Mobilidade / Transportes públicos e alternativos

Um novo carregamento de carros da BYD acaba de chegar ao Brasil. Até aí, isso não é novidade, nem notícia. A diferença é que o lote de 5.459 unidades veio da China em um navio da própria empresa. O Explorer 1 foi apresentado em janeiro e é só a primeira de oito embarcações que a empresa vai usar para transportar seus veículos para fora da Ásia.

Dos quase 5,5 mil veículos a bordo, estão Dolphin Mini, Seal e os inéditos Song Pro e King, que chegam ao Brasil nos próximos meses. De acordo com a administração do porto de Suape (PE), essa é a maior operação de chegada de veículos de uma só vez na história do local, inaugurado há 41 anos.

Essa é primeira vez que a embarcação vem ao Brasil e apenas a segunda viagem do navio, que atracou em Suape no último domingo (27). A primeira havia sido para a Europa. Autoesporte esteve no local e pôde conhecer as instalações do Explorer 1.

O maior BYD do mundo

Esse, de longe, é o maior BYD do mundo. São 199,9 metros de comprimento, o equivalente a mais de 50 Dolphin Mini enfileirados. A embarcação é do tipo Ro-Ro, sigla em inglês para roll on, roll off — "rolar para dentro, rolar para fora", na tradução livre. Isso significa que a carga entra e sai usando as próprias rodas.

Na prática, estamos falando de um gigantesco estacionamento flutuante que viaja pelo mundo. No caso da travessia entre o porto de Lianyungang, no norte da China, e Suape, foram 27 dias e uma parada em Singapura. E apesar de ser chinês, o navio viaja com a bandeira da Libéria. O capitão é o búlgaro Nenko Nenkov, que comanda, além do gigantesco navio, uma equipe composta de 23 tripulantes.

Navios ro-ro são aqueles em que a carga entra e sai rodando — Foto: André Paixão/Autoesporte
Navios ro-ro são aqueles em que a carga entra e sai rodando — Foto: André Paixão/Autoesporte

Curiosamente, nenhum é chinês. Há búlgaros, indianos, romenos, russos e ucranianos. Geopolítica à parte, o ambiente do navio é organizado. Contribui para esse fato o frescor do navio, que opera há apenas alguns meses.

Todas as instalações são novas e bem acabadas. O painel no centro da torre de controle é o mais bem equipado. Quando o capitão precisa fazer alguma manobra que exige maior atenção de um dos lados, pode se deslocar e realizar os comandos a partir de estações laterais.

Torre de controle do BYD Explorer tem três postos de comando — Foto: Divulgação
Torre de controle do BYD Explorer tem três postos de comando — Foto: Divulgação

Outra curiosidade é que, ao contrário dos outros navios que chegam com carros da BYD, o Explorer 1 é tão grande (são 38 metros de largura) que não consegue atracar nos outros dois portos que a marca chinesa usa para desembarcar seus veículos no Brasil, Vila Velha (ES) e Itapoá (SC).

O Explorer 1 é movido a GNL (gás natural liquefeito). Segundo a BYD, o combustível reduz as emissões de enxofre e óxido de nitrogênio. “Na navegação, nada muda. Só os engenheiros a bordo que percebem a diferença. Não há tanques visíveis. E para acessar o compartimento [tanque de combustível], é preciso remover todos os materiais magnéticos e eletrônicos”, completou Nenkov.

Como os carros são transportados

A maior vantagem dos navios do tipo Ro-Ro é a grande capacidade e a facilidade para embarque e desembarque das cargas. No caso do Explorer 1, são necessários, em média, dois dias para carregar e outros dois dias e meio para descarregar os veículos. Na operação em Suape, a cada hora, 120 carros são retirados por um time de cerca de 50 motoristas.

Carros ficam a poucos centímetros uns dos outros em navio — Foto: André Paixão/Autoesporte
Carros ficam a poucos centímetros uns dos outros em navio — Foto: André Paixão/Autoesporte

São 12 deques e cada um deles opera como um grande estacionamento. A capacidade total do navio é de 7 mil veículos, considerando modelos de pequeno porte. Como a remessa da BYD para o Brasil também tem veículos médios, o número total cai.

Para aproveitar ao máximo o espaço, cada carro é estacionado a poucos centímetros um do outro. Em alguns casos, sequer é possível passar entre eles. Para evitar movimentações indesejadas ao longo da viagem, as rodas são presas com cintas fixadas em buracos no chão. Mas e as chaves? Seguem dentro dos carros, que ficam destrancados.

Cintas são usadas para prender os veículos no navio durante a travessia — Foto: André Paixão/Autoesporte
Cintas são usadas para prender os veículos no navio durante a travessia — Foto: André Paixão/Autoesporte

Um dos possíveis problemas de usar um navio Ro-Ro para o transporte de veículos é a dificuldade de enchê-lo de novas mercadorias para a viagem de retorno, o que ajuda a otimizar os custos de cada traslado. No caso do Explorer 1, a volta para a China será feita com ele vazio.

“É mais complexo conseguir cargas para a volta porque ele tem uma configuração única dos deques. A carga não pode ser tão alta, por exemplo”, comentou Leonardo Felippe, gerente de logística da BYD. Segundo Nenkov, o retorno será de dois a três dias mais rápido, exatamente pela ausência de carga.

Navio BYD Explorer 1 é o primeiro comprado pela marca chinesa para transportar carros — Foto: Divulgação
Navio BYD Explorer 1 é o primeiro comprado pela marca chinesa para transportar carros — Foto: Divulgação

Ainda não há previsão de uma nova viagem do Explorer 1 ao Brasil. Porém, considerando que o país já é um dos maiores mercados da BYD fora da China, é possível que isso aconteça já nos próximos meses.

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