• 01/05/2013
  • por Judith Pottecher; fotos Filippo Bamberghi
Atualizado em
  (Foto: Filippo Bamberghi)

Em perfeita sintonia com seu tempo, este projeto sintetiza o essencial em suas linhas e materiais. Uma casa que acolhe a vida, servindo na medida certa às necessidades do seu jovem proprietário. Leve, despretensiosa e fluida, suas poucas paredes integram o entorno sem erigir barreiras – muito pelo contrário. Suspensa no solo levemente em declive, ela abraça e prolonga a vista além dos seus limites, até uma pequena mata ciliar.

A residência, projetada entre 2009 e 2010 e construída em 2011, é uma obra da Nitsche Arquitetos.

A planta retangular desenvolve-se em um único nível implantado na parte mais elevada do terreno. Neste volume aéreo, quatro ambientes integram as áreas social (cozinha e estar), íntima (suíte) e funcional (serviço e despensa). O melhor partido tirado deste espaço se traduz na relação de suas aberturas, interior e exterior, que se complementam e se fundem. Qual atributo pode ser mais importante do que incorporar a vista, a vegetação e a linha do horizonte? São as grandes portas-painéis de vidro, que correm ao longo das fachadas e deixam a brisa, o ruído das árvores e os odores da mata entrarem e preencherem sutilmente os espaços.

Moldada no concreto deixado aparente, liso no piso e nas paredes e em forma de largos lambris no teto, a construção faz com que nos rendamos mais uma vez às qualidades e amplas possibilidades estéticas desse material.

  (Foto: Filippo Bamberghi)

A composição e o dinamismo da área de convivência tem peças fortes e cool, em sua maioria, objetos, mobiliário e obras de amigos designers e artistas, do próprio morador, Rodrigo Edelstein, e da “mão” de expert do designer Rodrigo Almeida. Os móveis criados por Almeida para a marca de Edelstein, a Meji, possibilitaram esse encontro, que tomou a forma de uma intervenção de interiores. Os painéis de azulejos pintados à mão delimitam e vestem os elementos da cozinha, integrando-a à sala com arte e bossa certeiras.

Uma mesa de pingue-pongue no centro deste espaço social é o elemento agregador, uma peça-chave de convívio. Permite juntar os amigos em torno de uma partida ou para dividir momentos de “boa mesa”, já que Edelstein também marca uns pontos na cozinha. Além das cadeiras e poltronas da coleção da Meji, destaca-se uma exclusiva daybed de aço inox e couro.

A suíte é acessada por um pequeno hall, e a cama, feita de blocos de cimento, ocupa o centro do ambiente, face à vista panorâmica. O armário é “fechado” por uma pintura do próprio Edelstein. O banheiro não foge à regra e adota a paisagem e a luz natural como partido desfrutado a todo momento. Impudico? Não, uma cortina pode barrar os olhares intrusos.

De notório, o trabalho de Rodrigo Edelstein na label recém-criada, a Meji, desenvolvido na Screens Metalúrgica, com participação ativa junto ao Instituto Girassol, em Cotia. Nessa grande casa, segunda casa de Edelstein, centenas de crianças são acolhidas com carinho e recebem suporte escolar, alimentação e outras atividades de lazer e capacitação. Nos dois espaços, ele vive no seu tempo, cercando-se do que mais gosta: harmonia, natureza, enfim, do luxo do tempo presente.

* Matéria publicada em Casa Vogue #332 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

  (Foto: Filippo Bamberghi)
  (Foto: Filippo Bamberghi)
  (Foto: Filippo Bamberghi)
  (Foto: Filippo Bamberghi)
  (Foto: Filippo Bamberghi)
  (Foto: Filippo Bamberghi)
  (Foto: Filippo Bamberghi)
  (Foto: Filippo Bamberghi)