VW Nivus vira alvo de criminosos e está perigoso estacionar o SUV na rua

O ACC é responsável pelo funcionamento do controlador de velocidade adaptativo do carro, capaz de ajustar aceleração e frenagem em função da distância do carro da frente a partir de uma velocidade pré-estabelecida. A ausência da peça após um furto não costuma se limitar apenas à perda dessa funcionalidade, infelizmente. Dependendo da forma como o ladrão arranca o módulo do lugar, mais problemas podem aparecer e mais tempo de trabalho será requerido para resolver.

Autoesporte procurou proprietários de Nivus que se tornaram vítimas da criminalidade. Tanto em posts nas redes sociais, quanto no site Reclame Aqui, é possível encontrar pessoas que relatam as dores de cabeça que esse problema gerou para elas. Diante disso, entramos em contato com algumas delas para descobrirmos como se deu a ação e mais detalhes de suas histórias.

Em nota, a Volkswagen do Brasil disse que não comentaria a questão. Confira no final da reportagem a íntegra do posicionamento da empresa.

Para Patrícia Paula, uma das proprietárias, o ladrão roubou apenas o símbolo da Volkswagen. “O carro fica estacionado na rua do meu trabalho. Quando voltei, já estava sem o logotipo. Graças a Deus o módulo — que fica logo atrás do emblema — não foi retirado. Pode ser que tenha chegado alguém enquanto o ladrão estava no meio do processo e ele tivesse desistido. Um amigo meu também tem um Nivus e aconteceu a mesma coisa”, conta.

A situação foi parecida com Rafael Bottyán, mas seu Nivus começou a apresentar problemas relacionados ao mau funcionamento do ACC.

“Quando vou à academia, sempre paro na rua da frente, pois tem um segurança particular que pode vigiar o carro. Mas um dia parei em uma vaga em frente a uma guarita de um prédio e o lugar estava bem movimentado. Demorei uma hora no treino e, quando voltei, senti falta do brilho do emblema. Quando vi, tinham levado embora, mas deixaram o ACC. Levei à concessionária para uma verificação e disseram que o ACC estava ok, porém já aconteceu de o carro soar um alerta e querer frear sozinho umas quatro vezes. Isso acaba sendo perigoso para causar um acidente”, afirma Rafael.

O proprietário afirmou ter desembolsado R$ 1.500 por um novo emblema, apesar de encontrar nos classificados opções por um terço desse valor. Ainda assim, preferiu a peça original com receio de estar comprando um componente furtado ou de procedência duvidosa.

“Infelizmente a minha empolgação desde a compra do carro durou somente dois meses, que foi quando ocorreu o furto. Peguei trauma de sair com o carro em locais em que preciso parar na rua. Só saio para parar em estacionamentos, mas mesmo assim me sinto inseguro e agora estou querendo vender meu Nivus em prol do meu sossego”, desabafa.

Léo Chaves — que além do emblema, teve o ACC furtado — resolveu vender seu Nivus após o caso. Mas antes de passar o SUV para frente, recomprou as peças e as fixou com cola de para-brisa, com o intuito de dificultar uma nova ação dos bandidos.

“Estava na casa de um parente e passei a noite por lá. Na manhã seguinte, quando fui até o carro para voltar para a minha cidade, vi que já não tinha mais nada ali”, conta Chaves.

O agora ex-proprietário observa que, por sorte, o ladrão desconectou o módulo do ACC usando os plugues dos fios, o que pelo menos o poupou de ter que ir atrás do chicote elétrico — algo que pode acontecer se o criminoso estiver com pressa e decidir arrancar o equipamento de forma abrupta. Além disso, comenta ter visto relatos de donos que já estavam pensando em recolocar o módulo atrás do radiador. Ainda que essa ideia pareça ser boa para dificultar a ação do bandido, não há como afirmar se a eficácia do sensor seria a mesma em relação ao posicionamento original.

Esse reforço das partes com cola (solução adotada por Léo — após ter recomprado as peças — e por outros donos de Nivus) parece não resolver o problema, muito pelo contrário. Daniel Lopes, dono da East Side Kustom$, conta que já recebeu alguns Nivus com essas partes furtadas. Mas o fato curioso é que um de seus clientes, com medo da ação dos criminosos, resolveu se antecipar e pediu para que a oficina colasse as peças.

Atendendo à solicitação, o serviço foi feito. Quando o proprietário finalmente teve um dia de azar e foi furtado, percebeu que o reforço com cola não só foi insuficiente, como também provocou o aumento do prejuízo.

Determinado a arrancar as peças do lugar, o ladrão insistiu na ação e usou ainda mais da força para removê-las. O resultado foi, talvez, um dos piores possíveis: além da perda do emblema e do ACC, teve o chicote do módulo arrebentado, junto de metade da grade dianteira.

“O problema vai além da necessidade dos reparos em si. A substituição de um módulo ACC é complicada, pois ou se utiliza a peça nova, que é cara, mas capaz de se integrar à programação do carro normalmente, ou se recorre a uma usada, mais em conta, mas que demanda um especialista para fazer toda a calibração necessária. Esse trabalho requer técnica, equipamentos e tempo para ser realizado”, explica Daniel.

Em conversas com técnicos de concessionárias Volkswagen, os especialistas dizem que o Nivus é o modelo que, de longe, mais aparece nas unidades sem as peças. Entretanto, ressaltam que o mesmo pode ocorrer com todos os carros da marca equipados com o ACC. Os motivos são os mesmos: peças caras e a instalação de todas é idêntica - logo, a facilidade para o furto é similar.

Segundo as concessionárias consultadas, até fevereiro, quem teve de repor as peças gastou valores bem salgados. Seja para Nivus, Tiguan, Taos ou qualquer outro modelo que utilize o módulo do ACC, o custo da peça sempre foi de R$ 15 mil. Já o emblema, cerca de R$ 2 mil.

Além do mais, as autorizadas contra indicam fortemente a utilização de colas para a fixação do módulo. Mesmo sem considerar o fato de que os bandidos podem acabar forçando outras peças na hora de insistir em desgrudar as que ele quer levar, os técnicos da Volkswagen afirmam que uma cola pode interferir na tomada de decisão do ACC. Ou ele pode ativar freio automático sem motivo, ou até mesmo não ativar quando deveria.

Procurada, a Volkswagen enviou a seguinte nota:

“A Volkswagen do Brasil não comenta sobre assuntos que não tem relação direta com as atividades da companhia, uma vez que o furto dos seus emblemas se trata de uma questão de segurança pública e que não há falhas no produto”.

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.