Por dentro da casa de Wanderley Nunes, o cabeleireiro das celebridades

Por volta das 11h da manhã de uma sexta-feira qualquer, o cheiro de comida já se espalhava pela casa. “Deixei esta costela cozinhando no forno por 36 horas, a 92 graus. Temperei só com sal grosso, depois embrulhei 10 vezes no celofane e 12 no alumínio.” A frase precisa poderia ser de um chef de cozinha experiente, mas não – quem conta é Wanderley Nunes, cabeleireiro querido pelas celebridades e proprietário dos salões Studio W.

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O almoço seria entregue para um famoso apresentador de televisão – agrado que costuma fazer com frequência para os amigos mais chegados, quando não os recebe na casa recém reformada no bairro Jardim Europa, em São Paulo, onde mora há cerca de sete meses.

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O olfato já havia dado a dica, mas a visão também não deixa dúvidas de que ele é um apaixonado por gastronomia. Logo que se entra na residência de 400 m², a ampla cozinha com duas bancadas cinza, toda aberta para a sala de estar, é, sem dúvidas, a protagonista. E quem a projetou conhecia bem esse segundo talento: Drielly Nunes, arquiteta e filha de Wanderley.

“Tudo era fechado, escuro, com janelas pequenas. Reforcei a estrutura e  removi as paredes para trazer bastante iluminação natural e amplitude para a cozinha, lugar que ele mais gosta”, conta ela, lembrando que o pai inclusive se mudou durante a obra e participou muito. “Uma vez cheguei aqui e ele estava soldando a lareira junto com o serralheiro. Ele coloca mesmo a mão na massa!”, recorda-se Drielly.

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Quando está cozinhando, Wanderley tem uma visão completa do que acontece ao seu redor: um dos lados do ambiente integrado acomoda a mesa de jantar de Joaquim Tenreiro, com cadeiras de tecido laranja de Jorge Zalszupin e, do lado oposto, está a sala de TV com sofá caramelo da NOS Furniture e uma adega climatizada para 600 vinhos, outro xodó do proprietário.

Ao centro da bancada, os mais VIPs podem se sentar nas banquetas dos Irmãos Campana e garantir algumas colheradas do que o “cabeleireiro-chef” prepara na hora. “Amo cozinhar, sou um autodidata. Acho que isso herdei da minha mãe, que cozinhava para fora quando viemos de Maringá para São Paulo. Quando eu tinha 10 anos, ela fazia as marmitas e eu saía vendendo”, recorda-se. As tesouras, no entanto, vieram do lado do pai. “Ele foi criado por uma família em que os homens eram cortadores de cabelo. São cinco gerações – e eu sou o último”, explica.

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Livros de gastronomia ocupam nichos e as geométricas estantes de aço desenhadas por Drielly, que vieram da antiga casa, mas é no mobiliário e também nas paredes que se observa outros hobbies do cabeleireiro. Peças dos anos 1950, 1960 e 1970 predominam no décor, algumas assinadas por designers icônicos e outras anônimas, garimpadas em viagens. Elas dividem espaço com fotografias, a maioria clicada por ele mesmo. Várias, inclusive, foram parar em museus mundo afora.

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A agenda lotada de clientes não atrapalha a mente criativa de Wanderley Nunes. “Às vezes ele me liga tarde da noite e fala: filha, estou pensando em fazer um móvel assim, o que você acha? Daí eu pergunto porque ele não está descansando e ele me responde que ama isso, que é descanso, um escape”. Não à toa, ele se prepara para inaugurar sua mais nova empreitada nos próximos meses, nada relacionado ao segmento beleza. “Vai misturar várias coisas que gosto. Estou bastante animado”, adianta.

Entre uma foto e outra para esta reportagem, enquanto os clientes já o esperavam no salão, Wanderley ainda aproveitou para preparar um nhoque ao molho bechamel - e com direito a massa fresca, feita ali em apenas cinco minutos. Se já era aclamado como hairstylist, podemos confirmar que na cozinha ele também manda muito bem: massa no ponto, tempero perfeito. E porque não abrir então um restaurante? “Só não abro porque os concorrentes vão dizer que tem cabelo na comida!”, brinca.

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