• Ana Beatriz Hoffert
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Ocupando cinco andares do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo, a exposição Movimento Armorial 50 anos celebra arte, encontros musicais e conversas sobre o movimento responsável pela valorização das artes populares nordestinas, liderado pelo dramaturgo e romancista Ariano Suassuna. Com cerca de 140 obras de arte espalhadas pelo local, outros nomes importantes que aparecem por lá são Francisco Brennand, Gilvan Samico e Aluísio Braga.

Exposição em homenagem aos 95 anos de Ariano Suassuna estreia em Julho no CCBB (Foto:  )

Obra Onça Caetana (Foto: divulgação)

Já na entrada da exposição, no quarto andar do CCBB, os visitantes são recebidos pela Onça Caetana, elemento cenográfico inspirado nos desenhos de Suassuna, e que é a grande anfitriã da exposição. Com curadoria de Denise Mattar e coordenação geral de Regina Rosa de Godoy, a mostra é organizada em núcleos, onde em cada um deles traz à tona a diversidade de trabalhos e tradições da cultura popular sertaneja.

Exposição em homenagem aos 95 anos de Ariano Suassuna estreia em Julho no CCBB (Foto:  )

Pe. Cícero Romão (Tríptico), 1974 - Óleo sobre tela

"A exposição é fiel à proposta de Ariano Suassuna, apresentando às novas gerações o trabalho pioneiro e engajado do autor, mostrando como ele propunha uma volta às raízes brasileiras, com profundo respeito à diversidade, às tradições de negros, índios e brancos, mas apresentando tudo de forma mágica, lúdica, e plena de humor — um humor que faz pensar", afirma a curadora.

A imersão começa na sala Ariano Suassuna, Vida e Obra, com uma cronologia completa da vida do autor. Vídeos, livros e manuscritos foram expostos para mostrar a fertilidade criativa do mestre. 

Logo em seguida, os figurinos das obras sertanejas são os principais protagonistas do núleo. Réplicas dos figurinos do Palhaço, Diabo, João Grilo, e Emanoel - personagens icônicos da cultura nordestina, foram recriados especialmente para a exposição pela figurinista Flávia Rossette, enquanto partes do longa-metragem de 1969, A Compadecida, inspirado na obra O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, são exibidas para o público. 

Já no segundo andar, o mergulho é no Movimento Armorial, dando ênfase nas particularidades de suas diferentes fases: Fase Experimental (1970-1974), que marcou seu inicio, e entre os artistas plásticos desse período estão Aluísio Braga, Fernando Lopes da Paz, Miguel dos Santos, Fernando Barbosa e Lourdes Magalhães, e a a Segunda Fase, que foi até os anos 2000.

“Ao promover uma retrospectiva dos 50 anos do Armorial, a exposição deixa claro que a poética do Movimento idealizado por Ariano Suassuna continua viva e fecunda, indicando uma direção que vem sendo seguida por artistas de mais de uma geração, cada um deles percorrendo o seu próprio caminho", diz Carlos Newton Júnior, um dos consultores da exposição e especialista na obra de Suassuna.

Além de dar ênfase na literatura, teatro, música, dança e artes visuais, a partir de agosto, uma série de eventos denominados Conversas sobre a Arte Armorial e Espetáculos de Música Armorial entra na programação em paralelo à exposição. Imperdível!