• 03/03/2019
  • Por Carlos Messias | Produção Natália Martucci | Fotos Gui Gomes
Atualizado em
Os donos do bloco: conheça 6 paulistanos que arrasam no Carnaval de rua (Foto: Gui Gomes)

ROBERTO MAFRA — Banda do Fuxico
Fundado em 2001, a banda do Fuxico foi o primeiro bloco LGBTI da capital paulista. “Somos cada vez mais um movimento de resistência”, diz o coreógrafo maceioense Roberto Mafra, criador do Fuxico, que no ano passado reuniu 45 mil pessoas. Marchinhas com conteúdo machista ou homofóbico são proibidas. “Cabeleira do Zezé e Maria Sapatão não entram de jeito nenhum!”, avisa. Este ano, a agremiação terá Leão Lobo como padrinho de bateria e sairá no domingo que antecede o carnaval, do Largo do Arouche. Nos meses seguintes, o Fuxico funciona como uma ONG que realiza projetos, entre cursos de capacitação profissional e oficinas culturais, voltados para minorias. Roberto mora na casa de 160 m² no bom retiro onde funciona a sede da ONG. Concentração: domingo (16/2), a partir das 12h, no Largo do Arouche. 

Os donos do bloco: conheça 6 paulistanos que arrasam no Carnaval de rua (Foto: Gui Gomes)

MARIANA KRAEMER — Acadêmicos do Baixo Augusta
O Acadêmicos do Baixo Augusta se tornou o maior bloco do pré-carnaval paulistano e reuniu 1,3 milhão de pessoas no ano passado. Tudo começou em 2009, quando um grupo de amigos se reuniu em Paraty para o casamento do arquiteto Guillaume Sibaud, do escritório Triptyque, com a jornalista Sandra Soares. Batucando na mesa de uma pizzaria, os convidados – incluindo a designer de interiores Mariana Kraemer, o apresentador Leo Madeira e o secretário municipal de cultura de São Paulo, Alê Youssef – idealizaram o bloco que chega à 11ª edição com o tema Viva a Resistência, novamente com Alessandra Negrini como madrinha de bateria. Mariana acompanhou de perto o revigoramento do carnaval paulistano, que iniciou em 2013. “Temos orgulho de contribuir com essa renovação”, comemora ela, que vive em um apartamento térreo, com 3,5 metros de pé-direito e porta-balcão para o jardim do prédio, em Higienópolis. Concentração: domingo (16/2), a partir das 14h, na esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista. baixoaugusta.org.br

Os donos do bloco: conheça 6 paulistanos que arrasam no Carnaval de rua (Foto: Gui Gomes)

Victor Gurgel — Blókõkê
Neste bloco, o público canta no microfone clássicos de karaokê como Borbulhas de Amor, Fogo e Paixão e Menina Veneno, acompanhado por banda de apoio e bateria com 30 músicos. Criado por ex-alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, entre eles Victor Gurgel , o Blókõkê chega ao seu quarto carnaval. “É uma organização horizontal, não tem uma diretoria. Todos participam das decisões”, explica Victor, um dos fundadores. “A proposta de ocupar os espaços públicos é um contraponto a esse caminho que a cidade está tomando, de as pessoas viverem sempre entre muros”, avalia o arquiteto. Ele reformou o apartamento onde mora, num prédio no bom retiro, com sua mulher, a cenógrafa Amanda Vieira. “Eu gosto mais da arquitetura moderna, brutalista, enquanto ela consegue enxergar composições mais variadas. temos linguagens diferentes e tentamos encontrar uma expressão em comum”, define Victor. 

Os donos do bloco: conheça 6 paulistanos que arrasam no Carnaval de rua (Foto: Gui Gomes)

Raphaela Barcalla — Tarado Ni Você
Com músicas de Caetano Veloso, o bloco Tarado ni você saiu pela primeira vez em 2013, no Minhocão, e reuniu 7 mil foliões. No ano passado, conduziu mais de cem mil pessoas pelo seu já tradicional percurso, que começa na clássica esquina da Rua Ipiranga com a Avenida São João – clara homenagem ao autor de Sampa – e termina no Theatro Municipal, passando por prédios de Oscar Niemeyer, Artacho Jurado e Jacques Pilon. “Sempre proporcionamos uma experiência que mostra a pluralidade de São Paulo”, define Raphaela Barcalla, uma das fundadoras. Quando não está na rua nem em sua empresa, a Ava Produções, Raphaela se refugia em seu apartamento num prédio da década de 1950, em Perdizes. Devido à geografia fértil e em alto relevo do bairro, a produtora de elenco desfruta da vista para um entorno pacato e arborizado. “Eu me sinto em uma cidade do interior”, comenta. Concentração: sábado (22/2), a partir das 10h, na esquina da Rua Ipiranga com a Avenida São João. @blocotaradonivoce

Os donos do bloco: conheça 6 paulistanos que arrasam no Carnaval de rua (Foto: Gui Gomes)

Cris Naumovs — Bloco Do Apego
Em 2016, a diretora de arte e dj Cris Naumovs inscreveu um bloco na prefeitura voltado para os funcionários da empresa onde trabalhava. Como a firma perdeu o interesse, ela mesma foi para as ruas do Baixo Pinheiros com o Bloco do Apego, que toca músicas brasileiras em companhia do DJ Zé Pedro. “É uma emoção ver um monte de gente na rua. É uma forma sensacional de ocupação da cidade”, comenta Cris. No ano passado, o cortejo reuniu 4 mil pessoas e neste ano sairá no dia 9 de março da Rua Fernão dias, em Pinheiros. Recentemente, ela se mudou para um apartamento na avenida São Luís. “Morar no Centro nos permite conviver com uma realidade para a qual você fica blindado quando vive na bolha de alguns bairros”, diz ela. Concentração: sábado (29/2), a partir das 14h, na Rua Fernão Dias, em Pinheiros. @blocodoapego

Os donos do bloco: conheça 6 paulistanos que arrasam no Carnaval de rua (Foto: Gui Gomes)

Beth Beli — Ilú Obá de Min
Há 14 anos nas ruas e hoje com bateria formada por 450 mulheres, o Ilú Obá de Min é pioneiro em levar a militância negra e feminista ao carnaval paulistano. No dia 1º de março, o bloco sairá da Praça da República, com a apresentação Negras Vozes – Tempos de Alakan!, que homenageia todos os movimentos negros femininos desde 1968. Em sua tradicional parada no Theatro Municipal, será lida a carta que, há 40 anos, no mesmo local, selou o nascimento do movimento negro unificado no brasil. “O bloco permite conhecer a riqueza do continente africano em várias esferas”, explica a arte-educadora Beth Beli, fundadora, diretora artística e regente do Ilú. “Muitas mulheres negras desconhecem as próprias raízes porque isso é ofuscado pela nossa cultura”, complementa ela, que adorna sua casa, no bairro Casa Verde, com artigos afro-brasileiros, como tambores e bancos que fazem referência à fauna africana. iluobademin.com.br

Os donos do bloco: conheça 6 paulistanos que arrasam no Carnaval de rua (Foto: Gui Gomes)

Mariana Bastos — Pagu
Apenas em seu quarto ano nas ruas, o Pagu já é um fenômeno do Carnaval paulistano. Em 2018, reuniu 25 mil pessoas em cortejo apoteótico pelo itinerário com ares de city tour entre o Páteo do Colégio e o largo São Francisco. “O Centro tem a cara da cidade e das pessoas que criaram o bloco. É um espaço muito democrático, onde se vê de tudo”, diz a cineasta Mariana Bastos, uma das criadoras do Pagu. Também com a proposta de promover o empoderamento feminino, o bloco cresceu de 50 para 130 mulheres na bateria, que acompanham as cantoras Bárbara Eugênia e Raquel Tobias interpretando clássicos da música brasileira eternizados por vozes femininas. “O Carnaval é quando a mulher mais sofre assédio. E 90% das baterias são formadas por homens. Então criamos o bloco como um grito por equidade, para a mulher se vestir como quiser sem ser importunada”, diz Mariana, que define a decoração do apartamento onde mora, em Santa Cecília, como contemporânea com elementos vintage, como vitrola e cadeira retrô. Ela também destaca o projetor e o sistema de som: “É uma experiência de cinema dentro de casa”. @blocopagu


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