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Apesar dos avanços em tecnologias e pesquisas nas últimas décadas, o câncer continua sendo uma das maiores causas de morte no mundo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10 milhões de pessoas por ano perdem a vida por causa da doença. Os cânceres de mama, pulmão e cólon estão entre os tipos mais comuns.
A OMS também destaca que as taxas de mortalidade por câncer estavam caindo antes de 2020, mas a pandemia causou um grande atraso no diagnóstico e tratamento para muitas pessoas, resultando em uma piora dos indicadores.
Mas há boas notícias. Segundo o Fórum Econômico Mundial, diversos avanços científicos estão surgindo buscando revolucionar os tratamentos contra o câncer. Desde novos medicamentos que atacam os tumores com alta precisão até o uso de inteligência artificial para acelerar o diagnóstico, as novas técnicas buscam oferecer mais alternativas aos pacientes, além de perseguirem o objetivo maior no longo prazo: tornar o câncer uma doença curável, como tantas outras.
Selecionamos sete inovações científicas que prometem acelerar o tratamento contra o câncer. Confira a seguir.
Injeção de sete minutos
O Serviço Nacional de Saúde (NHS) da Inglaterra será o primeiro no mundo a fazer uso de uma injeção para tratamento do câncer que leva apenas sete minutos para ser administrada. O medicamento, Atezolizumab ou Tecentriq, trata alguns tipos de câncer, incluindo pulmão e mama.
A novidade representa uma mudança muito grande para os pacientes. Atualmente, o tempo para tomar o mesmo medicamento por infusão intravenosa é de até uma hora. Segundo o NHS, espera-se que a maioria dos 3.600 pacientes do país que recebem o medicamento atualmente optem pela mudança para o novo método.
Biópsia líquida
Também na Inglaterra, milhares de pacientes com suspeita de câncer de pulmão estão fazendo exames de sangue para identificar tanto a doença, quanto os tratamentos específicos indicados para cada caso. Chamado biópsia líquida, o teste procura variações genéticas para auxiliar nas decisões dos médicos sobre tratamento, e já é usado em outros países, incluindo o Brasil, apesar de pouco difundido.
De acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, a técnica pode oferecer informações bem específicas sobre o tipo do câncer. No futuro, a expectativa é que o exame possibilite uma intervenção médica precoce, o que, para muitos cânceres, é o fator determinante no sucesso do tratamento.
Inteligência artificial contra o câncer
![— Foto: Vithun Khamsong/Getty Images](https://cdn.statically.io/img/s2-epocanegocios.glbimg.com/Ze7oeeFDxPtAq_Xd1fkXH1rKf4A=/0x0:2309x1299/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_e536e40f1baf4c1a8bf1ed12d20577fd/internal_photos/bs/2024/o/9/cKjXoZSm2CbFzB3UT5sw/epoca-ia-medico.jpeg)
Na Índia, o Centre for the Fourth Industrial Revolution tem utilizado tecnologias emergentes como a inteligência artificial (IA) e a aprendizagem de máquina para transformar o combate ao câncer. Uma das ferramentas utilizadas pelos pesquisadores consegue, através do uso da IA, gerar um perfil de risco do paciente, o que pode ajudar a rastrear cânceres comuns, como o de mama, levando ao diagnóstico precoce.
A tecnologia de IA também pode ser usada para analisar raios-X a fim de identificar a doença em locais onde até mesmo os especialistas podem ter dificuldade de identificar.
Segundo comunicado, esses são apenas dois exemplos de um total de 18 aplicações que os cientistas do local têm testado para o uso da IA para ajudar em diagnósticos e tratamentos contra o câncer.
Veneno da cascavel
No Brasil, um estudo conduzido pelo Instituto Butantan, com a colaboração de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), descobriu que uma das toxinas que compõem o veneno da cascavel, a crotoxina, tem efeito modulador sobre o sistema imune na presença do câncer.
A ação da toxina sobre os macrófagos, células de defesa do organismo, indica um caminho possível para futuras imunoterapias, segundo informações da Agência Fapesp.
“Este é o primeiro trabalho demonstrando como uma única administração de crotoxina interfere na reprogramação de macrófagos, favorecendo o perfil mais desejado quando há a instalação do tumor, pois controla eventos da progressão tumoral”, afirma Camila Lima Neves, primeira autora do trabalho.
Terapia com células CAR-T
Esse tratamento faz com que as células imunológicas 'procurem e matem' as células cancerígenas, e foi recentemente anunciado como um sucesso para pacientes com leucemia. A terapia com células CAR-T envolve a remoção e alteração genética de células imunológicas, chamadas células T, de pacientes com câncer. Essas células alteradas produzem, então, proteínas chamadas receptores de antígenos quiméricos (CARs) - que por sua vez, reconhecem e podem destruir células cancerígenas.
Na revista Nature, cientistas da Universidade da Pensilvânia anunciaram que duas das primeiras pessoas tratadas com terapia com células CAR-T ainda estão em remissão 12 anos depois.
Medicamento reduz risco de câncer de mama
Um medicamento que pode reduzir pela metade a probabilidade de as mulheres desenvolverem cancro da mama está sendo testado pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS) da Inglaterra. O remédio será disponibilizado a quase 300 mil mulheres consideradas como estando em maior risco de desenvolver a doença.
A droga, chamada anastrozol, reduz o nível de estrogênio produzido pelas mulheres, bloqueando a enzima aromatase. Ele já é usado há muitos anos no tratamento do câncer de mama, mas agora foi reaproveitado como um medicamento preventivo.
Diagnóstico mais cedo do câncer de pâncreas
O câncer de pâncreas é um dos cânceres mais mortais, especialmente porque ele raramente é diagnosticado antes de começar a se espalhar, e tem uma taxa de sobrevivência inferior a 5% em cinco anos. Mas pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, em San Diego, desenvolveram um teste que identificou 95% dos cânceres pancreáticos em estágios ainda iniciais.
A pesquisa, publicada na Nature Communications Medicine, explica como os biomarcadores nas vesículas extracelulares – partículas que regulam a comunicação entre as células – foram usados para detectar câncer de pâncreas, ovário e bexiga nos estágios I e II.