![Quantidade de estrelas no céu n��o costuma ser vista nas grandes cidades por conta da poluição luminosa — Foto: Reprodução/Instagram @astroturismoparquesbr](https://cdn.statically.io/img/s2-casavogue.glbimg.com/NF7pMSbCdSZaMFl5altdp9ErcWA=/0x0:1080x1098/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2023/n/A/x1YeydSJmP9wrk1IvDrQ/astroturismo-3-.png)
A vontade de observar melhor as estrelas, astros, eclipses e outros fenômenos que acontecem no céu tem feito cada vez mais pessoas viajarem para locais que ofereçam condições melhores que as grandes cidades para o astroturismo, modalidade de viagem que vem ganhando adeptos pelo país. Desde 2021, o Parque Estadual do Desengano, a 260 quilômetros ao norte do Rio de Janeiro, foi reconhecido pela International Dark-Sky Association (IDA) como o primeiro "parque de céu escuro" da América Latina.
![No cume da Pedra do Desengano, ponto mais alto do primeiro Dark Sky Park do Brasil, foi possível reconhecer até Júpiter e Urano — Foto: Reprodução/Instagram](https://cdn.statically.io/img/s2-casavogue.glbimg.com/Rf3t9iEvi-GjRNfM4_0ACnMhgK4=/0x0:1080x735/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2023/Y/A/jX8ZAsS5evKC4MqiTDuQ/astroturismo-1-.png)
Os integrantes do Astroturismo nos Parques Brasileiros, que organiza atividades públicas de observação dos astros em parques, contam como funciona a prática, quais as condições necessárias para uma boa observação e o que atrai viajantes para a experiência. A iniciativa teve início como um projeto de pesquisa na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ganhou apoio do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), Secretaria de Ambiente e Sustentabilidade do estado (SEAS-RJ) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Para conseguir ver as estrelas de forma mais abrangente, é preciso estar longe das luzes artificiais das cidades. "A poluição luminosa, que é o excesso de iluminação artificial que o ser humano produz, acaba tendo um impacto muito negativo na observação astronômica. Quando as pessoas nas grandes cidades olham para o céu, conseguem contar meia dúzia de estrelas, pois a luz excessiva ofusca as mais fracas", comenta o astrônomo e doutor em astrofísica Daniel Mello, coordenador do projeto, em uma live explicativa sobre o tema.
![Telescópio permite ampliar a experiência que se teria a olho nu — Foto: Reprodução/Instagram](https://cdn.statically.io/img/s2-casavogue.glbimg.com/0AHABTSQmy64BJZcDYvNIFzyWic=/0x0:1080x956/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2023/N/o/GFNzXBTNWUllq6k4JWHA/astroturismo2.png)
A observação - que pode ser feita a olho nu ou com telescópio - acaba sendo um pouco melhor em regiões mais afastadas dessas luzes, como parques e regiões menos povoadas. "O turista se desloca para locais com céus mais escuros para poder contemplar o céu. É um tipo de turismo de experiência", explica à Casa Vogue o astrofotógrafo e CEO do NightSky.com, Igor Borgo.
"É muito incrível o que a gente consegue observar num céu muito escuro a olho nu. As (galáxias) Nuvens de Magalhães e Andrômeda, em locais muito escuros são facilmente visíveis a olho nu. E com uso de telescópio, é possível ver objetos ainda mais tênues. A astrofotografia permite, com a câmera, captar muito mais detalhes que os nossos olhos, sendo também uma ferramenta interessante", vibra.
![As constelações da via Láctea avistadas em Sana, região serrana do município de Macaé (RJ,) — Foto: Reprodução/Instagram](https://cdn.statically.io/img/s2-casavogue.glbimg.com/mW3CZsmOAH7BfB6pfSnAZnqLmNs=/0x0:1080x829/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2023/4/j/1en7F9SFWTdxRVGkDoFw/astroturismo-2-.png)
Ele cita as regiões do país onde as condições são consideradas melhores. "No Rio de Janeiro os dois locais mais escuros são Santa Maria Madalena e a parte alta do Parque Nacional de Itatiaia. A 'meiuca' do Brasil, que abrange norte de Goiás, sul de Tocantins, norte e noroeste de Minas Gerais e oeste da Bahia são locais muito bons, porque é a densidade populacional ali é muito baixa, quase não tem cidades grandes".
Geralmente, os interessados passam a noite nestes lugares, observando o céu. O astrofotógrafo lembra que o cerrado e a caatinga, biomas das regiões citadas, também contam a favor: apesar do céu escuro, a Amazônia, por exemplo, acaba não oferecendo as mesmas condições para a prática de astroturismo pela quantidade constante de nuvens e chuvas, que compromete a visualização.
![Quanto menos poluição luminosa de luzes artificiais, melhor para ver as estrelas — Foto: Reprodução/Instagram @igorborgo](https://cdn.statically.io/img/s2-casavogue.glbimg.com/7JviUeCEGC1yYf5bVEwe6dhwuWg=/0x0:849x913/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2023/P/f/MzPBV0Qtu90msQsDjHCQ/astroturismo-4-.png)
A prática do Astroturismo é mais avançada em países como Chile, Portugal, Estados Unidos e Austrália - mas vem ganhando adeptos por aqui, com roteiros começando a aparecer, assim como agências oferecendo a modalidade. "O Brasil tem muito potencial para desenvolver essas atividades e sua exploração econômica, principalmente para a formação de geração de mão-de-obra diferenciada nesse turismo de conhecimento, de experiência", acredita Daniel Mello.