De concreto e vidro, casa garante fluidez e sensação de liberdade (Foto: Cacá Bratke)

Detalhes dos prismas de concreto que compõem a residência 

Um potente mosaico de pedras portuguesas no fundo da piscina é o coração desta casa em Itu, no interior de São Paulo. A partir dele, pulsam – ou explodem, nas palavras do arquiteto Álvaro Puntoni – três unidades de concreto que setorizam as áreas íntimas, de estar e de serviços. O desenho foi traçado por ele e por João Sodré, ambos à frente do Grupo SP, ao lado de André Nunes, que integrava o escritório na época do projeto. Os clientes buscavam um refúgio para passar os fins de semana longe da correria da capital paulista, onde trabalham de terça a quinta-feira. Dentro de um condomínio, o terreno de 3.300 m² soma 775 m² construídos.

De concreto e vidro, casa garante fluidez e sensação de liberdade (Foto: Cacá Bratke)

Paisagismo assinado por Tomás Rebollo

O imóvel ocupa um lote em declive, em uma esquina, situação desafiadora que exigiu uma abordagem bastante precisa do trio. “Demos muita atenção à privacidade. Normalmente, as pessoas olham para os vizinhos. Aqui, queríamos que os moradores se vissem, fossem seus próprios vizinhos”, conta Puntoni. Daí a implantação com três blocos voltados para o centro e priorizando os vazios. Concreto, vidro e aço tornam-se mais leves por meio de linhas contemporâneas tributárias do modernismo. Na linguagem do Grupo SP, elas delineiam soluções que prezam a liberação de amplos vãos para ambientes de convivência. “A casa é o vazio, e o vazio é a casa. Assim a descrevemos. Acho bonito pensar que arquitetura é a formação de um mundo a partir de tudo o que existe e que se sabe”, prossegue.

"Os interiores receberam mobiliário brasileiro, em um décor sem excessos. A ideia é deixar que a vida se encarregue, aos poucos, de preencher os espaços"

 
De concreto e vidro, casa garante fluidez e sensação de liberdade (Foto: Cacá Bratke)

Sobre tapete da Botteh, o living exibe sofá Cozy, de Baba Vacaro (com almofada da Artefacto Beach & Country), mesa de centro Matriz, de Jader Almeida para a Sollos, e poltrona e pufe Mole, de Sergio Rodrigues, tudo na Dpot – o bufê de concreto desenhado pelo Grupo SP acomoda luminária da Reka

No nível inferior, a varanda coberta é um desses espaços livres e com poucos elementos. Quem está lá, em dias de festa, tem acesso à piscina e ao jardim. “Há o deleite visual em relação à edificação e à praça de águas, definida pela piscina. Mas tão importante quanto isso é valorizar os lugares onde a vida acontece, onde você se relaciona coma paisagem. Eles, os vazios, dão sentido a tudo”, pontua.

De concreto e vidro, casa garante fluidez e sensação de liberdade (Foto: Cacá Bratke)

Sala de jantar com mesa Aero, de Silvio Romero, e cadeiras Bossa Palha, de Jader Almeida para a Sollos, tudo na Dpot, sob luminária da Reka – o centro de mesa é de Jacqueline Terpins, na Dpot Objeto

Com rampas planejadas para que o casal a habite definitivamente, sem problemas de acessibilidade, a residência abraçará o futuro de seus donos. Também considerando os próximos anos, o arquiteto paisagista Tomás Rebollo povoou o jardim com árvores frutíferas e ipês-amarelos. Estrategicamente posicionadas perto da passarela, as árvores florescem e dão sombra nos meses quentes. No inverno, as folhas caem e o sol aquece a passagem. “O paisagismo, de certa maneira, é tão relevante quanto a estrutura”, afirma Sodré.

De concreto e vidro, casa garante fluidez e sensação de liberdade (Foto: Cacá Bratke)

A cadela Milly olha para as rampas que interligam com suavidade os blocos de estar e dos quartos, revestidas por pedras portuguesas e ladrilho hidráulico da Ladrilho Saltense

Na decoração, o mobiliário brasileiro dialoga como concreto e o aço. O living exibe poucas (e essenciais) peças. “Deixamos para que o tempo e as vivências da família apontem, sem pressa, o que é necessário”, fala Puntoni. Enquanto muitos tentam preencher rapidamente as lacunas, aqui o convite é completá-las como desenrolar da vida. Uma arquitetura que cede a vez ao ser, que estimula a experiência, e não a acumulação.

De concreto e vidro, casa garante fluidez e sensação de liberdade (Foto: Cacá Bratke)

Cozinha com armário e estante modular Brasiliana, ambos da Securit: a última prateleira revela, da esq. para a dir., vaso branco de Heloisa Galvão, na Dpot Objeto, tigela de cerâmica Craca Marítima, da Rosalva Arte, e panela preta da região do Triângulo Tukano, AM, ambas na Feira na Rosenbaum

De concreto e vidro, casa garante fluidez e sensação de liberdade (Foto: Cacá Bratke)

O primeiro pavimento acomoda a cozinha social, ligada à varanda coberta, com piso de pedras portuguesas e armários da Securit – os vasos de cerâmica sobre a mesa e a bancada são da LuLi Ateliê para a Feira na Rosenbaum

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"No futuro, a casa de veraneio deverá tornar-se o endereço definitivo dos donos, que encamparam a circulação por rampas pensando na acessibilidade"