• 23/07/2018
  • Texto Dudi Machado | Estilo Michael Bargo | Fotos Fran Parente/divulgação
Atualizado em
Jardins exuberantes cercam casa arquitetônica em SP (Foto: Fran Parente/divulgação)

Parte do majestoso jardim do paisagista Raul Pereira

Talvez seja romântico demais dizer que a união perfeita entre arquitetura, decoração e paisagismo define este extraordinário projeto. Mas, no caso, é o que acontece. A paixão dos proprietários e dos profissionais pelos respectivos métiers, levou a equipe envolvida a encontrar a melhor solução para cada cantinho.

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Jardins exuberantes cercam casa arquitetônica em SP (Foto: Fran Parente/divulgação)

No living, móveis de diferentes origens e épocas se combinam com destaque para a poltrona (anos 1920) de Pierre Chareau (à extrema esq.), próxima ao biombo de Charles Eames e de um abajur da Royal Copenhagen, e diante de mesa de centro do estúdio Olson Kundig, banqueta de Pierre Chareau e par de poltronas de Joaquim Tenreiro – o sofá duplo do Studio Mellone e a escrivaninha de Frank Lloyd Wright, com cadeira de Pierre Jeanneret, dividem o ambiente, que tem, ao fundo, tela de Elizabeth Neel, enquanto o tapete do Studio Mellone faz a conexão dos espaços

Uma residência onde a convivência com a arte, com o design e, especialmente, entre os membros do clã e seus amigos, foi o ponto de partida para o desenho, assinado pelo escritório Andrade Morettin.

Jardins exuberantes cercam casa arquitetônica em SP (Foto: Fran Parente/divulgação)

No detalhe do living, daybed de Mathieu Matégot com almofada de tapeçaria holandesa, acompanhadas de mesa lateral de Rick Owens com vaso francês de cerâmica (à esq.), e luminária de piso de Paavo Tynell (ao fundo

“A base foi o jardim: os paus-ferro gigantescos e as árvores já amadurecidas determinaram o resto”, explica a moradora. “Queríamos uma casa que fosse usada por toda a família, em sua totalidade. Academia, cinema, sala de jogos e de música foram feitas para aproximar, não isolar.

Jardins exuberantes cercam casa arquitetônica em SP (Foto: Fran Parente/divulgação)

Na sala de jantar, lustre de David Weeks, mesa de Jorge Zalszupin rodeada por cadeiras de Mies van der Rohe revestidas com tecido da Loro Piana, sobre tapete do Studio Mellone – ao fundo, o aparador de Claudia Moreira Salles sustenta escultura de Jonathan Cross, vaso de Eric Roinestad e conjunto de louça de prata vintage, debaixo de telas de John Henderson, na parede uma grande tela de Ned Vena (à esq.) ocupa a divisão entre o living e a entrada da ala íntima, antecedida por uma escada – no recorte da sala de estar, mesa triangular de Rick Owens postada entre as duas poltronas de Joaquim Tenreiro)

Os quartos são relativamente pequenos, porque todas as outras áreas chamam para o convívio”, completa o dono. Ambos dividem os mesmos interesses por arquitetura, arte e design, dos quais são colecionadores.

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Jardins exuberantes cercam casa arquitetônica em SP (Foto: Fran Parente/divulgação)

Uma grande tela de Ned Vena (à esq.) ocupa a divisão entre o living e a entrada da ala íntima, antecedida por uma escada – no recorte da sala de estar, mesa triangular de Rick Owens postada entre as duas poltronas de Joaquim Tenreiro

Um grande pavilhão, então, valoriza ao máximo a relação entre os 1.850 m² de área construída e o verde majestoso. A ampla plataforma pavimentada abriga com conforto o estar, a varanda, os espaços de lazer e a piscina. Delimitando o perímetro externo, a cobertura elevada dá o toque tecnológico à edificação.

Jardins exuberantes cercam casa arquitetônica em SP (Foto: Fran Parente/divulgação)

Rodeada de plantas e voltada para promover o convívio, a área externa exibe poltronas e sofás de William Haines, mesas de centro da Marmol Radziner Furniture e mesinhas redondas de Mathieu Matégot – os vasos e potes de Willy Guhl e as almofadas da Noschese & Chalabi dão charme ao décor

Leve, a estrutura se une como um quebra-cabeças de materiais leves e translúcidos, para formar a suave sombra exterior. “O desafio do design de interiores foi transformar essa arquitetura incrível em algo que serviria aos vários propósitos imaginados pela família. Transmitir calor sem perder a funcionalidade e, muito menos, a beleza”, diz Andre Mellone, arquiteto brasileiro radicado em Nova York responsável pelo décor do imóvel.

Jardins exuberantes cercam casa arquitetônica em SP (Foto: Fran Parente/divulgação)

A academia também tem vista para o jardim exuberanteor

Segundo ele, foi o momento adequado para reavaliar a coleção de mobiliário que os clientes já possuíam. O acervo continha desde peças de Jorge Zalszupin e Sergio Rodrigues a móveis únicos dos anos 1920, de Pierre Chareau, que pertenceram aos avós do patriarca. “A curadoria foi pensada como um mix de peças realmente especiais – do art déco ao modernismo dos anos 1950, junto a pitadas de itens contemporâneos de novos designers e artistas, assim como os feitos sob medida para cada ambiente”, conta Mellone.

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Jardins exuberantes cercam casa arquitetônica em SP (Foto: Fran Parente/divulgação)

Na sala de cinema, nada melhor do que aproveitar um bom filme na companhia da família e dos amigos nas poltronas de madeira e couro desenhadas por Oswaldo Mellone, pai de Andre – na parede, tela de Kadar Brock

A ambientação da área comum pode ser interpretada como um complemento (ou um elogio) ao enorme jardim, com paisagismo de Raul Pereira. Por lá, a simplicidade e a naturalidade se impõem.

Jardins exuberantes cercam casa arquitetônica em SP (Foto: Fran Parente/divulgação)

No escritório, o mobiliário escultural chama a atenção, com par de poltronas de Frank Gehry, mesa de apoio e luminária de piso (anos 1950) trazidas dos Estados Unidos – ao fundo, o conjunto de mesa, cadeira e armário de arquivos é de Pierre Chareau, ao lado de luminária de piso de Max Bill, tudo sobre tapete da Noschese & Chalabi

O senso de perenidade e permanência deram o tom das escolhas, avessas a modismos. Certos de seus gostos e desejos pessoais, o casal conseguiu traduzir as suas vontades para guiar, da melhor forma, o restante dos profissionais, sem jamais interferir no trabalho de cada um. “Foi um prazer imenso poder construir essa narrativa ao lado de gente que entende o que está discutindo, que tem cultura sobre o assunto – isso só acrescenta ao resultado final”, define o arquiteto Vinicius Andrade.

Jardins exuberantes cercam casa arquitetônica em SP (Foto: Fran Parente/divulgação)

O hall de entrada foi ambientado com cadeiras e mesas de Mathieu Matégot e escultura de José Damasceno

A coleção de arte surge como elemento surpresa em meio ao mobiliário autoral. Obras de talentos jovens e internacionais, cuja trajetória se encontra em constante crescimento, são o contraponto para o jogo entre moderno e contemporâneo. Mais um casamento ideal, numa casa repleta deles.

Jardins exuberantes cercam casa arquitetônica em SP (Foto: Fran Parente/divulgação)

O espelho-d’água reflete a arquitetura e a natureza da casa na área externa do pavimento térreo

*Esta reportagem foi publicada originalmente na edição de julho da Casa Vogue