Ailton Krenak: 'Educação não se reduz a letramento'

O ativista indígena Ailton Krenak, imortal da ABL, é um dos destaques do segundo e último dia do Festival LED - Luz na Educação, realizado pela TV Globo e pela Fundação Roberto Marinho, em parceria com a Editora Globo.

Por — Rio de Janeiro


Ailton Krenak, imortal da Academia Brasileira de Letras. Mariene Lino/CBN
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O imortal da Academia Brasileira de Letras Ailton Krenak afirmou que os incêndios no Pantanal e as enchentes no Rio Grande do Sul são exemplos do "desaparecimento de paisagens", em meio ao agravamento da crise climática. O ativista indígena é um dos destaques do segundo e último dia do Festival LED - Luz na Educação, realizado pela TV Globo e pela Fundação Roberto Marinho, em parceria com a Editora Globo.

Krenak participou do painel "Educação aqui e agora: criando novos mundos com Ailton Krenak", no Museu do Amanhã, com mediação da jornalista Flávia Oliveira, comentarista da GloboNews e colunista do CBN Rio. O imortal da ABL destacou que é cada vez mais urgente a missão de restaurar ecossistemas e pensar nas pessoas mais afetadas pelas mudanças climáticas.

"Esses lugares, vamos tomar como referência os quintais, eles estão cada vez mais sendo desaparecidos. É uma experiência de desaparecimento da paisagem. Aí você olha e não tem mais nada aqui, tem outra coisa. Tem lama, tem prédio, tem estrada, ferrovia, rodovia, hidrelétrica, usina nuclear. Nós estamos precisando entrar num trabalho gigantesco que é de restaurar os ecossistemas. Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Floresta Amazônica, onde os nossos parentes já estão bebendo água com mercúrio."

Ailton Krenak ressaltou que, no mundo contemporâneo, é preciso pensar a educação além da escola e fortalecer a ancestralidade.

"Nós não podemos reduzir a educação a esse conceito ocidental de letramento, de ensinar a pessoa a apertar o botão e produzir aquilo que o Paulo Freire chamava de educação bancária. A gente tem que evitar a educação bancária. Toda vez que tem uma mudança na coisa de serviço da educação, alguém introduz alguma novidade, tipo um laptop, um celular, uma telona, um não sei o quê. Eu não estou dizendo que não tem que investir em tecnologia da educação. Mas me parece que as pessoas mais interessantes do mundo foram educadas no quintal das suas casas, nas suas aldeias."

Outros participantes da 3ª edição do LED são os influenciadores Felipe Neto e Pequena Lo, que debatem "a responsabilidade por trás da chuva de likes: como os criadores de conteúdo influenciam a sociedade?". À tarde, o humorista Fábio Porchat, apresentador do programa "Que História É Essa, Porchat?", no GNT, conversa com professores inspiradores: Mário Sergio Cortella, comentarista da CBN; o ex-BBB João Luiz Pedrosa; e Lavínia Rocha, escritora e palestrante.

Para fechar o dia, às 19h, o cantor Simoninha faz um show no Museu de Arte do Rio, que, ao longo do dia, tem oficinas e debates.

O Festival LED traz debates e discussões sobre o universo da educação. Nesse ano, os principais temas são tecnologia, crise climática e saúde emocional. O LED tem transmissão ao vivo no Canal Futura e no Globoplay, para assinantes e não assinantes.

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