Apartamentos

Por Maria Clara Vieira | Fotos Fran Parente/Divulgação | Vídeo Raphael Borges | Coordenação Rafael Belém


Por dentro de um apartamento em São Paulo repleto de curvas, design e arte

Por dentro de um apartamento em São Paulo repleto de curvas, design e arte

Após 16 anos vivendo no exterior, em capitais como Buenos Aires, Lisboa e Londres, o casal Renato e Emily – ele, brasileiro, ela, americana – decidiu voltar para São Paulo com as duas filhas. “Queríamos um apartamento para colocar abaixo e reconstruir”, conta o engenheiro civil que trabalha no mercado financeiro. Era final de 2019 quando ele veio ao Brasil e encontrou o imóvel ideal em um prédio da década de 1990, na Vila Nova Conceição. “Minha esposa estava em Londres, grávida de seis meses da nossa segunda filha. Mostrei o apartamento por Zoom para ela”, lembra.

Com vista privilegiada para a cidade, o living integrado, com piso de basalto da Pedras Bellas Artes, exibe móveis desenhados exclusivamente pelo escritório para o projeto, a exemplo dos sofás  (junto às paredes), da mesa de centro e do painel de ônix retroiluminado (à esq.), e, em primeiro  plano, a cadeira de madeira vintage Bodo, de Svante Skogh, no Studio Schalling, seguida  do banco Siri (centro), design Claudia Moreira Salles para a Etel, das mesinhas cilíndricas Soap  Column, de Sabine Marcelis, e, na extensão, abaixo do quadro de Roberto Burle Marx (à esq.),  canto de descanso formado pela chaise Rio, de Anna Maria e Oscar Niemeyer, ao lado do  revisteiro Dé, de Pascali Semerdjian, ambos na Etel, e luminária de piso Akari BB3-33S, design  Isamu Noguchi para a Vitra – ao fundo, o paisagismo da varanda é de Rodrigo Oliveira — Foto: Fran Parente
Com vista privilegiada para a cidade, o living integrado, com piso de basalto da Pedras Bellas Artes, exibe móveis desenhados exclusivamente pelo escritório para o projeto, a exemplo dos sofás (junto às paredes), da mesa de centro e do painel de ônix retroiluminado (à esq.), e, em primeiro plano, a cadeira de madeira vintage Bodo, de Svante Skogh, no Studio Schalling, seguida do banco Siri (centro), design Claudia Moreira Salles para a Etel, das mesinhas cilíndricas Soap Column, de Sabine Marcelis, e, na extensão, abaixo do quadro de Roberto Burle Marx (à esq.), canto de descanso formado pela chaise Rio, de Anna Maria e Oscar Niemeyer, ao lado do revisteiro Dé, de Pascali Semerdjian, ambos na Etel, e luminária de piso Akari BB3-33S, design Isamu Noguchi para a Vitra – ao fundo, o paisagismo da varanda é de Rodrigo Oliveira — Foto: Fran Parente
Na sala de jantar, sobre o piso de carvalho-europeu, da Oscar Ono Paris, repousa a mesa desenhada exclusivamente pelo Pascali Semerdjian, acompanhada por cadeiras  vintage de Erik Buck, no antiquário sueco Studio Schalling, e, na  parede, revestida de réguas de concreto executadas pela  Tresuno, escultura de madeira de Frans Krajcberg – tudo sob a  laje de concreto original do edifício, de onde pendem as luminárias Prop Light, de Bertjan Pot, da Moooi — Foto: Fran Parente
Na sala de jantar, sobre o piso de carvalho-europeu, da Oscar Ono Paris, repousa a mesa desenhada exclusivamente pelo Pascali Semerdjian, acompanhada por cadeiras vintage de Erik Buck, no antiquário sueco Studio Schalling, e, na parede, revestida de réguas de concreto executadas pela Tresuno, escultura de madeira de Frans Krajcberg – tudo sob a laje de concreto original do edifício, de onde pendem as luminárias Prop Light, de Bertjan Pot, da Moooi — Foto: Fran Parente
Em primeiro plano, jogo de cores e texturas formado por diferentes estruturas de concreto: a laje original do edifício e as réguas que revestem as paredes – ao fundo, entrada da adega com porta de pau-ferro — Foto: Fran Parente
Em primeiro plano, jogo de cores e texturas formado por diferentes estruturas de concreto: a laje original do edifício e as réguas que revestem as paredes – ao fundo, entrada da adega com porta de pau-ferro — Foto: Fran Parente

Fechado o negócio, confiaram o novo lar ao escritório dos arquitetos Domingos Pascali e Sarkis Semerdjian. “Vimos na internet um projeto feito por eles e gostamos muito da abordagem”, afirma Emily. “Como já tínhamos vivido em muitas casas, sabíamos o que queríamos. O Renato até criou um manifesto com o lado filosófico da obra”, revela.

A sala de almoço exibe marcenaria de freijó e bancada de concreto, de onde surge a mesa em balanço, rodeada por banquetas High Chair K65, de Alvar Aalto, da Artek — Foto: Fran Parente
A sala de almoço exibe marcenaria de freijó e bancada de concreto, de onde surge a mesa em balanço, rodeada por banquetas High Chair K65, de Alvar Aalto, da Artek — Foto: Fran Parente
Outro ângulo da sala de almoço mostra a marcenaria planejada  de freijó, com estante, prateleiras e sofá ao  redor da janela – tudo desenhado pelo Pascali Semerdjian — Foto: Fran Parente
Outro ângulo da sala de almoço mostra a marcenaria planejada de freijó, com estante, prateleiras e sofá ao redor da janela – tudo desenhado pelo Pascali Semerdjian — Foto: Fran Parente

A quebradeira, como os proprietários se referem à reforma, começou em 2020. Eles só não imaginavam a pandemia que viria a seguir. “Tínhamos alugado um apartamento no Itaim Bibi para acompanhar tudo, mas não conseguimos voltar ao Brasil”, explica Renato. E foi assim que o primeiro ano da renovação transcorreu para a família: a um oceano de distância, via chamadas de vídeo e telefone – empreitada que deu certo graças à fina sintonia com o escritório de arquitetura escolhido.

A bancada de trabalho no quarto principal, composta por escrivaninha  de freijó, cadeira Rodrigo, design Pascali Semerdjian para a Etel, luminária de mesa Riddle Double, da Bert Frank, e, na parede, fotografia de Luiza Lavorato — Foto: Fran Parente
A bancada de trabalho no quarto principal, composta por escrivaninha de freijó, cadeira Rodrigo, design Pascali Semerdjian para a Etel, luminária de mesa Riddle Double, da Bert Frank, e, na parede, fotografia de Luiza Lavorato — Foto: Fran Parente

“O apartamento tem geometria pouco convencional. Tiramos partido disso e conseguimos espaços harmônicos”, afirma Domingos Pascali. A planta de 376 m² foi reorganizada para acolher o estilo de vida dos moradores, com área íntima generosa, sala de TV, sala de almoço e quarto de brinquedos. Na ala social, enormes panos de vidro exibem paisagismo repleto de folhagens e, ao fundo, o skyline da metrópole. “Aproveitamos as varandas para ter um jardim denso, mas que deixa a cidade aparecer, além de fazer o papel de cortinas”, comenta Pascali.

Closet com banheiro compartilhado pelas duas filhas do casal – durante a reforma, a redistribuição dos cômodos revelou uma tubulação do chão ao teto que não poderia sair dali, então os arquitetos tiraram partido da estrutura para criar um porta-objetos com suportes para acomodar pequenos brinquedos — Foto: Fran Parente
Closet com banheiro compartilhado pelas duas filhas do casal – durante a reforma, a redistribuição dos cômodos revelou uma tubulação do chão ao teto que não poderia sair dali, então os arquitetos tiraram partido da estrutura para criar um porta-objetos com suportes para acomodar pequenos brinquedos — Foto: Fran Parente

Iluminação, aliás, foi tema de primeira importância. No living e no quarto do casal, por exemplo, eliminaram-se os pontos elétricos do teto. Quando a noite cai, luminárias de piso e parede entram em cena e propõem uma atmosfera de tranquilidade. “Os forros são limpos. Quase não temos luz direta. É nosso lugar de recarregar as baterias”, aponta Renato. Uma das exceções está na sala de jantar, onde pendentes de Bertjan Pot A causam forte impacto visual. Trazidos da Europa, os lustres viajaram ao lado de outros itens escolhidos pelo casal com a ajuda e curadoria dos arquitetos. “As cadeiras de jantar vieram de fora, assim como as mesinhas laterais e as poltronas do living”, diz Sarkis Semerdjian.

No banheiro do casal, mármore Branco Paraná, da Pedras Bellas Artes, reveste todas as superfícies e, na parede, espelho com moldura de cobre, nicho e cuba foram desenhados pelo escritório — Foto: Fran Parente
No banheiro do casal, mármore Branco Paraná, da Pedras Bellas Artes, reveste todas as superfícies e, na parede, espelho com moldura de cobre, nicho e cuba foram desenhados pelo escritório — Foto: Fran Parente

A composição se completa com mobiliário de design autoral brasileiro e arte contemporânea. Tudo disposto em ambientes que tiveram a arquitetura pensada nos detalhes. “Esse projeto é um exemplo de como um resultado feliz é 50% mérito dos proprietários. Eles sempre estimularam nossa imaginação e a busca por soluções. E, como era pandemia, passei a ter muito tempo para desenhar”, pondera Semerdjian. Além de mobiliário solto e de peças fixas, os profissionais assinam até as réguas de concreto que revestem as paredes.

Outra presença marcante é o teto rústico. “Conseguimos aumentar o pé-direito deixando exposta a laje original. Ela faz contraponto com a delicadeza dos demais materiais”, reflete Pascali. O conjunto da obra foi certeiro. “O resultado nos surpreendeu em vários níveis. Ficou acima das expectativas”, conclui Renato. “Conseguimos unir fluidez, amplitude, vista maravilhosa e sensação de alívio, de respiro”, acrescenta Emily. “Isso em uma cidade como São Paulo é fundamental.”

*Matéria originalmente publicada na Casa Vogue de maio. Garanta a sua aqui

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