• 23/10/2019
  • POR MARIANA CONTE
Atualizado em
Casa Vogue Experience 2019 (Foto: Deco Cury)

Os arquitetos Miguel Pinto Guimarães, Carol Bueno, José Luiz Lemos, Fernando Forte e Vinícius Andrade (Foto: Deco Cury)

“A arquitetura deve servir como ferramenta para o aprendizado das crianças”, assim começou a fala da arquiteta Carol Bueno, do Triptyque Architecture, na primeira palestra desta quarta-feira (23) de Casa Vogue Experience 2019. Além dela, o bate-papo contou com a presença de Fernando Forte, do FGMF, José Luiz Lemos, do Aflalo Gasperini, Miguel Pinto Guimarães, do MPGAA, e Vinícius Andrade, do Andrade Morettin — todos responsáveis por projetos de escolas em cidades brasileiras. O grupo discutiu o poder educativo do espaço físico e a importância de projetar integrando espaços internos e externos, para que as crianças aprendam além dos limites das salas de aula, nas áreas de convivência.

Carol compartilhou o conceito adotado no projeto da escola Concept, em São Paulo, que ressignificou um imóvel tombado da década de 1930. As áreas externas, com parques e marquises, são o grande destaque. “As crianças não aprendem só nas salas de aula. A ideia é que elas consigam aprender por todo o campus”, explica Carol. Mesmo os espaços internos possuem ampla flexibilidade para que as aulas sejam ministradas de forma horizontal e circular, sem um professor na frente e fileiras de alunos sentados. Outra solução que vale destaque, é o uso de madeira em todas as áreas novas. “Todas as partes novas aliam tecnologia e sustentabilidade, como o uso de madeira CLT (cross-laminated timber)”, disse. E as razões para o uso do material tem explicações além da eficiência construtiva. “Estudos desenvolvidos no Japão indicaram que a madeira pode ajudar a aumentar o desempenho de alunos em testes de inteligência, melhora o conforto e ajuda a relaxar”, completa a arquiteta.

Fernando Forte também destacou a importância da conexão entre os espaços internos e externos e ressaltou a relevância da escola que o FGMF projetou em Várzea Paulista, Jundiaí, SP, para a comunidade ao redor. “As áreas comuns da escola são usadas pela comunidade ao redor nos finais de semana e, como fica iluminada durante a noite, acaba servindo como referência espacial. Isso gera uma sensação de pertencimento, cria uma relação da comunidade com o tecido urbano e coloca a escola como centro da comunidade”, explica.

O espaço físico é o terceiro educador, dizia o pensador e educador italiano Loris Malaguzzi. O primeiro é o professor, o segundo são os coleguinhas e o terceito é o espaço físico”, compartilhou Vinicius Andrade. E completou: “Não só a arquitetura, com suas edificações, mas a cidade como um todo”. Ele ainda levantou a necessidade de construir a partir do diálogo. “Fazer projeto de escola... É impensável você chegar com um projeto pré-concebido. Deve ser um projeto construído no diálogo, negociado e transformado a muitas mãos”, finalizou.

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