• 03/11/2020
  • Por Guilherme Amorozo, diretor de conteúdo
Atualizado em
Criatividade é o tema da Casa Vogue de novembro (Foto: Ruy Teixeira | Estilo Adriana Frattini | Direção de Arte Thalita Munekata)

Criatividade é o tema da Casa Vogue de novembro (Foto Ruy Teixeira | Estilo Adriana Frattini | Direção de Arte Thalita Munekata)

Criatividade é um daqueles temas tão universais e essenciais a tudo o que cobrimos na Casa Vogue – arquitetura, design e arte, para ficar só em três áreas e, ao mesmo tempo, tão genérico e abstrato, que dedicar uma edição inteira a ele parecia-me, a princípio, uma temeridade. Como fugir do óbvio e trazer insight relevantes dentro de um âmbito já tão explorado por nós? As diversas respostas vieram comas pautas sugeridas por uma equipe incansável, manancial de ideias iluminadas.

A mais surpreendente, que definiu o norte deste número ao abordar a criatividade como ferramenta de adaptação biológica do ser humano – e, portanto, vital para nossa sobrevivência –, é a entrevista como professor e consultor Henrique Szklo (pág. 48), trazida ao papel pelo trio Marianne Wenzel, Thalita Munekata e Deco Cury. “Qual a origem da necessidade de criar?”, questiona Szklo. “A obrigação de nos adaptarmos a novas realidades. Freud já dizia que as pessoas só mudam quando o desconforto é maior do que o medo da mudança. ”Nada mais adequado: a urgência ou o desejo demudar, primeiramente, de casa, está na raiz de quase todo projeto residencial que publicamos. E um lar não se constrói sem uma boa dose de inventividade, seja de quem planeja o espaço, seja de quem o habita. 

É o que faz o “colecionador de ofícios” Ricardo van Steen, “atualmente” designer de móveis, segundo a história contada por Mariana Conte, Adriana Frattini e Ruy Teixeira (pág. 54). Poucos personagens simbolizam de maneira tão abrangente os efeitos positivos proporcionados pela mente quando não para de gerar ideias e colocá-las em prática. Não é o único caso, claro: os habitats do artista e babalorixá Moisés Patrício (pág. 42), da empresária Patrícia Cardim (pág. 70), da estilista Angela Brito (pág. 76) e do casal João Paulo Siqueira Lopes e Stephanie Wenk (pág. 84 e nossa capa) revelam outras tantas manifestações de espíritos empenhados em adicionar conceitos inéditos ao mundo.

O mesmo pode ser dito sobre os protagonistas da seção Persona do mês, As ruas não mentem (pág. 34), na qual Carlos Messias e Wesley Diego Emes mergulham nas particularidades de nove artistas autores de grafites, murais e instalações urbanas, formas de arte democráticas e acessíveis, que andavam há anos sumidas das páginas da revista. Estampando empenas, muros e outros locais públicos, suas obras são uma aula de adaptação da proposta estética de cada um ao contexto urbano peculiar onde se localizam. E adaptação, ensinou Darwin, é o que nos mantém vivos e em evolução até hoje. Boa leitura.

P.S.Neste mês nos despedimos da mais bem-sucedida editora digital que a Casa Vogue já teve.Amanda Sequin não é artista, não é visionária, não é maluca. Nem por isso deixa de ser uma das profissionais mais criativas (e determinadas) com quem já trabalhei. Vai deixar saudades.

Guilherme Amorozo
Diretor de conteúdo