Posso at� 'dilmar', diz Benjamin Steinbruch
Nas �ltimas semanas, Benjamin Steinbruch demonstrou em entrevistas e conversas privadas simpatia pela candidata a presidente pelo PSB, Marina Silva. Agora, resolveu modular essa interpreta��o. "Meu voto � a favor das mudan�as", afirma.
Mas pode votar em Dilma Rousseff? "Se a presidente Dilma propor mudan�as com rela��o ao futuro do Brasil, ela tem chance de ter meu voto". Repete esse axioma tamb�m para Marina e para A�cio Neves (PSDB). Na entrevista ao programa Poder e Pol�tica, da Folha e do "UOL", ressaltou: "N�o sei em quem vou votar ainda. Posso at� 'dilmar'. Desde que atendidas algumas mudan�as".
http://www3.uol.com.br/module/playlist-videos/2014/benjamin-steinbruch-no-poder-e-politica-1411765969937.js
O presidente da Fiesp e dono da CSN (Companhia Sider�rgica Nacional) diz n�o ter inten��o de revelar em quem votar� para presidente. Para ele, empres�rios podem sofrer persegui��o "de toda ordem" se declararem abertamente em quem v�o votar.
Benjamin tem neg�cios imbricados com o governo federal. Por exemplo, a concess�o para constru��o e opera��o da ferrovia Transnordestina, obra com 1.750 km de extens�o.
O recuo ret�rico de Benjamin ocorre depois de ele ter come�ado a falar de maneira mais expl�cita sobre eventuais qualidades de Marina Silva. Na semana passada, o Pal�cio do Planalto enviou recados ao empres�rio, dizendo que a presidente da Rep�blica estava desapontada com suas declara��es.
Por algum momento, o governo cogitou transferir para Bras�lia um evento com empres�rios que estava marcado para esta segunda-feira (29), �s 10h, na sede da Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo. Passado um mal-estar inicial, o encontro foi mantido. Devem estar presentes dezenas de empres�rios para ouvir o ministro da Fazenda Guido Mantega, tendo Benjamin Steinbruch como um dos anfitri�es.
N�o que o presidente da Fiesp tenha recuado completamente das observa��es positivas que faz sobre candidatos de oposi��o. Apesar de dizer que pode at� "dilmar", Benjamin cita A�cio Neves como "boa op��o", o mesmo qualificativo usado para Marina. Sobre o tucano, faz uma ressalva: "Poderia ser mais agressivo nas [propostas de] mudan�as".
Marina Silva, afirma, "sintetiza (...) o voto contra as condi��es que existem, [desejo] que foi manifestado nos movimentos de rua". A pessebista "� consistente, uma pessoa que evoluiu (...). N�o acho um risco".
Gostaria de participar de algum governo como ministro? "Se eu tivesse condi��es do ponto de vista da iniciativa privada, ter certeza que os neg�cios estariam bem administrados, aceitaria sim". Em que �rea? "Qualquer uma. Eu tenho uma caracter�stica de ser fazedor. Educa��o, sa�de, cultura, habita��o".
ECONOMIA
Benjamin Steinbruch acha que se Dilma for reeleita, o ideal � que anuncie logo em seguida quem ser� o novo ministro da Fazenda, para acalmar os agentes econ�micos. Em entrevista recente, a petista j� afirmou que trocar� sua equipe.
"Se for do desejo dela [Dilma] que saia [o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega], quanto antes nomeasse, melhor. At� mesmo para ter uma transi��o tranquila, j� segue jogando", afirma Benjamin. Para ele, "em caso de continuidade do governo, quanto antes as coisas claras, melhor".
O presidente da Fiesp afirma que Mantega "tem feito um esfor�o grande de aumentar a interlocu��o com os empres�rios". Acha que tem sido um "esfor�o brutal" para diminuir as diverg�ncias entre os empres�rios e o governo.
ALMO�O MAIS CURTO
Defensor de uma flexibiliza��o nas leis trabalhistas, Steinbruch considera poss�vel conseguir novas regras sem retirar direitos como FGTS, gratifica��o de f�rias ou 13� sal�rio. Fala em mudar aspectos mais laterais, como o hor�rio de almo�o.
"Aqui temos uma hora de almo�o. Normalmente, n�o precisa de uma hora. Se voc� vai numa empresa nos EUA, voc� v� [o funcion�rio] comendo o sandu�che com a m�o esquerda e operando a m�quina com a m�o direita. Tem 15 minutos para o almo�o. Se for vontade dos empregados, por que n�o? Ser� que n�o � mais legal ele voltar antes para casa do que ficar uma hora sem ter o que fazer? Estou falando em benef�cio do empregado tamb�m. Poderia ser negociado", explica.
A seguir, trechos da entrevista, realizada no �ltimo dia 25:
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Folha/UOL - Quais deveriam ser as prioridades do governo que toma posse em janeiro de 2015?
Benjamin Steinbruch - A maior � restabelecer a confian�a para que o Brasil possa ter tranquilidade para seguir no rumo de crescimento e da melhoria de vida dos brasileiros.
Como se faz isso?
Muitas das coisas que precisam ser feitas s�o as coisas conhecidas que j� v�m sendo discutidas h� bastante tempo.
Cite duas ou tr�s mais relevantes.
Do ponto de vista de economia, a quest�o do valor da moeda, dos juros e da carga fiscal. S�o tr�s coisas que teriam que ser encaradas de imediato.
Na interpreta��o do ministro Guido Mantega, o sr. est� preocupado porque o setor de a�o, onde a CSN atua, est� em crise no mundo inteiro e a sua vis�o � cr�tica porque o sr. olha com os olhos do ramo da siderurgia. � isso mesmo?
N�o. N�s estamos na minera��o, na siderurgia, na energia, na ferrovia e nos portos. Temos uma vis�o muito ampla da economia. Atrav�s da siderurgia, atingimos o setor automobil�stico, o setor de linha branca, o setor de m�veis, distribui��o, constru��o civil. Estamos bem infiltrados na economia como um todo.
Mas o ministro diz que o sr. est� "redondamente equivocado" ao dizer que "s� louco investe no Brasil". Quem que est� equivocado? Ele ou o sr.?
A quest�o do "s� louco investe no Brasil" foi dita em fun��o dos altos custos. Quando voc� compara um investimento novo no Brasil com qualquer outro lugar do mundo, ele � pelo menos duas vezes mais caro que em qualquer outro lugar do mundo. A burocracia, a demora, � muito, muito maior do que em qualquer outro lugar. � claro que no Brasil a gente tem que olhar a m�dio e longo prazo, e isso � o que nos encoraja a investir o que estamos investindo. Mas a realidade � matem�tica. E se voc� tem racionalidade para optar pelo investimento, certamente voc� vai fazer onde tem uma possibilidade de retorno maior.
Quando o ministro Guido Mantega diz que o sr. est� "redondamente equivocado", o que o sr. acha que ele quer dizer ent�o?
Quer dizer que as coisas est�o boas, em termos de condi��es para investimento no Brasil. Que � justamente aquilo que a gente n�o acha. O Guido � super esclarecido, n�o tenho a menor d�vida disso e sei que ele sabe a realidade das coisas. Aqui no Brasil �s vezes a gente acha que est� oferecendo condi��es diferenciadas e na verdade a gente est� fazendo muito menos do que teria qualquer investidor fora do Brasil.
Nos Estados Unidos, se voc� for fazer um investimento novo o governo negocia contigo em dinheiro em fun��o do n�mero de empregos que voc� cria. N�o � juros baixo, n�o � condi��es diferenciadas de BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social], car�ncia, nada disso. O governo te d� dinheiro em troca do n�mero de empregos. E te d� toda a infraestrutura que voc� necessita e a n�o burocracia em rela��o a todos os itens relativos ao investimento. O empreendedor l� � muito bem-vindo.
Aqui, para voc� fazer um investimento, tem que ser muito persistente para vencer todas as etapas burocr�ticas. O ministro sabe, e eu tenho certeza que ele sabe, dessa realidade. E o Brasil tem burocracia n�o s� para investimentos, o teu dia a dia de cidad�o � cheio de burocracia tamb�m.
A presidente Dilma Rousseff deixou claro que vai trocar sua equipe se vier a ser reeleita. Muitos interpretaram que o ministro Guido Mantega n�o ficar� no pr�ximo governo. Se Dilma vencer, ela deve j� na semana seguinte dizer quem vai ser o ministro da Fazenda?
Vai depender muito dela. O ministro Guido tem feito um esfor�o grande de aumentar a interlocu��o com os empres�rios. Temos tido com frequ�ncia reuni�es para tentar uma converg�ncia dentro daquilo que o governo pode suportar e daquilo que os empres�rios precisam. A persist�ncia desse relacionamento suavizaria essa troca no pr�ximo governo. � uma op��o de quem for o presidente, se nomeia em seguida ou com mais tempo.
Se Dilma for reeleita, o sr. acha que seria desej�vel que anunciasse com alguma rapidez como seria a configura��o da nova equipe que ela disse que ter� para tentar aumentar a credibilidade de todos os agentes econ�micos em rela��o ao governo?
Eventualmente, sim. Gosto do ministro Mantega. Acho que ele est� fazendo um esfor�o agora brutal agora para diminuir as diverg�ncias que existem do setor produtivo com o governo. Agora, se ele for sair, se for de desejo dela que saia, ent�o que quanto antes nomeasse melhor. Mesmo para ter uma transi��o tranquila, porque da� j� segue jogando, se for o caso. Mal n�o faz. Em caso de continuidade do governo, acho que o quanto antes as coisas estiverem claras melhor. Ajuda todo mundo.
A China subsidia muito fortemente o a�o que � produzido por l�. Como produtor brasileiro, como � poss�vel o seu setor fazer frente a isso?
N�o � s� o a�o que a China subsidia. Subsidia tudo. Ningu�m faz frente � China. A gente tem que tomar muito cuidado porque uma China agressiva n�o respeita ningu�m. A gente tem que estar preparado para isso. Em algum momento a China pode ser agressiva, defendendo os seus interesses, defendendo os seus empregos.
O que significa agressiva?
Exportar mais forte. Voltar mais for�a para a exporta��o. Ela est� priorizando a quest�o do mercado interno. Est� querendo agregar valor, desenvolver a economia interna. Diria que ela est� exportando hoje o excesso. Agora, se eventualmente ela tiver como prioridade a exporta��o, n�o vejo quem possa concorrer com ela nesse momento.
Quais s�o os principais mercados hoje da CSN?
Em termos de a�o � Brasil, basicamente mercado interno. Em termos de min�rio, a �sia. Basicamente China, Jap�o e Coreia.
Olhando a hist�ria da atividade empresarial da sua fam�lia, o Grupo Vicunha produzia originalmente t�xteis. Houve abertura de mercado e ocorreu uma migra��o para a siderurgia. Vinte anos depois dessa hist�ria, hoje o sr. cogita algum outro mercado?
A gente entrou para a siderurgia em 1993. O t�xtil n�o estava mal naquele momento. A gente estava bastante bem, o Brasil estava bem no algod�o. A quest�o era que a gente j� era bastante grande, o maior grupo latino-americano de t�xteis. E o meu pai chegou para mim e disse: "Benjamin, voc� vai abrir um novo neg�cio e eu vou ficar com o seu irm�o Ricardo [Steinbruch] cuidando do que n�s j� temos". E a gente esperou oportunidades na privatiza��o.
CSN e depois Vale.
Meu pai me disse naquela �poca para que eu fizesse todo o poss�vel para aproveitar o per�odo de desestatiza��o, [como] tinha ocorrido em outros pa�ses. Os grupos privados fortes p�s-privatiza��o eram completamente diferentes dos grupos pr�-privatiza��o, porque o Estado vendia empresas de capital intensivo, que a iniciativa privada normalmente n�o tinha condi��es [de ter].
A gente entrou em 1993. Meu pai, infelizmente, morreu logo em seguida, em 1994. Mas fiz exatamente o que ele me falou. Participei de praticamente todos os processos de privatiza��o que ocorreram ap�s a CSN. Participamos da Light, no Rio, da Eletropaulo, em S�o Paulo, participamos da Vale. Alguns obtivemos sucesso, alguns perdemos, mas fiz aquilo que meu pai tinha dito e realmente constru�mos um grupo importante.
Teve uma quest�o de cruzamento entre as empresas. A Vale tinha participa��o na CSN e a CSN tinha participa��o na Vale. Em 2000 se resolveu, por uma quest�o de conflito te�rico, separar as empresas. E n�s optamos pela CSN e os bancos e os fundos de pens�o ficaram com a Vale.
No caso da siderurgia, do a�o, a situa��o hoje realmente tamb�m n�o � ruim, mas olhando prospectivamente, que outro ramo da economia poderia ser um alvo para o grupo do qual o sr. faz parte entrar ou prospectar neg�cios?
A siderurgia n�o est� ruim. Eu acho que a gente tem um mercado enorme no Brasil, a gente tem tudo para fazer.
Por quantos anos?
Por muitos anos. Se voc� for pensar o que a gente precisa fazer de infraestrutura e se voc� for pensar o que � o consumo de 200 milh�es de pessoas, voc� vai ver que � um mundo para a gente percorrer. Sou muito otimista com o Brasil.
Mas da� n�o vai ter o excedente da China, que vai entrar aqui e canibalizar o mercado?
Certamente vai ter, mas voc� vai ter que estar preparado para competir. Se a gente tiver condi��es iguais, te garanto que muitos setores do Brasil s�o competitivos e t�m boas empresas e bons empres�rios. N�o vejo problema de competir. Agora, tem que ter condi��es iguais e voc� ter a capacidade tecnol�gica, mat�ria prima local e ser verticalizado, a� a briga n�o me mete medo.
A China j� tem trem-bala, ferrovias, rodovias, viadutos... Est� quase tudo pronto nessa �rea, diferentemente do Brasil. O excedente que eles t�m de a�o nessa �rea de siderurgia vai aumentar. Eles v�o ter que colocar isso em algum lugar. A�, como vai ser?
Mas n�o vai ser s� a�o. Vai ser sapato, roupa, carro, geladeira, o que voc� quiser. Partindo desse pressuposto, a China vai ter condi��es de competir com tudo e com todos. Voc� vai ter que ter compet�ncia nos pa�ses e tamb�m por parte do governo. Temos que ter uma aten��o muito particular com essa quest�o comercial. � uma guerra de empregos, quando voc� importa os bens est� importando os empregos tamb�m. E isso � o futuro da diplomacia. N�o vamos viver uma guerra de canh�o, mas vamos viver uma guerra comercial entre os pa�ses.
O sr. mencionou emprego. O sr. sempre fala na flexibiliza��o de leis trabalhistas. Objetivamente, quais altera��es pontuais s�o necess�rias e urgentes na �rea da regula��o do emprego?
Temos uma lei da �poca de Get�lio Vargas [1882-1954]. Que foi de vanguarda naquele momento. Agora, o Brasil mudou. As condi��es de emprego mudaram. Ent�o a gente tem que se adaptar a uma nova realidade.
Diga um item da CLT [Consolida��o das Leis de Trabalho] que deveria ser eliminado ou alterado?
O custo do emprego n�o pode ser o dobro. Voc� paga para o empregado X, voc� tem dois X de custo indireto.
FGTS, o Fundo de Garantia do Tempo de Servi�o, deve ser mantido ou eliminado?
Os direitos devem ser mantidos. O que tem que fazer � flexibilizar a lei trabalhista.
Mas, como?
A jornada pode ser flex�vel, a idade pode ser flex�vel.
Idade, como?
A idade do empregado poder trabalhar.
Trabalhar mais jovem?
Trabalhar mais jovem, em condi��es ideais. A gente pode ter por parte do empregador e do empregado uma converg�ncia de interesse. Hoje est� engessado, penalizando tanto o empregador quanto o empregado.
Mas s� flexibilizar a idade m�nima para trabalhar e flexibilizar a jornada n�o diminui tanto os custos.
Pega o que tem de mais moderno no mundo e copia e depois melhora aqui no Brasil. O Brasil em leis trabalhistas � dos mais atrasados no mundo. Voc� sabe quanto custa para mandar um empregado embora? Tem muita gente hoje que n�o pode mandar empregado embora porque n�o tem dinheiro para mandar...
Mas o problema do custo do empregado para o empregador est� relacionado diretamente aos direitos que os empregados t�m. Como � poss�vel reduzir o valor que se paga para ter empregado sem reduzir os direitos que ele tem hoje?
Aqui a gente tem uma hora de almo�o. Normalmente, n�o precisa uma hora do almo�o, porque o cara n�o almo�a em uma hora. Voc� vai nos Estados Unidos, voc� v� o cara almo�ando, comendo o sandu�che com a m�o esquerda, e operando a m�quina com a direita. Tem 15 minutos para o almo�o, entendeu? Eu acho que se o empregado se sente confort�vel em poder, eventualmente, diminuir esse tempo... Por que a lei obriga que tenha que ter esse tempo?
Mas o sr. enxerga o Congresso aprovando uma redu��o do hor�rio legal de almo�o?
Se for vontade dos empregados, por que n�o? Ser� que o pessoal gosta de ficar uma hora para almo�ar sendo que pode almo�ar em meia hora, e essa meia hora podia ser aproveitada para voltar antes para casa? Ser� que n�o � mais legal para ele voltar antes para casa do que ficar uma hora sem ter o que fazer porque a lei exige que tenha esse tempo determinado de almo�o? Estou falando isso em benef�cio do empregado tamb�m.
Mas o sr. est� falando num item que realmente teria algum benef�cio, talvez para o empregador, mas ainda sim em rela��o o que se paga de INSS [Instituto Nacional do Seguro Social], os vales transporte, alimenta��o, Fundo de Garantia [por Tempo de Servi�o], um ter�o de f�rias, todos esses direitos, algum deles deveria ser facultativo entre patr�o e empregado, ou n�o, o sr. acha que devem ser mantidos na lei?
Eu acho que pode ser negociado.
Quais?
Todos. Porque tem que ver se o empregado quer tamb�m. Se voc� prop�e para o empregado, por exemplo, reduzir metade dos direitos que ele tem e outra metade vai para o bolso dele, eu te garanto que os empregados v�o querer que metade v� para o bolso.
Tem um espa�o enorme. O custo � muito grande e o empregado n�o tem o benef�cio equivalente. Hoje a lei que est� a� n�o atende nem ao empregador e nem ao empregado. � claro que teria negocia��o, teria que ser aceito por ambas as partes, mas certamente a gente pode andar um mont�o.
Tudo isso depende de altera��o legal, depende do Congresso Nacional, do voto de deputados, senadores, e da lideran�a de um presidente na Rep�blica. Nenhum dos tr�s candidatos mais competitivos � Presid�ncia defende nada pr�ximo a isso que o sr. est� falando. O sr. enxerga um Brasil maduro no curto prazo para ter a discuss�o e aprovar?
A reforma das leis trabalhistas tem que ser defendida sim, porque � uma necessidade. Os termos t�m que ser negociados. Tem que ser bom para o empregado e bom para o empregador. Existe um espa�o enorme para ser negociado.
� uma necessidade. Sem isso a gente n�o vai conseguir desamarrar essa quest�o trabalhista. Temos que encarar isso. Tem que resolver. O pa�s tem que ser um pa�s leve na lei trabalhista. Est�vamos praticamente no pleno emprego, melhor momento do que esse n�o existe para negociar essas mudan�as. Mas, n�o ocorreu, agora vai ser mais dif�cil.
O sr. disse outro dia que o desemprego pode estar batendo � porta. O que quis dizer com isso?
S� para te falar de lei trabalhista, [foi] um primo do meu pai, Ar�o Steinbruch [1917-1992], que era senador, que fez o 13� sal�rio. A quest�o trabalhista est� dentro da fam�lia h� muitos anos. Eu n�o teria medo de fazer uma discuss�o no benef�cio dos dois, tanto empregado quanto empregador. Seria bom para os dois, te garanto.
Sobre o desemprego, est� batendo na porta. J� est� ocorrendo.
Mas as taxas s�o baixas.
Isso � uma coisa curiosa, porque se voc� ver os n�meros, realmente as taxas s�o baixas.
Exato.
Mas se voc� anda por esse Brasil, se voc� anda no interior de S�o Paulo, vai ver que o �ndice de desemprego, o �ndice de pessoas agora sendo mandadas embora, a porcentagem � muito alta.
Mas, por que n�o aparece na taxa?
� uma pergunta boa, porque acho que vai aparecer. Acho que agora nesse m�s vai come�ar a aparecer.
Acabou de sair o n�mero.
N�o, j� est� come�ando a aparecer.
Mas agora � o oposto, n�o �? Pelas contrata��es de fim do ano.
H� 100 mil empregos da ind�stria que eventualmente deixariam de existir neste ano. Agora, at� o final do ano, acho que esse n�mero vai ser muito maior. A minha expectativa � que seja muito maior. Independente da te�rica contrata��o que n�s ter�amos para o final de ano para o varejo e tamb�m para a elei��o.
Tem elei��o, tem varejo que contrata para final do ano, acabam os estoques, vem o in�cio do ano que vem, a ind�stria contrata de novo. Uma coisa n�o compensa a outra?
Este ano, pela primeira vez que eu me lembre, temos um ano recessivo com elei��o. Nunca vi um ano que tivesse elei��o ter um segundo semestre em recess�o, � a primeira vez que est� acontecendo. Ent�o, realmente alguma coisa diferente tem a�, porque te garanto que o desemprego est� crescente.
Existe uma percep��o na sociedade que empres�rio privado brasileiro vive pedindo aux�lio ao BNDES, ao governo. Essa percep��o � correta?
N�o, essa percep��o � errada.
Por que ela existe ent�o?
Porque � uma percep��o, n�o � uma realidade.
Por que a percep��o se forma?
Porque se cria isso.
Mas... Do nada?
N�o... Por que o banqueiro � ruim? Por que empres�rio � ruim? Se voc� quer falar alguma coisa que � ruim hoje � banqueiro ou empres�rio. E por qu�? Porque essa percep��o no resto do mundo � super bem-vinda. � aquilo que eu falei antes, � tratada, assim, com todo carinho. Agora, aqui tem essa percep��o, por qu�?
Qual � a sua aposta?
S�o empregadores, s�o investidores que criam empregos, geram riqueza. O que existe � que no Brasil as condi��es s�o diferentes do resto do mundo. Ent�o aqui o empresariado tem que ser muito bom, as empresas t�m que ser muito boas para resistir �s quest�es que temos, �s instabilidades, �s mudan�as de rumos que temos no Brasil.
O volume de empr�stimos feitos pelo BNDES � ind�stria, ao setor produtivo, � adequado? E a pol�tica dos campe�es nacionais adotada no governo federal do PT foi correta para o pa�s?
Os recursos s�o poucos para o BNDES. Deveria ter muito mais. No Brasil existe uma distor��o grande que banco nenhum privado financia a m�dio e longo prazo, e principalmente para investimentos. N�o tem por parte do sistema financeiro condi��es para investimentos de longo prazo, a n�o ser do BNDES. O BNDES � um agente fundamental para investimentos que considere car�ncia, m�dio e longo prazo.
Mas e a forma discricion�ria como s�o concedidos os financiamentos aos "campe�es nacionais"? Essa express�o foi cunhada dentro do pr�prio governo, sob a l�gica de que era necess�rio estimular grandes grupos nacionais, para que se fortalecessem dentro do Brasil e tamb�m se expandissem internacionalmente.
Acho isso completamente equivocado. Mesmo porque eu n�o sou um dos campe�es nacionais eleitos e sou um dos campe�es nacionais correndo em paralelo dos eleitos.
� equivocada essa pol�tica, porque ela tem que ser abrangente, tem que ser para todos, e tamb�m n�o s� para os grandes. A gente tem que ter uma pol�tica de incentivos para o pequeno, para o m�dio e para o grande.
Esses gigantes nacionais t�m que ser constitu�dos basicamente pela sua compet�ncia. E para os grandes � mais f�cil voc� conseguir financiamento fora do Brasil do que dentro. � uma distor��o.
N�o sou um dos eleitos, ent�o, n�o quero que pensem que eu sou contra porque n�o sou um dos eleitos, mas � que realmente acho desnecess�rio para os grandes e acho que isso prejudica os pequenos e m�dios.
Foi um erro da pol�tica econ�mica do atual governo?
Acho que sim. A pr�pria pol�tica mostrou muitos erros tamb�m, porque dentro dos eleitos alguns n�o se tornaram realidades. O campe�o tem que se fazer por si mesmo, � essa que � a realidade.
A presidente Dilma demonstrou, algumas vezes, irrita��o com atrasos na conclus�o da ferrovia Transnordestina...
...Muitas vezes...
...Que � da responsabilidade da CSN. O que impede a conclus�o da ferrovia?
Essa obra � muito mal compreendida. Se voc� pensar em uma ferrovia de 1.756 km, � um projeto �nico. Para construir uma ferrovia tem que ter a quest�o ambiental resolvida, o projeto, a desapropria��o. Qualquer coisa pontual de arqueologia, de quilombola, uma capela, qualquer coisa para uma ferrovia. N�o � f�cil.
A constru��o em si tamb�m � dif�cil, porque 1.750 km � obra de governo, e de poucos governos. E a gente aqui no Brasil est� fazendo isso, a �nica que est� sendo tocada do ponto de vista privado � a Transnordestina. Precisa andar junto o "funding" com desapropria��es, com a complexidade do projeto, e a gente andou bastante.
J� conclu�mos 450 km, estamos atacando todo o eixo do Piau�, com cinco frentes de trabalho. E estamos com quatro frentes de trabalho contratadas no Cear�. Ent�o, est� andando. � claro que atrasou. Teve um reajuste no investimento em fun��o do tempo, mas apesar dos problemas � um projeto que est� sendo executado dentro da sua possibilidade. E preservando custo tamb�m, porque esse neg�cio de tocar a qualquer pre�o n�o d� certo.
A obra da Transnordestina foi lan�ada em 2006 para ser inaugurada em 2010. Agora, pelo que entendi, a meta � inaugurar em 2016. Est� confirmada essa meta?
Pelo menos o trecho principal. Com certeza o trecho do Piau� estar� conclu�do e estaremos bastante adiantados no acesso aos dois portos.
E quando termina?
Em 2016 deve estar terminada. N�o te digo toda.
Mas, e os acessos aos portos?
Pelo menos um porto vai ter que estar terminado. O outro vai estar prestes a terminar. Pode contar como operacional em 2016, saindo de sua origem e chegando ao porto.
2016, dezembro?
N�o sei exatamente quando, mas por a�. Agora, conseguir as licen�as ambientais, as desapropria��es para o projeto inicial, n�o tinha projeto executivo... Era imposs�vel �s vezes tamb�m querer acreditar no imposs�vel. Dentro da complexidade e da falta de tudo, at� que a gente est� andando bem. N�o � o que a presidente gostaria, eu sei. Mas estou participando ativamente desse projeto e estou confiante que vamos cumprir os prazos.
De zero a dez, que nota o sr. d� para o governo da presidente Dilma na �rea de pol�tica-industrial?
Dif�cil de quantificar assim, mas, seis.
E do ex-presidente Lula?
Talvez um pouquinho mais, sete.
O governo Dilma � menos eficaz que o governo do ex-presidente Lula na �rea econ�mica?
Com a mesma pol�tica, pelo timing dos dois governos, o governo Dilma seria prejudicado pelas dificuldades que n�s temos l� fora. O governo Dilma pegou um per�odo de crise que o governo Lula n�o pegou.
E na forma de atuar?
O governo do presidente Lula era um pouco mais aberto, o da presidente Dilma, um pouco mais fechado. A pol�tica est� muito parecida do ponto de vista industrial, n�o teve nem grandes evolu��es nem grandes retrocessos. Agora, quanto � facilidade na aplica��o da pol�tica, era mais f�cil no governo Lula.
A campanha da presidente Dilma na televis�o tem feito o que alguns chamam de narrativa do medo, satanizando alguns setores da sociedade como bancos e empres�rios. O sr. acha que essa narrativa � correta?
N�o gosto dessa quest�o de medo. A gente n�o tem que ter medo. As campanhas teriam que ser propositivas. N�o gosto, mas [a campanha do medo] est� sendo efetiva. Se voc� olhar o resultado das pesquisas, est� todo mundo certo.
A pol�tica do PT fez com que a presidenta Dilma crescesse dois pontos, a Dilma se fortaleceu de 36% para 38%. O A�cio, que estava com 15%, dentro da mesma pol�tica de bater no PSB foi para 19%. E a Marina, que tinha 31%, tinha ca�do para 30%, foi a 29%, sendo pressionada pelos dois partidos... Em termos de tempo, 12 minutos [do PT na televis�o] mais 6 minutos [do PSDB], contra 2 minutos [do PSB], [Marina] resistiu tamb�m. Deu certo para a presidente Dilma, deu certo para o A�cio e deu certo para a Marina, que resistiu. Mas certamente agora vai afunilar.
Em quem o sr. vai votar para presidente?
O sr. em quem vai votar?
Eu estarei em S�o Paulo. Como tenho t�tulo em Bras�lia, n�o vou poder votar.
Eu tamb�m n�o sei onde estarei. Porque talvez eu tamb�m n�o possa votar, mas independentemente se eu estivesse aqui, eu tamb�m n�o te falava.
Por qu�? Por que os empres�rios brasileiros resistem a declarar o voto?
O voto n�o � secreto? Acho que uma das gra�as do voto � ser secreto tamb�m. Se todo mundo abrir o voto, como � que fica?
Mas o sr. se sentiria incomodado de revelar o seu voto?
N�o, eu n�o sinto necessidade de revelar o meu voto. O voto � de cada um. E se voc� me perguntar hoje em quem eu votaria, eu n�o sei ainda, porque meu voto � a favor das mudan�as. Se a presidente Dilma propor mudan�as com rela��o ao futuro do Brasil, ela tem chance de ter meu voto, se a candidata Marina propor mudan�as, ela tem possibilidade do meu voto, assim como o A�cio.
Todos est�o propondo.
Sou radical a favor das mudan�as. Se o Brasil n�o fizer as reformas e as mudan�as que tem que fazer, n�o � que n�o vamos crescer, n�s vamos ter um per�odo de retrocesso, vamos para tr�s.
Em quem o sr. vai votar para o governador de S�o Paulo?
No caso de S�o Paulo, particularmente, pela proximidade que eu tenho com o candidato Paulo Skaf [PMDB], e pelo fato dele ser empres�rio, meu presidente [da Fiesp], sou o vice-presidente dele, teria que ter uma infidelidade muito grande para n�o votar nele. Certamente vou votar no Paulo. N�o seria correto se eu n�o votasse nele em fun��o da proximidade que tenho com ele.
Em democracias consolidadas � natural artistas, empres�rios, intelectuais revelarem o voto. S�o pessoas influentes na sociedade. O sr. citou os Estados Unidos v�rias vezes como exemplo, em alguns aspectos da economia. Nos Estados Unidos � muito comum empres�rios revelarem o voto.
Mas as condi��es s�o muito diferentes.
Quais s�o as diferen�as?
L� tem fidelidade partid�ria. L� s�o dois partidos, basicamente. L� ideologicamente � muito claro o que � um partido Republicano e o que � um partido Democrata.
O sr. acha que se um empres�rio como o sr. revelar o voto no Brasil pode sofrer persegui��o de algum grupo pol�tico?
Com certeza, com certeza. Pode.
De que ordem?
De toda ordem.
Por exemplo?
N�o existe essa pr�tica aqui de voc� poder falar e ficar por isso mesmo. L� fora voc� defende uma ideologia, voc� defende um partido, voc� defende um grupamento de pessoas que t�m a mesma ideia. Aqui no Brasil, n�o � isso.
� o qu�?
Quando voc� fala o voto, voc� vai votar numa pessoa, n�o est� votando na ideologia, nem no partido, nem no grupamento de pessoas que tenham determinado interesse. O voto � quase que um voto pessoal, [n�o] um voto partid�rio ou ideol�gico.
Se o sr. dissesse "vou votar no candidato X", vamos dizer, "vou votar na candidata Marina Silva", e ela ganhar a elei��o, a� n�o tem problema. Se ela perde a elei��o, ganha um grupo oponente, o sr. acha que o sr. poderia ser perseguido por isso?
Eu acho que poderia sim. Acho que poderia. Mas n�o � esse que � o inibidor de falar o voto. Falar o voto voc� poderia at� falar, essa realidade eventualmente pode existir.
O empres�rio brasileiro, o banqueiro, � tremendamente dependente do governo. Muitos deles t�m uma �nica fonte de sustenta��o no governo, o que � diferente tamb�m l� fora. L� fora voc� n�o tem essa necessidade de ter a boa vontade do governo. Aqui no Brasil, por exemplo, s� o BNDES te d� financiamento de longo prazo com car�ncia, ningu�m mais te d�. Ent�o se voc� n�o tiver do BNDES voc� n�o tem de ningu�m.
Vou perguntar o seu ju�zo sobre os tr�s candidatos mais competitivos hoje � Presid�ncia da Rep�blica.
Vejo qualidades e eventuais fraquezas nos tr�s. A presidente Dilma est� sempre naquele n�vel de 30% a 40%, a Marina tamb�m est� ali nos 30%, e o A�cio agora est� entre os 20%, 30%. Tem pessoas que gostam da presidente Dilma e votam nela, que gostam da Marina e que gostam do A�cio.
Qual ju�zo o sr. faz do candidato A�cio Neves, do PSDB?
O A�cio, eu gosto dele, � um bom amigo, um jovem com hist�ria pol�tica de vida toda. Acho ele preparado, com vontade de dar continuidade ao trabalho pol�tico que veio l� de tr�s, que teve o av� eleito presidente [Tancredo Neves] e n�o pode exercer o mandato.
O A�cio tem condi��es, tem qualidades, � de um partido que teve chances de governar. Acho que poderia ser um pouco mais agressivo nas mudan�as. Mas � um cara preparado, uma pessoa que certamente um dia vai ter chances de exercer fun��es maiores dentro da pol�tica.
E Marina Silva, candidata pelo PSB?
Marina � uma candidata que tem hist�ria. N�o � um fato novo. A Marina teve 20% dos votos na elei��o passada. Ela foi senadora, tem uma hist�ria de vida bonita, saiu dos seringais do Acre para num momento ser candidata a presidente. Ela sintetiza todos aqueles que s�o contra, ent�o ela conseguiu aglutinar esse voto que � o voto contra as condi��es que existem e que foi manifestado nos movimentos de rua tempos atr�s. � algo consistente, vejo ela como uma pessoa que evoluiu.
Marina tem um grupo pol�tico pequeno para sustent�-la e, possivelmente, um grupo pequeno institucional dentro do Congresso se vier a ser eleita. Isso � um risco para o Brasil?
N�o, n�o acho a Marina um risco. Depois de ganhar a elei��o, se voc� tem bom senso, consegue aglutinar todas as for�as do Congresso. A hora que voc� est� eleito esse risco n�o existe, a n�o ser que voc� n�o tenha racionalidade e bom senso. Eu acho que ela tem, porque sen�o n�o estaria onde ela est�.
Como o sr. j� disse, o sr. considera que ela seria uma boa op��o para presidente?
N�o s� o candidato A�cio � uma boa op��o, como a Marina � uma boa op��o, assim como a Dilma para alguns tamb�m � uma boa op��o.
Para o sr. �?
Eu acho que se houver reformas, se houver evolu��o, eu acho que sim.
Mas falta uma semana para a elei��o... O sr. acha que ela j� n�o poderia ter convencido o sr. de que vai fazer mudan�as?
A presidente Dilma fez muitas coisas boas no governo. O Brasil de hoje � muito melhor do que o de 10 anos atr�s. Estamos numa evolu��o. N�o � que est� tudo errado. A gente tem que tentar uma converg�ncia. Hoje nenhum dos tr�s [candidatos] consegue ser eleito sozinho. Sen�o a presidente Dilma ganharia no primeiro turno, a Marina ganharia no primeiro turno, o A�cio ganharia no primeiro turno. Quem evoluir e conquistar o que n�o tem � o que vai ser eleito.
Mas falta uma semana para a elei��o. Quem at� agora dos tr�s, de acordo com essa sua descri��o, vocaliza mais as mudan�as que o sr. diz serem necess�rias?
As mudan�as que eu digo serem necess�rias, relativas a quest�o de economia, a quest�o de investimento, a quest�o de diminui��o do tamanho do Estado, n�o foram postas na mesa por nenhum dos tr�s. Talvez um pouquinho mais pelo candidato A�cio, que � uma linha do PSDB. Dentro do que � o meu setor espec�fico, isso n�o foi posto na mesa, mas isso n�o ganha elei��o, porque n�s somos uma minoria. E isso pode ser negociado a qualquer tempo.
Declara��es suas a respeito da elei��o levaram alguns a interpretar em Bras�lia que o sr. teria "marinado", que o sr. votaria em Marina Silva. Criou um mal-estar dentro do governo. O sr. se sentiu em algum momento incomodado por declara��es de algu�m do governo?
Eu n�o vejo nada de mais na declara��o que eu dei. Eu dou aqui ela outra vez. O que eu disse � que a Marina � uma boa op��o para o Brasil. E eu digo para voc� que a Marina � uma boa op��o para o Brasil, n�o vejo problema nisso. Agora, acho que tamb�m o A�cio � uma boa op��o para o Brasil, conforme eu te disse.
E a Dilma?
E a presidente Dilma tamb�m pode ser uma boa op��o para o Brasil, ela atendendo certas mudan�as que s�o necess�rias. Do ponto de vista do empresariado privado, a gente v�, em fun��o da experi�ncia recente, mudan�as que devem ser feitas, e � isso que n�s estamos negociando com o governo. Falta uma semana [para as elei��es], mas a gente est� discutindo toda semana para ver se a gente consegue um consenso.
Ou seja, o sr. pode "dilmar" ainda?
N�o sei em quem eu vou votar ainda. Posso at� "dilmar". Desde que atendidas algumas mudan�as que acho importante. N�o � por mim, eu quero que a gente mude pelo Brasil. A gente est� vivendo um momento em que o Brasil podia estar muito melhor. � isso que me incomoda.
O sr. j� dedicou muitos anos da sua vida � iniciativa privada. Gostaria de, eventualmente, ter alguma experi�ncia dentro de algum governo?
Isso � um dever de cada um de n�s. Em algum momento da vida a gente tem que retribuir de alguma forma aquilo que a vida nos deu. Penso sim em algum momento fazer algum tipo de servi�o p�blico.
O sr. aceitaria, se convidado, ser ministro de Estado de algum governo?
Se tivesse condi��es de aceitar, do ponto de vista da iniciativa privada, se pudesse ter certeza que os neg�cios estariam bem administrados, aceitaria sim.
Em que �rea o sr. se v� em um eventual governo?
Qualquer uma.
Alguma que o sr. considere que poderia trabalhar bem como ministro?
Tenho uma caracter�stica de ser fazedor. Teria que ser uma �rea que precisasse que fossem feitas as coisas. Pode ser desde educa��o, sa�de, agricultura, habita��o.
Pode ser j�, a partir do ano que vem, 2015?
Acho que n�o tenho tempo n�o. Os neg�cios est�o precisando da gente hoje. Por mais que eu quisesse, ainda tenho esses pr�ximos anos da organiza��o. E acho que, particularmente, o ano que vem vai ser dif�cil.
O Brasil vai crescer quanto no ano que vem?
Depende.
Mais ou menos. Entre quanto e quanto?
Eu acho que mais importante do que crescer � a gente estabelecer as condi��es para o crescimento. Talvez o Brasil cres�a pouco o ano que vem, mas estabele�a condi��es para crescer muito nos pr�ximos anos.
Esse ano vai ser quase zero, vai ser muito ruim, eu acho.
E o ano que vem vai ser como?
Vai ser dif�cil para qualquer um dos candidatos.
O PIB cresce pouco, por consequ�ncia?
O PIB cresce pouco, esse ano n�s vamos crescer pouco, mas tudo bem. Crescer pouco um ano n�o quer dizer nada. A gente tem que estabelecer condi��es, fazer corre��es para que n�o volte para tr�s, essa � a primeira preocupa��o. A partir da�, a gente tem que criar condi��es para crescer.
O ano que vem ser� muito dif�cil, a arrecada��o est� caindo em fun��o da recess�o que n�s estamos vivendo. Vamos entrar num ano com crescimento baixo, uma recess�o na porta, desemprego na porta. O governo vai ter que se adaptar com ajuste fiscal, porque a arrecada��o cai, o gasto tamb�m. O investimento e o gasto t�m que a cair e se adaptar a uma nova realidade externa, porque as coisas l� fora tamb�m est�o dif�ceis. � um ano que vai ser muito dif�cil independentemente de quem ganhe.
Acesse a transcri��o completa da entrevista.
A seguir, os v�deos da entrevista (rodam em smartphones e tablets, com op��o de assistir em HD):
1) Principais trechos da entrevista com Benjamin Steinbruch (12:59)
2) "No Brasil, empres�rio que declara voto pode ser perseguido" (2:58)
3) Posso at� "dilmar", mas Dilma precisa mudar, diz Benjamin (2:57)
4) "A�cio � preparado, mas poderia ser mais agressivo nas mudan�as" (0:53)
5) "Marina sintetiza voto do contra, evoluiu, e n�o � um risco" (1:29)
6) Em S�o Paulo, voto Skaf, diz Benjamin (0:24)
7) "Sou fazedor" e poderia ser ministro, diz Benjamin (1:31)
8) "Devemos flexibilizar lei trabalhista; hor�rio de almo�o � exemplo" (4:04)
9) Benjamin: Se China priorizar exporta��o, ningu�m compete com ela (2:11)
10) "Se reeleita, � melhor Dilma nomear logo novo ministro da Fazenda" (2:45)
11) Quem � Benjamin Steinbruch? (1:43)
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