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Arquitetura

A arquitetura nos filmes de Alfred Hitchcock

Os suspenses icônicos do diretor inglês são acompanhados de construções tão singulares quanto seus roteiros

audima
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29/11/2016
audima


Autor de uma grande fatia dos clássicos do cinema, Alfred Hitchcock se consagrou como o papa do suspense. A estética do gênero fica bem clara na mente de alguns, claro, porque Psicose logo vem à tona quando o nome do diretor inglês é citado. Porém, para além dos diálogos elaborados, estrutura de enredo e jogo de câmera, Hitchcock usa e abusa da arquitetura em seus filmes para auxiliar as suas histórias.

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O que poucos sabem é que antes de se consagrar como diretor de cinema, o mestre trabalhou como designer de set em uma produtora de filmes alemã. Contribuiu com cenários claustrofóbicos e expressionistas para o movimento Kammerspielfilm, que teve início em 1920 e se caracterizou, justamente, por privilegiar o ambiente às falas. Tal experiência contribuiu para o olhar apurado de Hitchcock aos detalhes que compunham os espaços. Todo esse background serviu para ele construir os próprios universos.

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A predileção por enredos domésticos é outro fator que ajuda na perfeição da ambientação dos filmes, como em Janela Indiscreta (1954) e Intriga Internacional (1959). O uso constante de closes pede um cuidado maior com a concepção e produção de objetos. Esses, por sua vez, sempre apresentam uma conotação arquitetural: portas, janelas, chaves, pesos de porta e cadeados são habitués. As escadas também são bem conhecidas de Hitchcock, como a quintessência de seus filmes, capazes de fragmentar um take em mini universos visuais interessantes.

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Outra ode à arquitetura que Hitchcock faz nos seus longas é a escolha de monumentos nacionais como pano de fundo para cenas icônicas, como o British Museum, a estátua da liberdade, o Monte Rushmore e a ponte Golden Gate. Aqui, as construções aparecem sempre como uma entidade maior que o personagem, brincando com a perspectiva das pessoas em cena e o ambiente que as contorna, em um confronto do corpo humano com o corpo concreto.

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Sem contar as casas Vitorianas, quase que presença obrigatória nas produções do diretor. Tudo, claro, com uma decoração que privilegia objetos escuros, estátuas, quadros com retratos e espelhos, o que auxilia no molde do gênero de suspense. O mistério, portanto, não fica só nas linhas do roteiro, mas em toda a concepção visual, que, nas mãos de Alfred Hitchcock, ganha vida própria e aparece como um personagem inanimado dentro dos filmes, tão importante quanto o protagonista. Muitas vezes até mais. Uma homenagem à história da arquitetura de forma sutil e inteligente.

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