão e tinham um estilo de vida mais saudável, se cuidavam mais. A segunda, da Universidade de Sussex, na Inglaterra, concluiu que quando os líderes demonstram um propósito claro – visão, compromisso com as partes interessadas e uma moral forte –, os seus colaboradores são mais felizes e mais produtivos. Ou seja, ter um propósito é bom para você, mas também para as pessoas à sua volta.

*Maria Tereza Gomes é jornalista, mestre em administração de empresas pela FEA-USP, CEO da Jabuticaba Conteúdo e mediadora do podcast “Mulheres de 50”

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