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Conheça 4 criativas que estão repensando o lugar da mulher no mercado de trabalho
Kenia Maria, Gabriela Amaral, Eliane Dias e Fabi Saad abrem suas casas e compartilham suas opiniões
4 min de leituraEstas quatro figuras estão derrubando barreiras e liderando movimentos de tomada de poder e abriram seus lares e compartilharam suas visões de mundo à Casa Vogue. Com ações cotidianas, elas inspiram a rotina de outras pessoas Brasil afora. Confira, a seguir, as entrevistas com a atriz, escritora e roteirista Kenia Maria; a cineasta Gabriela Amaral; e as empresária Eliane Dias e Fabi Saad.
![Conheça 4 criativas que estão repensando o lugar da mulher no mercado de trabalho (Foto: Giovana Schluter)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/euEbr7t0s6nvXm9BZ59qvgCxk9E=/smart/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2019/05/29/conheca-4-criativas-que-estao-repensando-o-lugar-da-mulher-no-mercado-de-trabalho-01.jpg)
KENIA MARIA
Aos 18 anos, Kenia Maria já sabia qual seria seu norte: responder à pergunta “que lugar o negro ocupa na sociedade brasileira?”. Desde então, seja como atriz, escritora, roteirista, mãe ou como a primeira pessoa do mundo a ser nome da defensora dos direitos das mulheres negras pela ONU, ela segue questionando, provocando e construindo cada vez mais respostas possíveis para a indagação inicial.
Atualmente, sente-se em casa no Brooklyn, em Nova York, onde passa uma temporada com os dois filhos. Juntos, eles têm percorrido um circuito de escolas e universidades para apresentar a série Tá Bom Pra Você?, hit do YouTube que há sete anos debate a inclusão racial no Brasil. Destas conversas, surgem novos projetos, e os três continuam aprendendo, em família.
Aliás, prender junto é a tradução do que ela acredita ser a maternidade: “Nossa relação é de amizade. Somos três adultos negros conhecendo este lugar, experimentando a vida em outro país. Muito mais do que ensinar, eu troco demais com eles.” De lar novo, ela vive o desafio de chefiar sozinha a família no exterior. É mais uma das histórias que Kenia escreve com as próprias mãos. E com sucesso.
![Conheça 4 criativas que estão repensando o lugar da mulher no mercado de trabalho (Foto: Camila Svenson)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/TzIi3rHVCHdnEdfXUkDY19dbFjs=/smart/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2019/05/29/conheca-4-criativas-que-estao-repensando-o-lugar-da-mulher-no-mercado-de-trabalho-04.jpg)
GABRIELA AMARAL
“Ser cineasta e mulher é uma equação difícil. E não é pela falta de talento ou sensibilidade”, diz Gabriela Amaral, diretora baiana que teve dois longas-metragens, O Animal Cordial e A Sombra do Pai, ocupando as salas de cinema do país em um intervalo de menos de um ano. Um adendo: dois filmes de terror, tipicamente dirigidos por homens.
Para quem pergunta a razão de as mulheres só agora terem chegado ao cinema de gênero, ela traz a resposta na ponta da língua: “O sistema patriarcal reserva para os homens os lugares de status e dinheiro. Somos as pioneiras na literatura de gênero, mas, no cinema, ainda mais no Brasil, sei que sou uma exceção. E quero ser cada dia menos exceção.” Suas principais inspirações vêm dos filmes que passavam na TV aberta e nas fitas VHS disponíveis nas locadoras de bairro, nas décadas de 1980 e 1990. Foi da mistura destas ficções com sua visão de mundo que surgiu o jeito de Gabriela traduzir seu olhar para as telas. Representatividade como possibilidade de formar novos públicos, cineastas e fortalecer o mercado nacional. É assim que ela pretende seguir fazendo cultura e cinema: na linha de frente e abrindo caminho.
![Conheça 4 criativas que estão repensando o lugar da mulher no mercado de trabalho (Foto: Camila Svenson)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/z3pS8mCPHbT59OYcXhIgGf8zbuA=/smart/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2019/05/29/conheca-4-criativas-que-estao-repensando-o-lugar-da-mulher-no-mercado-de-trabalho-03.jpg)
ELIANE DIAS
Uma das mulheres mais influentes do cenário sociocultural do país, Eliane Dias tem como ocupação principal o gerenciamento dos artistas da produtora musical Boogie Naipe, onde é CEO. É neste desafio que tem colocado boa parte de sua energia, sabedoria e vivência enquanto mulher negra, advogada, ativista, empresária e mãe de dois jovens. Do cotidiano na empresa, tira a certeza de que sua presença em uma posição de poder é forte, transformadora e balança as estruturas do que há de mais ultrapassado na sociedade brasileira.
“As pessoas já sabem quem vai chegar para a reunião. Uma mulher negra com a minha visão de mundo: uma visão interessada na situação política, na questão da educação, nas questões de raça e gênero”. Da formação em direito, ela traz as soft skills da escuta aberta e o respeito ao tempo de cada um. Da maternidade, a compreensão de que estamos passando por tempos difíceis e a necessidade de acolhimento e suporte à uma juventude que vem lutando para construir um futuro menos desigual. Como uma força da natureza, por onde Eliane passa, nada fica como antes.
![Conheça 4 criativas que estão repensando o lugar da mulher no mercado de trabalho (Foto: Camila Svenson)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/6Ql_m5PZTHVh8bw-NHNr1GYz7Ws=/smart/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2019/05/29/conheca-4-criativas-que-estao-repensando-o-lugar-da-mulher-no-mercado-de-trabalho-02.jpg)
FABI SAAD
Filha e neta de italianas, Fabi Saad aprendeu desde muito nova a importância da independência na vida das mulheres. De todas as mulheres. E foi com a intenção de abrir espaço para histórias de autonomia e sucesso para além dos estereótipos que a empresária começou, há dez anos, a espalhar estes exemplos e aprender cada dia mais com mulheres comuns. O resultado desta escuta está nos seus dois livros, Dicas de Mulheres Inspiradoras no Comando de Suas Carreiras e Mulheres Positivas – este último convertido, em parceria com Sofia Patsch, num canal de entrevistas em vídeo de O Estado de S. Paulo, com o mesmo objetivo de aproximar do público narrativas de liderança feminina.
Segundo ela, o mercado de trabalho ainda precisa mudar muito em relação ao lugar da mulher: “Apesar de termos grau de instrução maior, ocupamos mais cargos só até a média gerência. Daí para cima, somos vítimas de todos os tipos de julgamento. Da sociedade, que acha que se formos líderes, ambiciosas, não seremos boas mães, companheiras etc. E do quadro das empresas, que busca deslegitimar nossas habilidades e nossos conhecimentos o tempo todo”. Os desafios são enormes, mas Fabi acredita no poder dessa rede de inspiração e se dedica todos os dias para que ela dê cada vez mais frutos.
*Esta reportagem foi publicada na edição de junho da Casa Vogue.
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