• 01/10/2017
  • Por Paula Jacob
Atualizado em
6 filmes com cenários megalomaníacos (Foto: Reprodução)

Cena de 'Barry Lyndon', dirigido por Stanley Kubrick (Foto: Reprodução)

Construir a ambientação de um filme não é algo que se faz da noite para o dia, claro. Contudo, existem diretores, equipes de arte e set design que incorporaram com tamanha garra a história que fizeram verdadeiros milagres para dar vida às narrativas. Confira abaixo seis filmes com produções estrondosas e resultados impressionantes:

E MAIS: Cinema e arquitetura: 13 filmes e suas construções emblemáticas

Cleopatra (1963)

High-angle crowd scene from the film, 'Cleopatra,' directed by Joseph Mankiewitz, 1963. (Photo by 20th Century Fox/Courtesy of Getty Images) (Foto: Getty Images)
6 filmes com cenários megalomaníacos (Foto: Reprodução)

Dirigido por Joseph L. Mankiewicz, este filme quase faliu a 20th Century Fox. Isso porque ele tinha um orçamento de US$ 2 milhões, mas acabou custando quase US$ 31 milhões. O problema com as contas surgiu por conta da locação, antes planejada inteira em Londres. Após seis meses de preparação e gravação, o inverno deteriorou todas as construções, obrigando a equipe procurar por uma alternativa. Sem contar a busca e manutenção caríssima de plantas exóticas, incomuns ao ambiente britânico. A saída foi reconstruir tudo do zero em Roma, transformando o sonho do diretor em fazer o filme ainda maior do que o estipulado previamente. O resultado foi um fórum romano três vezes maior do que o original, fazendo com que o governo italiano comunicasse uma falta de materiais de construção na época. Apesar de todo o custo, Cleópatra rendeu 57 milhões de dólares de bilheteria e venceu nas categorias de fotografia, direção de arte e figurino no Oscar de 1963.

LEIA AQUI: A influência da moda no cinema

Harry Potter (2001-2011)

6 filmes com cenários megalomaníacos (Foto: Reprodução)
6 filmes com cenários megalomaníacos (Foto: Reprodução)

Um marco tanto na literatura quanto no cinema, a saga criada por J.K. Rowling é simplesmente fantástica. Para dar vida aos ambientes e lugares mágicos, Stuart Craig foi responsável pela produção de set de todos os filmes, inclusive pela tradução física do Ministério da Magia, da Câmara Secreta e da mansão Malfoy. Mesmo com locações externas, como o trem da Glenfinnan Viaduct (Escócia), os castelos The Northumberland e Alnwick Castle, e o Leadenhall Market, boa parte dos ambientes foi construída dentro do estúdio da Warner Bros., em Londres (aberto para visitação dos fãs). Para tanto, 588 sets foram montados ao longo dos 10 anos de gravações, por uma equipe de 86 artistas e outros membros de logística e engenharia. Se você somar as horas de trabalho por cada um desses trabalhadores, levaria 74 anos para uma única pessoa montar todo o universo de Harry Potter.

VEJA MAIS: As 16 melhores árvores de Natal do cinema

Titanic (1997)

6 filmes com cenários megalomaníacos (Foto: Reprodução)
6 filmes com cenários megalomaníacos (Foto: Reprodução)

James Cameron adora criar universos megalomaníacos, vide Titanic e Avatar. O clássico romance de Jack (Leonardo DiCaprio) e Rose (Kate Winslet) foi um marco no cinema não só pela impressionante bilheteria, que superou dois bilhões de dólares, mas também pelo ambicioso set design. Gravado no México, o filme tem o navio (claro!) como grande ícone da história e ele foi (acredite) remontado em tamanho real, apenas 10% menor do que o original, afundado em 1912. Além disso, uma dobradiça em sua extensão permitiu as gravações na perpendiculares após o acidente com o iceberg. O mar, por sua vez, foi incorporado no mesmo espaço, dentro de um tanque de mais de 250 metros preenchido de água do mar.

Acompanhe A Arte do Cinema também no Instagram

DESCUBRA: 25 famosas locações do cinema

O Grande Hotel Budapeste (2014)

O Grande Hotel Budapeste (Foto: Reprodução)
O Grande Hotel Budapest (Foto: Divulgação)

Wes Anderson talvez seja o diretor mais preciso com os cenários de seus filmes. Não usar CGI o fez criar uma técnica impressionante de “casa de boneca” para conseguir gravar os takes sem interrupção. Em O Grande Hotel Budapeste, Wes trabalhou com Adam Stockhausen (mesmo de Moonrise Kingdom) para recriar os interiores de uma loja de departamentos de cinco andares em Gorlitz, na Alemanha. O local estava abandonado, o que facilitou a reforma. Contudo, os espaços foram montados, desmontados e montados novamente para criar as ambientações de cada tempo da história, uma entre 1920 e 1930, e a outra nos anos 1960.

AINDA: Descubra a paleta de cor dos filmes icônicos
 

Senhor dos Anéis (2001-2003)

6 filmes com cenários megalomaníacos (Foto: © Rhys Palmer/Herald on Sunday )
6 filmes com cenários megalomaníacos (Foto: Reprodução)

Uma área de quase 5 mil metros quadrados na região de Waikato, na Nova Zelândia, se transformou no set da trilogia baseada nos livros de J. R. R. Tolkien. 37 casas de Hobbit, um moinho e a famosa ponte de arco duplo foram construídos no espaço. Contudo, Grant Major, produtor de design, resolveu plantar flores e vegetais em toda a extensão um ano antes do começo das gravações para deixar a ambientação o mais real e natural possível. Tudo teve de ser aprovado com o exército neozelandês.

VEJA AQUI: 11 filmes para entender melhor a história da arte

Barry Lyndon (1975)

6 filmes com cenários megalomaníacos (Foto: Reprodução)
6 filmes com cenários megalomaníacos (Foto: Reprodução)

Talvez este seja o filme mais Kubrick possível. E se você pensa que Barry Lyndon é “só mais um filme de época”, se engana. Afinal, Stanley Kubrick e a palavra “só” não combinam na mesma frase. Este belíssimo longa metragem foi inspirado no livro The Luck of Barry Lyndon, de William Makepeace Thackeray, e traz cenas impressionantes. Para tanto, Kubrick ao lado de seu time de fotografia e direção de arte mergulharam no universo das pinturas europeias de 1700, buscando referências e estudando a vida de pintores como Gainsborough, Hogarth, Constable e Johann Joseph Zoffany. O resultado é um compilado de takes que parecem verdadeiras obras de arte, minuciosamente pensadas. Os planos abertos, o figurino e o set design constroem a sensação de os atores não estarem apenas atuando, mas sim vivendo o universo de Barry Lyndon. Além disso, Kubrick queria dar o mesmo efeito das telas que tinham personagens próximos de janelas, com a luz natural iluminando o ambiente. Para tanto, o diretor insistiu em gravar todas as cenas noturnas apenas usando luz de velas e as diurnas com a luz natural. Na época, sem opções de lente ou tecnologia para tal, Kubrick encomendou para a Nasa a lente Carl Zeiss Planar 50mm f/0.7, usada na missão Apollo para capturar as imagens da lua e, logo, ser capaz de gravar com pouquíssima luz.

LEIA TAMBÉM: Bastidores dos filmes de Stanley Kubrick viram livro

Quer acessar mais conteúdos da Revista Casa Vogue? Baixe já o nosso aplicativo, disponível também no Globo Mais. Nele você tem acesso a reportagens exclusivas e às edições das melhores publicações do Brasil. Cadastre-se agora e experimente 30 dias grátis.