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Merama atrai R$ 1,2 bilhão de Softbank e Advent para tentar ser a ‘Unilever do e-commerce’ na AL

Guilherme Nosralla e Renato Andrade, sócios da Merama

Nascida em plena pandemia, a Merama acaba de levantar um cheque bilionário assinado por dois dos principais fundos de investimento do mundo. Softbank e Advent estão co-liderando o aporte na start-up, fundada por brasileiros e mexicanos e cuja ambição é se tornar uma espécie de “Unilever do e-commerce” latino-americano.

O Softbank é o gigante japonês cujo fundo de tecnologia já investiu em brasileiras como Nubank, VTEX, QuintoAndar e Loft. Já a Advent foi dona do Walmart no Brasil, vendido ao Carrefour, e investe por aqui em negócios que vão da rede de lojas chocolates Kopenhagen a fintechs como Ebanx e o próprio Nubank.

Agregadores

A rodada de US$225 milhões (R$ 1,2 bilhão) ocorre apenas cinco meses depois de a Merama receber seu primeiro investimento, de US$ 160 milhões — aporte realizado, aliás, quando a companhia nem sequer tinha começado seu portfólio de marcas digitais. Também participaram do novo aporte a Globo Ventures — unidade de investimento do Grupo Globo (do qual o jornal O GLOBO faz parte) — e fundos que já haviam investido na Merama, como Monashees, Valor Capital, Balderton e MAYA Capital.

A start-up não informou em quanto foi avaliada com a rodada, mas sustenta que cifra está “acima de US$ 800 milhões.”

A Merama reproduz na América Latina  o modelo de companhias americanas e europeias como Thrasio e Perch, classificadas de “Amazon FBA Aggregators” — isto é, adquirem um portfólio de dezenas de marcas independentes que já se destacam na gigante do e-commerce e impulsionam o negócio. Com a aceleração do e-commerce na pandemia, pelo menos US$ 1 bilhão foi injetado por fundos de investimento em “consolidadores” como esses no ano passado, segundo levantamento da Marketplace Pulse. Só a Thrasio, fundada em 2018, já captou US$ 1,7 bilhão em investimentos, sendo avaliada entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões este mês. 

Portfólio ‘misterioso’ de 30 marcas

Hoje, a Merama já tem um portfólio de 20 empresas, com mais de 30 marcas, em Brasil, Colômbia, Chile e Peru. A start-up prefere não informar seus nomes, mas afirma que esse rol de marcas caminha parar gerar US$ 250 milhões em receitas este ano. As companhias atuam com marcas próprias em segmentos que vão de cosméticos a eletrônicos, passando por itens para esporte, pets e utensílios domésticos. 

— O tamanho das marcas varia bastante. Algumas faturam entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões, enquanto outras passam de R$ 100 milhões e são líderes em seus segmentos — contou Guilherme Nosralla, um dos sócios-fundadores do negócio.

A Merama também não informa quanto investiu para se associar às 30 marcas, mas que a nova captação foi feita justamente para dar fôlego a novas aquisições.

— Levantamos a nova rodada para ter capacidade de investimento. Porque fazemos um desembolso de caixa para ter metade das companhias e ainda colocamos mais recursos para aumentar seu capital de giro. É um modelo muito intensivo em capital — acrescentou Renato Andrade, também sócio-fundador.

Fretes salgados

A necessidade de caixa das companhias adquiridas vem aumentando com os proibitivos custos de importação da China na pandemia, admite Nosralla:

— As marcas vão repassar parte disso para o preço. Mas a gente entra com essa grana para não deixar nenhuma delas quebrar e sofrer menos com a escassez de produto.

Parte dos recursos será usada para ampliação da equipe. O time da Merama mais que dobrou nos últimos cinco meses, chegando a 110 pessoas espalhadas pela América Latina. O plano ;e chegar a 150 até o fim do ano. 

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