Mercado

Por André Paixão

O City hatch é uma das principais apostas da Honda para 2022. Ele chega em um momento de mudanças radicais na linha da fabricante e passa a ser o único hatch da marca japonesa.

Isso significa uma missão ousada: substituir o Fit e manter os clientes fiéis ao modelo que deixou de ser produzido no fim de 2021 e trazer consumidores que também procuram modelos como Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Volkswagen Polo.

Para isso, a Honda usou uma fórmula que mescla um motor econômico e uma lista de equipamentos generosa. Porém, o preço alto pode acabar atrapalhando o desempenho do novato.

Nessa lista, Autoesporte traz cinco razões para comprar e outros cinco motivos para fugir do City hatch, que parte de R$ 112.100.

Razões para comprar

1- Equipamentos

Honda City hatch traz quadro de instrumentos parcialmente digital, ar-condicioado digital e partida por botão — Foto: Divulgação
Honda City hatch traz quadro de instrumentos parcialmente digital, ar-condicioado digital e partida por botão — Foto: Divulgação

Na comparação com o Fit, o novo City hatch representa uma evolução em termos de equipamentos. Se o primeiro demoro a contar com controles de tração e estabilidade, o segundo já sai de fábrica com os itens, além de uma extensa lista de itens de conforto.

A versão mais completa possui ar-condicionado digital, faróis full-LED com acendimento automático, bancos de couro, quadro de instrumentos parcialmente digital, central multimídia com tela de oito polegadas, acesso por chave presencial e partida por botão.

2- Segurança

O City é o primeiro modelo nacional da marca a oferecer o pacote Honda Sensing, composto por diversos itens de segurança ativa e passiva. Até então, esses itens estavam disponíveis apenas no “finado” Accord.

A lista inclui faróis com facho alto automático, frenagem automática de emergência, alerta de saída de faixa com correção no volante e controlador de velocidade adaptativo. Além disso, as duas versões trazem alerta de objetos no ponto cego e airbags laterais e de cortina, além dos frontais, obrigatórios por lei desde 2014.

3- Consumo

Honda City hatch faz quase 19 km/l de gasolina na estrada — Foto: Divulgação
Honda City hatch faz quase 19 km/l de gasolina na estrada — Foto: Divulgação

Um dos pontos fortes do novo City é a falta de apetite por combustível. A Honda conseguiu fazer um motor 1.5 aspirado tão econômico quanto unidades dotadas de turbo. A nova unidade da marca traz tecnologias como injeção direta e duplo comando variável de válvulas.

Assim, em nossa pista de testes, o modelo registrou as respeitáveis marcas de 12,2 km/l na cidade e 18,6 km/l na estrada, quando abastecido com gasolina.

4- Visual

Honda City tem menos ousadia no visual, mas desenho é elegante — Foto: Divulgação
Honda City tem menos ousadia no visual, mas desenho é elegante — Foto: Divulgação

Em nosso primeiro contato com a nova geração do City, ainda no final de 2021, dissemos que ele “poderia ter sido lançado no ano passado ou no ano que vem – a linguagem visual é contemporânea e neutra. Não se destaca, porém não desagrada”.

De forma geral, os traços não carregam a ousadia de um Volkswagen Nivus, por exemplo. Mas o City hatch é bem resolvido, elegante e com proporções corretas. O destaque está na traseira, que tem lanternas com formato que lembram ligeiramente o BMW Série 1.

5- Espaço interno

Honda City hatch traz o sistema Magic Seat e tem bom espaço interno — Foto: Divulgação
Honda City hatch traz o sistema Magic Seat e tem bom espaço interno — Foto: Divulgação

O City é bem maior do que seus rivais diretos. Com 4,34 m de comprimento, ele é só 10 cm mais curto que um Chevrolet Cruze hatch e 18 cm mais longo que um Onix. Como consequência, o entre-eixos de 2,60 m também o coloca entre os mais espaçosos da categoria.

Quatro adultos viajam com muito conforto para as pernas – na versão topo de linha ainda contam com saídas de ventilação. Ainda que a altura de 1,50 m não pareça generosa, mesmo aqueles com 1,80 m conseguem se acomodar no banco traseiro sem raspar a cabeça.

Motivos para fugir

1- Preço

A tabela de preços do City hatch é bem enxuta. A versão EXL custa R$ 112.100 e a topo de linha, Touring, sai por R$ 120.300. O problema é que esses valores são mais altos do que o dos rivais. Ele é o hatch compacto mais caro do país (só perde para o Volkswagen Polo GTS, versão esportiva do modelo).

O City Touring ainda acaba encostando em SUVs compactos, ainda que em versões menos equipadas, como Jeep Renegade Sport, Nissan Kicks Sense e Chevrolet Tracker LT.

2- Não é turbo

Honda optou por um motor 1.5 aspirado para o City — Foto: Divulgação
Honda optou por um motor 1.5 aspirado para o City — Foto: Divulgação

A Honda optou por não trazer ao Brasil o motor 1.0 turbo de três cilindros disponível no exterior. A escolha da fabricante japonesa foi pela alternativa que considerou mais segura: uma unidade 1.5 de quatro cilindros aspirada. Ela entrega 126 cv e 15,8 kgfm – números mais do que condizentes com o tamanho e o peso do City hatch.

Porém, na pista, com tempo de 10,7 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, o modelo perde para concorrentes dotados de motor turbo. É o caso do Volkswagen Polo (9,8 s) e do Hyundai HB20 (9,3 s). Com o Chevrolet Onix (10,6 s), podemos considerar empate técnico.

3- Não é o Fit

Novo Honda Fit não será vendido no Brasil — Foto: Divulgação
Novo Honda Fit não será vendido no Brasil — Foto: Divulgação

O Fit foi um dos carros de nome mais forte na Honda. Lançado por aqui em 2003, o monovolume conquistou uma legião de fãs por conta de seu espaço interno avantajado e de soluções inteligentes, como o sistema de rebatimento dos bancos Magic Seat.

O City hatch até herdou essa característica, mas a carroceria mais baixa faz com que a visão do motorista fique restrita quando os bancos estão rebatidos – problema que o Fit não tinha. Além disso, ser mais baixo também pode não agradar aos clientes que preferem a sensação de estar em um local mais amplo.

Também é preciso lembrar que, ao trazer o City hatch, a Honda mostra que não tem a intenção de vender a geração mais recente do Fit, lançada em outros mercados em 2019. Mais moderna, ela também está pronta para a eletrificação ao oferecer versões híbridas.

4- Porta-malas

Porta-malas do Honda City tem apenas 268 litros — Foto: Divulgação
Porta-malas do Honda City tem apenas 268 litros — Foto: Divulgação

Seguindo na linha de que o City não é um Fit, um dos maiores pontos negativos do lançamento da Honda está no compartimento de bagagens. Com 268 litros, ele fica abaixo de praticamente todos os concorrentes do segmento e perde até para o subcompacto Renault Kwid, que acomoda 290 litros no porta-malas.

Na comparação com o finado Fit, são exatos 95 litros a menos – o monovolume podia acomodar 363 litros no porta-malas.

5- Versões são quase idênticas

Não importa a versão ou a carroceria: o City tem sempre a mesma roda de 16 polegadas  — Foto: Divulgação
Não importa a versão ou a carroceria: o City tem sempre a mesma roda de 16 polegadas — Foto: Divulgação

Não importa se você comprar um City hatch ou sedã, básico ou topo de linha, o carro que você vai receber terá rodas de 16 polegadas com o mesmo desenho montadas em pneus 185/55. Fora isso, as diferenças visuais são bem pequenas – basicamente o desenho dos faróis (full-LED nas opções mais completas) e o formato da grade do radiador.

Como não usa emblemas para nomear as versões, é bem difícil diferenciar as configurações do novo City. E isso pode nem ser um problema para quem optou pelas opções de entrada, mas pode incomodar quem vai comprar um modelo topo de linha.

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

Mais recente Próxima Novas Ford Ranger, Renault Oroch e Nissan Frontier vão agitar o mercado de picapes no Brasil até 2023
Mais da Autoesporte