Arte
6 artistas que celebram o orgulho LGBTI+ através da arte
Da militância ao erotismo, artistas usam suas obras para celebrar a diversidade
4 min de leituraA arte sempre foi uma ferramenta potente de expressão. Dentro da comunidade LGBTI+, ela vai além: documenta lutas e opressões, retrata histórias cotidianas de amor e afeto e deixam mais uma marca de diversidade na história.
A seguir, seis artistas diversos falam sobre o orgulho LGBTI+ e como ele se manifesta em suas obras, da militância ao erotismo.
1. Christus Nóbrega
"Quando acesso as demandas LGBTQIA+, geralmente o faço por uma dessas três portas: a dos vestígios, do combate ou da celebração. Quando crio, percebo que estou sempre cruzando uma dessas portas, buscando material simbólico e estético por lá. Na porta dos vestígios, procuro por cicatrizes psíquica ou físicas em nossos corpos. No combate, investigo as lutas e estratégicas de confronto aos sistemas políticos, sociais e religiosos fóbicos vigentes. Na celebração, rememoro que nossa 'carne é de carnaval', e que a música, a dança, a moda, o sexo e outras alegorias estéticas de ode a alegria são importantes para nos fortalecer enquanto comunidade".
Instagram: @christusnobrega
2. Efe Godoy
"O ser queer é um ser que nasce para arte. Eu lembro quando era criança e minha madrinha me levou ao Rio de Janeiro, numa praia habitada por várious gêneres, e seus amigues colorides e felizes, exalando arte e vida. Eu saí dizendo 'tia, quero ser gay', ainda não sabendo das possibilidades existentes e nem quem eu era. Ela riu e perguntou 'por quê?'. Eu respondi: porque essas pessoas parecem ser tão felizes. Diversidade é tudo, e dentro da arte gera muito assunto a ser discutido. É vasta a gama de possibilidades e abordagens."
Instagram: @efegodoy
3. Marcelo Stockler
"Quando eu olho para minha própria infância eu vejo uma criança viada que foi acolhida para ser quem eu era. É desse universo que partem minhas memórias para desenhar outras, sejam de crianças viadas ou não, com toda a magia presente em nossos sonhos quando pequenos. Já no meu trabalho de fotografia, procuro expressar situações das quais eu vivi e faço parte enquanto uma pessoa LGBTQIA+. Esse orgulho também se encontra nos meus sonhos e desejos, sensibilidade e romantismo. Uma busca por um mundo igualitário onde todos nós possamos ser o que somos e nos amar em qualquer lugar sem medo."
Instagram: @marcelostockler
4. Ninfeia Ateliê
"O orgulho LGBTQIA+ está presente em minhas obras quando eu finalmente tive coragem de me retratar nelas, mostrando o meu corpo nu, sem nenhuma máscara social, tratando o homoerotismo com naturalidade e sem medo. Isso é muito importante para mim, pois cresci como um menino nitidamente gay em uma pequena e tradicional cidade do interior mineiro (São João del-Rei) e isso fez com que ao longo dos anos eu vivesse uma vida 'dupla', escondendo dos outros quem eu era ou poderia ser. E ninguém deve viver com medo, sem amor próprio, se diminuindo e inseguro apenas por ser quem realmente você é. Eu tive sorte e força, porque mesmo reprimindo grande parte da minha essência consegui me entender e me aceitar. Ocupar esse e outros espaços é muito importante, porque ainda hoje é tirado das pessoas LGBTQIA+, de uma forma velada ou não, a chance de serem vistas, respeitadas e amadas.
Instagram: @ninfeiaatelie
5. Ritchelly Oliveira
"Meu trabalho ganhou força e projeção após o término do meu primeiro relacionamento homoafetivo, no qual já vivia um drama familiar em casa pela minha sexualidade. Canalizei todo esse sentimento na minha primeira obra, que seria chamada “Lacunas, onde o intuito era falar sobre isso de um lugar subjetivo e individual. [...] Acho que só o fato de ser artista gay no país que mais mata LGBTQIA+ no mundo já é motivo de orgulho pela nossa resistência. Orgulho por ocupar tantos lugares através da arte, mesmo que com as dificuldades diárias. Espero que todo esse movimento inspire também outros LGBTs a irem atrás do seu espaço e, que principalmente saibam que novos caminhos também podem ser feitos através da nossa história."
Instagram: @ritchellyoliveira
6. Venus Santana
"No contemporâneo, o uso do termo queer e da arte queer vem se tornando mais comum, onde antes era uma resposta ao padrão binário de gênero, a opressão social ao diferente, conta a norma, o "excêntrico" ou "esquesito"; hoje é afirmação e representatividade de corpo político, de arte política. A arte queer é tão vasta e tão cheia de significados que às vezes nem se torna possível enumerar. Muitas vezes esquecemos que o corpo de quem faz a obra também é queer. Ele reflete direta ou indiretamente em sua obra. Arte queer ao meu ver é sobre construir autoconhecimento, construir autoestimas, entender, mergulhar, se expandir diante de si mesma, transcender para o outro de forma que aprendam a enxergar o corpo queer, e aqui um recorte ao corpo trans, na arte, como artista e obra e não relacionado a um meio de marginalidade e exclusão."
Instagram: @venusillus