Leia a transcri��o da entrevista de Benjamin Steinbruch � Folha e ao UOL
Benjamin Steinbruch, presidente da Fiesp (Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo), diretor-presidente da CSN (Companhia Sider�rgica Nacional) e do Grupo Vicunha, participou do Poder e Pol�tica, programa da Folha e do "UOL" conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues. A grava��o ocorreu em 25.set.2014 no est�dio do UOL em S�o Paulo.
http://www3.uol.com.br/module/playlist-videos/2014/benjamin-steinbruch-no-poder-e-politica-1411765969937.js
Narra��o de abertura [EM OFF]: Benjamin Steinbruch tem 61 anos. � formado em administra��o pela Funda��o Get�lio Vargas.
Benjamin Steinbruch nasceu em uma fam�lia de empres�rios. Seu pai, Mendel Steinbruch, foi um dos fundadores da Vicunha, que se tornou a maior ind�stria t�xtil da Am�rica Latina. O primeiro emprego de Benjamin foi na Vicunha, como vendedor de tecidos.
Na d�cada de 1990, o Grupo Vicunha se viu amea�ado pela abertura do mercado t�xtil � concorr�ncia internacional e decidiu diversificar suas opera��es.
Em nome do grupo, Benjamin comprou parcelas da Companhia Sider�rgica Nacional, a CSN, em 1993, e da Companhia Vale do Rio Doce, em 1997. Ambas as empresas haviam sido fundadas por Get�lio Vargas, durante o Estado Novo.
Em 2002, Benjamin Steinbruch vendeu a participa��o do Grupo Vicunha na Vale e sua fam�lia usou os recursos para assumir o controle total da CSN.
Benjamin Steinbruch � hoje diretor-presidente da CSN e do Grupo Vicunha.
Em junho de 2014, assumiu interinamente a Presid�ncia da Fiesp, a Federa��o de Ind�strias do Estado de S�o Paulo, no lugar de Paulo Skaf, que pediu licen�a do cargo para disputar o governo de S�o Paulo.
Folha/UOL: Ol�, bem-vindo a mais um Poder e Pol�tica - Entrevista. Este programa � uma realiza��o do jornal Folha de S. Paulo e do portal UOL. A grava��o desta edi��o do Poder e Pol�tica � realizada no est�dio do UOL, em S�o Paulo. O entrevistado desta edi��o do Poder e Pol�tica � Benjamin Steinbruch, presidente da Fiesp [Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo], diretor-presidente da CSN [Companhia Sider�rgica Nacional] e do Grupo Vicunha.
Folha/UOL: Ol�, como vai, tudo bem?
Roberto Rodrigues: Tudo bem, e voc� Fernando, tudo bom?
Muito bem. Quais deveriam ser as prioridades do governo que toma posse em janeiro de 2015?
Eu acho que talvez a maior � restabelecer a confian�a para que o Brasil possa ter tranquilidade para seguir no rumo de crescimento e da melhoria de vida dos brasileiros. Ent�o, eu acho que isso a� seria a coisa mais importante para qualquer dos candidatos que assuma o pa�s a partir do ano que vem.
Como � que faz isso?
Eu acho que tem que fazer aquilo que... do f�cil pro dif�cil. Quer dizer, muitas das coisas que precisam ser feitas s�o as coisas conhecidas que j� v�m sendo discutidas h� bastante tempo. Ent�o...
Cite duas ou tr�s mais relevantes.
Do ponto de vista de economia, por exemplo, eu acho que a quest�o de moeda, do valor da moeda, dos juros, e da carga fiscal, vamos dizer assim, s�o tr�s das coisas que teriam que ser encaradas de imediato.
O sr. disse em um discurso recente que "s� louco investe no Brasil". Da� o ministro da Fazenda, Guido Mantega, veio aqui ao programa e disse que o sr. estaria, ao dizer isso, "redondamente equivocado", na palavra dele. Na interpreta��o do ministro Guido Mantega, o sr. est� preocupado porque o setor de a�o, onde a CSN atua, est� em crise no mundo inteiro e a sua vis�o � cr�tica sobre o estado da economia porque o sr. olha com os olhos do ramo da siderurgia. � isso mesmo?
N�o. Na verdade n�s estamos na minera��o, na siderurgia, na energia, na ferrovia e nos portos. E com esse setores n�s temos uma vis�o muito ampla da economia. Ent�o, n�s, atrav�s da siderurgia, atingimos o setor automobil�stico, o setor de linha branca, o setor de m�veis, distribui��o, constru��o civil, ent�o eu diria que atrav�s dos setores que n�s estamos, n�s estamos bem infiltrados na economia como um todo.
Mas quando o ministro disse que o sr. est� "redondamente equivocado" ao dizer que "s� louco investe no Brasil", quem que est� equivocado? Ele ou o sr.?
N�o. Eu acho que a quest�o do "s� louco investe no Brasil" foi dita em fun��o dos altos custos do Brasil. Ent�o quando voc� compara um investimento novo, "greenfield", no Brasil com qualquer outro lugar do mundo, ele � pelo menos duas vezes mais caro que em qualquer outro lugar do mundo, e as complica��es para que se realize esse investimento, a burocracia, a demora, � muito, muito maior do que em qualquer outro lugar do mundo. � claro que o Brasil, a gente tem que olhar a m�dio e a longo prazo, e isso � o que nos encoraja, inclusive a n�s do grupo CSN investir o que estamos investindo. Mas a realidade � matem�tica, ent�o se voc� compara o investimento hoje no Brasil com qualquer pa�s do mundo, voc� vai ver que o Brasil, certamente, � o dobro ou o triplo. E se voc� tem racionalidade para optar pelo investimento, certamente voc� vai fazer onde voc� tem uma possibilidade de retorno maior.
Mas, deixa eu repetir. Quando ele disse que o sr. est� "redondamente equivocado", o que o sr. acha que ele quer dizer ent�o?
Eu acho que ele quer dizer que as coisas est�o boas, em termos de condi��es para investimento no Brasil. Que � justamente aquilo que a gente n�o acha. E se voc� for ver o potencial de investimento que poderia ser direcionado para o Brasil, se as condi��es fossem boas, certamente s�o muito maiores do que est� ocorrendo hoje.
O ministro Guido Mantega � uma pessoa bem informada, o ministro da Fazenda da s�tima economia do mundo. Se ele tem � disposi��o todas essa informa��es porque ele insiste nessa posi��o, ent�o? De dizer que o sr. est� equivocado?
Eu n�o sei. Eu acho que o Guido � super esclarecido, n�o tenho a menor d�vida disso e eu sei que ele sabe a realidade das coisas. Ent�o, aqui no Brasil �s vezes a gente acha que est� oferecendo condi��es diferenciadas e na verdade a gente est� fazendo muito menos do que eventualmente teria qualquer investidor fora do Brasil. Ent�o vou te dar um exemplo que aconteceu com a gente agora recente. Nos Estados Unidos, por exemplo, se voc� for fazer um investimento novo o governo estadual negocia contigo em dinheiro em fun��o do n�mero de empregos que voc� cria. N�o � juros baixo, n�o � condi��es diferenciadas de BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social], car�ncia, nada disso. O governo te d� dinheiro em troca do n�mero de empregos, mais do que isso te d� toda a infraestrutura que voc� necessita e, ainda, a total n�o burocracia em rela��o a todos os itens relativos ao investimento, e o empreendedor l� � tratado de bandeja, quer dizer, � muito, muito bem-vindo. Aqui para voc� fazer um investimento, se voc� n�o considerar o custo, s� considerar a situa��o, vamos dizer, para o investimento voc� vai ver que voc� tem que ser muito persistente para vencer todas as etapas burocr�ticas que s�o afins com esse investimento. Ent�o eu diria que o ministro sabe, e eu tenho certeza que ele sabe, ele � um ministro super bem informado, super ativo, e ele certamente sabe dessa realidade. Agora, o Brasil tem a burocracia n�o s� para investimentos, o teu dia a dia de cidad�o � cheia de burocracia tamb�m e cheia de dificuldades tamb�m, quer dizer, n�o � uma quest�o espec�fica de investimento, � do dia a dia nosso do Brasil.
A presidente Dilma Rousseff deixou bem claro que vai trocar a sua equipe se vier a ser reeleita, e ficou muito claro que a equipe econ�mica vai ser trocada e muitos interpretaram de maneiro correta, do meu entender, como todo mundo interpretou, que o ministro Guido Mantega n�o ficar� no pr�ximo governo se a presidente Dilma Rousseff ganhar. A elei��o � agora dia 5 de outubro, segundo turno � dia 26 de outubro. Na eventualidade de a presidente Dilma Rousseff vencer, h� uma incerteza grande nos mercados, a bolsa sempre cai quando ela sobe nas pesquisas. Isso significa que ela vencendo, se ela vencer no dia 26 de outubro, que ela deveria j� na semana seguinte dizer quem vai ser o ministro da Fazenda dela? Ou se ela demorar para dizer, vai haver muita instabilidade?
Eu acho que vai depender muito dela, porque se voc� for ver agora. Se voc� for ver mais recentemente, o ministro Guido ele tem feito um esfor�o grande de aumentar a interlocu��o com os empres�rios, n�s temos tido com frequ�ncia reuni�es para tentar uma converg�ncia dentro daquilo que o governo pode suportar e daquilo que os empres�rios precisam no curt�ssimo prazo, no m�dio e longo prazo. Ent�o essa persist�ncia por parte desse relacionamento, eu acho que, de certo modo, suavizaria essa troca no pr�ximo governo. Sem di�logo ou sem esfor�o para uma converg�ncia, esse risco seria muito maior. O fato da presidenta depois, se reeleita, nomear em seguida o seu ministro, ou logo depois, dependendo de como anda at� o final desse governo o relacionamento da parte de economia com a iniciativa privada, com o capital, seja nacional ou estrangeiro, acho que minimiza qualquer efeito, voc� entendeu? Quer dizer, � uma op��o dela de quem for o presidente, se nomeia em seguida ou se nomeia com mais tempo.
� porque evidentemente se for dos outros dois candidatos de oposi��o que t�m alguma competitividade que s�o Marina [Silva] e A�cio [Neves], se ganharem eles n�o v�o ter que nomear em seguida porque n�o podem nomear ainda n�o �?
O A�cio j� manifestou qual seria o ministro.
Mais enfim, da� fica o ministro Guido at� o final e na posse tomam posse os outros ministros. Agora, no caso da presidente Dilma [Rousseff] o sr. acha que seria desej�vel, em ela vencendo, que ela anunciasse, com alguma rapidez, como seria a configura��o da nova equipe que ela disse que ter� para tentar aumentar a credibilidade de todos os agentes econ�micos em rela��o ao governo?
Eu acho que eventualmente sim, porque eu gosto do ministro Mantega, eu acho que ele est� fazendo um esfor�o agora brutal agora para diminuir as diverg�ncias que existem do setor produtivo com o governo.
Mas, se ele for sair?
Agora, se ele for sair, se for de desejo dela que saia, ent�o que quanto antes nomeasse melhor.
Assim, vamos supor, terminou a elei��o 26 de outubro, no come�o de novembro ter uma clareza ali sobre qual seria a equipe econ�mica seria desej�vel?
Mesmo para ter uma transi��o tranquila, porque da� j� segue jogando, se for o caso. Mal n�o faz.
E, alternativamente, se ela n�o fizer isso fica sempre uma instabilidade, uma d�vida sobre quem vai comandar a economia mais ainda?
� em casos de continuidade do governo, acho que o quanto antes tiverem as coisas claras melhor. S� ajuda todo mundo, eu acho.
O ministro Guido disse aqui tamb�m que a China, n�o � novidade, subsidia muito fortemente o a�o que � produzido por l�. Como produtor brasileiro, como � poss�vel o seu setor fazer frente a isso? Competi��o na China.
N�o � s� o a�o que a China subsidia, ela subsidia tudo, quer dizer, ningu�m faz frente � China. Ent�o, a gente tem que tomar muito cuidado porque uma China agressiva, ela n�o respeita ningu�m, e a gente tem que estar preparado para isso, porque eventualmente, em algum momento, a China pode ser agressiva, defendendo os seus interesses, defendendo os seus empregos.
O que significa agressiva?
Ela exportar mais forte. Ela voltar mais for�a para a exporta��o, ela est� priorizando a quest�o do mercado interno, ela est� querendo agregar valor, est� querendo desenvolver a economia interna. E eu te diria que ela est� exportando hoje, vamos dizer, o excesso. Agora, se eventualmente ela tiver como prioridade de exporta��o, eu n�o vejo quem possa concorrer com ela nesse momento.
Quais s�o os principais mercados hoje da CSN?
Em termo de a�o era Brasil, basicamente mercado interno que a gente estava trabalhando, e em termos de min�rio, por exemplo, seria a �sia, basicamente a China, Jap�o, Coreia, mas basicamente a �sia.
Olhando a hist�ria um pouco, enfim, da atividade empresarial do sr., da sua fam�lia, o Grupo Vicunha produzia originalmente tecidos, t�xteis, a� houve muita competi��o, abertura de mercado, o mercado ficou dif�cil, houve uma migra��o para a siderurgia. Vinte anos depois dessa hist�ria, hoje o sr. cogita, pensando nas dificuldades do a�o da siderurgia, em algum outro mercado prospectivo tamb�m?
O t�xtil nosso a gente entrou para a siderurgia em [19]93.
Isso.
E o t�xtil n�o estava mal naquele momento, a gente estava bastante bem. O Brasil estava no algod�o bastante bem. A quest�o nossa era que a gente j� era bastante grande, a gente era o maior grupo latino-americano de t�xteis. E o meu pai chegou para mim e disse "Benjamin, voc� vai abrir um novo neg�cio e eu vou ficar com o seu irm�o Ricardo [Steinbruch] cuidando do que n�s j� temos". E a gente esperou oportunidades na privatiza��o, aquele momento.
CSN e depois Vale.
Ent�o a gente entrou na CSN em [19]93 e meu pai me disse naquela �poca para que eu fizesse todo o poss�vel para aproveitar o per�odo de desestatiza��o que tinha ocorrido em outros pa�ses, e os grupos privados fortes p�s-privatiza��o eram completamente diferentes dos grupos pr�-privatiza��o, porque na verdade o Estado vendia empresas de capital intensivo, que a iniciativa privada normalmente n�o tinha condi��es. E a gente entrou em [19]93 e meu pai, infelizmente, morreu logo em seguida em [19]94, mas eu fiz exatamente o que ele me falou. Eu participei de praticamente todos os processos de privatiza��o que ap�s a CSN ocorreram, ent�o n�s participamos da Light, no Rio [de Janeiro], da Eletropaulo, em S�o Paulo, participamos da Vale, alguns obtivemos sucesso, alguns perdemos, mas na verdade eu fiz aquilo que o meu pai tinha dito, e realmente a gente construiu um grupo importante e que por uma quest�o de cruzamento entre as empresas. A Vale tinha participa��o na CSN, a CSN tinha participa��o na Vale. Em 2000 se resolveu, por uma quest�o de conflito te�rico, separar as empresas. E da� n�s optamos pela CSN e os bancos e os fundos de pens�o ficaram com a Vale. E foi, e a hist�ria foi essa.
Agora, o sr. mencionou...
Mas, voc� me perguntou da siderurgia.
Em [19]93 o t�xtil n�o estava, realmente, caindo pelas tabelas, ainda era uma situa��o boa, mas nos anos seguintes a coisa foi se complicando. No caso da siderurgia, do a�o, a situa��o hoje realmente tamb�m n�o � ruim, mas olhando prospectivamente, que outro ramo da economia, ou setor da economia, poderia ser um alvo para o grupo do qual o sr. faz parte entrar ou prospectar neg�cios?
Eu te diria que a siderurgia n�o est� ruim. Eu acho que a gente tem um mercado enorme no Brasil, a gente tem tudo para fazer.
Por quantos anos?
Por muitos anos, Fernando. Se voc� for pensar o que a gente precisa fazer de infraestrutura e se voc� for pensar o que � o consumo de 200 milh�es de pessoas, voc� vai ver que � o mundo para a gente percorrer. Ent�o, eu sou muito otimista com o Brasil.
Mas da� n�o vai ter o excedente da �sia, da China, que vai entrar aqui, canibalizar o mercado.
Certamente vai ter, mas voc� vai ter que estar preparado para competir e voc� tem que ser bom nesse momento, quer dizer, se a gente estiver condi��es iguais, eu te garanto que muitos setores do Brasil s�o competitivos e t�m boas empresas e bons empres�rios e t�m que sobreviver, quer dizer, eu n�o vejo problema de competir. Agora, tem que ter condi��es iguais e voc� ter a capacidade tecnol�gica, ter a capacidade de ter mat�ria prima local e ser verticalizado, a� a briga n�o me mete medo.
Porque olhando o que est� acontecendo, a China j� tem trem bala, j� tem ferrovias, rodovias, viadutos, enfim. N�o � que esteja pronto o pa�s, mas est� quase pronto nessa �rea. Tem muita infraestrutura que j� foi feita, diferentemente do Brasil. O excedente que eles t�m de a�o nessa �rea de siderurgia toda vai aumentar, eles v�o ter que colocar isso em algum lugar e o �nico lugar, olhando, � aqui n�o �? A�, como � que vai ser?
Mas n�o vai ser a�o, a� voc� tem que comparar coisas com coisas. A� vai ser sapato, roupa, vai ser a�o, vai ser carro, geladeira, o que voc� quiser. Partindo desse pressuposto, a China vai ter condi��es de competir com tudo e com todos. Agora, a� voc� vai ter que ter compet�ncia nos pa�ses e tamb�m por parte do governo, quer dizer, a gente tem que ter uma aten��o muito particular com essa quest�o comercial, porque na verdade isso da� � uma guerra de empregos, quando voc� importa os bens voc� est� importando os empregos tamb�m.
Claro.
E isso � o futuro da diplomacia. Na verdade acho que n�o vamos viver uma guerra de canh�o, mas vamos viver uma guerra comercial entre os pa�ses.
O sr. mencionou emprego. O sr. sempre fala na flexibiliza��o de leis trabalhistas, fala que � necess�rio acompanhar a experi�ncia de outros pa�ses do mundo sobre esse tema. Objetivamente, quais altera��es pontuais o sr. acha que s�o necess�rias e urgentes na �rea da regula��o do emprego?
Eu acho que, como voc� bem sabe, n�s estamos em uma lei que � da �poca de Get�lio Vargas [1882-1954]. Que foi de vanguarda naquele momento e que nos serviu at� hoje. Agora, o Brasil mudou. As condi��es de emprego mudaram. Ent�o a gente tem que se adaptar a uma nova realidade, se poss�vel ainda de vanguarda.
Mas, o que por exemplo?
Muito mais flex�vel.
Fala um item da CLT [Consolida��o das Leis de Trabalho] que deveria ser eliminado, ou alterado, e de que forma alterado?
O custo do emprego n�o pode ser o dobro, porque voc� paga para o empregado X, voc� tem dois X de custo indireto.
Mas vamos l�, Fundo de Garantia...
Tem que ser flex�vel.
Vamos l�, Fundo de Garantia do Tempo de Servi�o [FGTS], isso deve ser mantido ou deve ser eliminado?
N�o, eu acho que os direitos devem ser mantidos. O que voc� tem que fazer � flexibilizar a lei trabalhista, ou seja....
Mas, como?
A jornada pode ser flex�vel, a idade pode ser flex�vel.
Idade, como?
A idade do empregado poder trabalhar.
Trabalhar mais jovem?
Trabalhar mais jovem, em condi��es ideais. A gente pode ter por parte do empregador e do empregado uma converg�ncia de interesse. A gente hoje est� engessado, est� penalizando tanto o empregador quanto o empregado.
O sr. me desculpe, mas s� flexibilizar a idade m�nima para trabalhar e flexibilizar a jornada n�o diminui muito os custos.
Voc� pega o que tem de mais moderno no mundo e copia e depois melhora aqui no Brasil. O Brasil em leis trabalhistas � um dos mais atrasados, nesse momento, no mundo.
Como o sr. fala de custos que dobra para o empregador...
Voc� sabe quanto custa para mandar um empregado embora?
Sei.
Voc� sabe que tem muita gente hoje que n�o pode mandar empregado embora porque n�o tem dinheiro para mandar...
Para mandar o empregado embora. Agora, mas a� ent�o...
Ent�o, se voc� for ver a....
Mas, o problema do custo do empregado para o empregador est� relacionado diretamente aos direitos que os empregados t�m. Como � poss�vel reduzir o valor que se paga para ter empregado sem reduzir os direitos que lhe tem hoje?
Por exemplo, se voc� vai hoje em uma empresa nos Estados Unidos, aqui a gente tem uma hora de almo�o, normalmente n�o precisa de uma hora do almo�o, porque o cara n�o almo�a em uma hora. Voc� vai nos Estados Unidos voc� v� o cara almo�ando com a m�o esquerda e operando... comendo o sandu�che com a m�o esquerda e operando a m�quina com a direita, e tem 15 minutos para o almo�o, entendeu? E eu acho que se o empregado se sente confort�vel em poder, eventualmente, diminuir esse tempo, porque a lei obriga que tenha que ter esse tempo?
Mas o sr. n�o enxerga algum Congresso, porque isso teria que ser aprovado pelo Congresso, porque est� na lei, algum Congresso, C�mara e Senado, aprovando uma redu��o do hor�rio legal de almo�o?
Se for vontade dos empregados porque n�o? Ser� que o pessoal gosta de ficar uma hora para almo�ar sendo que pode almo�ar em meia hora, e essa meia hora podia ser aproveitada para voltar antes para casa? Ser� que n�o � mais legal para ele voltar antes para casa do que ficar uma hora sem ter o que fazer porque a lei exige que tenha esse tempo determinado de almo�o? Eu estou falando isso em benef�cio do empregado tamb�m, entendeu?
Mas o sr. est� falando num item que realmente teria algum benef�cio, talvez para o empregador, mas ainda sim em rela��o o que voc� paga de INSS [Instituto Nacional do Seguro Social], os vales transporte, alimenta��o, Fundo de Garantia [por Tempo de Servi�o], um ter�o de f�rias, todos esses direitos, esses da� o sr. acha que algum deles deveria ser facultativo entre patr�o e empregado, ou n�o, voc� acha que devem ser mantidos na lei?
Eu acho que pode ser negociado.
Quais?
Todos. Porque tem que ver se o empregado quer tamb�m, entendeu? Se voc� prop�e para o empregado, por exemplo, se reduzir metade dos direitos que ele tem e outra metade vai para o bolso dele, eu te garanto que os empregados v�o querer que metade v� para o bolso.
Voc� enxerga o Brasil maduro [para isso]?
Ent�o tem um espa�o enorme, o custo � muito grande e o empregado n�o tem o benef�cio equivalente, entendeu? Ent�o eu acho que tem que ter a regulamenta��o e tem que ter os direitos, mas para atender tamb�m o empregado, porque hoje essa lei que est� a�, na minha opini�o, ela n�o atende nem o empregador e nem o empregado. � claro que teria negocia��o, teria que ser aceito por ambas as partes, mas certamente a gente pode andar um mont�o.
Mas, o sr.... tudo isso depende de altera��o legal, depende do Congresso Nacional, do voto de deputados, senadores, e da lideran�a de um presidente na Rep�blica. Nenhum dos tr�s candidatos mais competitivos � presid�ncia defende nada pr�ximo a isso que o sr. est� falando. O sr. enxerga um Brasil maduro no curto prazo para ter a discuss�o e aprovar?
A reforma das leis trabalhistas tem que ser defendida sim, porque � uma necessidade.
Mas, nesses termos ningu�m defende.
N�o. Os termos t�m que ser negociados. � aquilo que eu falei, tem que ser bom para o empregado e tem que ser bom para o empregador. Agora, que existe um espa�o enorme para ser negociado existe.
Por que o sr. acha que os pol�ticos n�o conseguem fazer uma discuss�o madura sobre esse tema, nesses termos que o sr. est� dizendo, que tem que ter vantagem para ambos os lados e propor uma flexibiliza��o?
Porque est� prevalecendo a ideologia, n�o est� prevalecendo a racionalidade.
O sr. enxerga, no curto prazo, o amadurecimento do debate para culminar isso da�?
� uma necessidade, sem isso a gente n�o vai conseguir desamarrar essa quest�o trabalhista, das leis trabalhistas. A gente tem que encarar isso de frente, tem que resolver. O pa�s tem que ser um pa�s leve na lei trabalhista, entendeu? A gente est� em pleno emprego, praticamente estava no pleno emprego, melhor momento do que esse n�o existe para negociar essas mudan�as. Mas, n�o ocorreu, agora vai ser mais dif�cil.
Ali�s o sr. disse outro dia que o desemprego pode estar batendo � porta, ou algo assim. O que o sr. quis dizer com isso?
S� para te falar de lei trabalhista, esses neg�cio, um primo do meu pai, Ar�o Steinbruch [1917-1992], que era senador, que fez o 13� sal�rio.
Ah �?
Ent�o, a quest�o trabalhista est� dentro da fam�lia h� muitos anos. E eu te diria que eu n�o teria medo de fazer uma discuss�o no benef�cio dos dois, tanto empregado quanto empregador, isso seria bom para os dois, eu te garanto isso. Do desemprego, que voc� me perguntou, a quest�o nossa...
Est� batendo na porta?
Est� batendo na porta. J� est� ocorrendo.
Mas as taxas s�o baixas.
Isso � uma coisa curiosa, porque se voc� ver os n�meros, realmente as taxas s�o baixas.
Exato.
Mas se voc� anda por esse Brasil, se voc� anda no interior de S�o Paulo, voc� vai ver que o �ndice de desemprego, o �ndice de pessoas agora sendo mandadas embora, a percentagem � muito alta.
Mas, por que n�o aparece na taxa?
� uma pergunta boa, porque eu acho que vai aparecer. Eu acho que agora esse m�s vai come�ar a aparecer.
Acabou de sair o n�mero.
N�o, j� est� come�ando a aparecer.
Mas agora � justo o oposto, n�o �?
Empregos t�m 100 mil.
Pelas contrata��es de fim do ano.
Empregos t�m 100 mil da ind�stria que eventualmente deixariam de existir nesse ano. Agora, at� o final do ano, eu acho que esse n�mero vai ser muito maior. A minha expectativa � que seja muito maior. Independente da te�rica contrata��o que n�s ter�amos para o final de ano para o varejo, e tamb�m para a elei��o.
Pois �. Tem elei��o, tem varejo que contrata para final do ano, acabam os estoques, vem o in�cio do ano que vem, a ind�stria contrata de novo, uma coisa n�o compensa a outra?
Esse ano, pela primeira vez que eu me lembro, n�s temos um ano recessivo com elei��o. Eu nunca vi um ano que tivesse elei��o ter um segundo semestre em recess�o, � a primeira vez que est� acontecendo. Ent�o, realmente alguma coisa diferente tem a�, porque eu te garanto que o desemprego est� crescente.
Existe uma percep��o na sociedade que empres�rio privado brasileiro vive pedindo aux�lio ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social], ao governo. Essa percep��o � correta?
N�o, essa percep��o � errada, porque na verdade....
Por que ela existe ent�o?
Porque � uma percep��o, n�o � uma realidade.
Por que a percep��o se forma?
Porque se cria isso.
Mas, do nada?
N�o, � a mesma coisa... por que o banqueiro � ruim? Por que empres�rio � ruim? Se voc� quer falar alguma coisa que � ruim hoje � banqueiro ou empres�rio, e por qu�? Porque essa percep��o no resto do mundo � super bem-vinda. � aquilo que eu falei antes, � tratada, assim, com todo carinho. Agora, aqui tem essa percep��o, por qu�? Entendeu?
Qual � a sua aposta?
Na verdade s�o empregadores, s�o investidores que criam empregos, geram riqueza. Agora, o que existe � que no Brasil as condi��es s�o diferentes do resto do mundo. Ent�o aqui o empresariado tem que ser muito bom, as empresas t�m que ser muito boas para resistir �s quest�es que n�s temos, �s instabilidades, �s mudan�as de rumos que n�s temos no Brasil.
O volume de empr�stimos feitos pelo BNDES, a ind�stria, o setor produtivo brasileiro, � adequado? E dois, a pol�tica dos campe�es nacionais adotada no governo federal do PT foi correta para o pa�s?
Eu acho que os recursos s�o poucos para o BNDES, deveria ter muito mais. Eu acho que se voc� for ver, no Brasil, existe uma distor��o grande que banco nenhum privado financia m�dio e longo prazo, e principalmente para investimentos. Ent�o voc� n�o tem por parte do sistema financeiro condi��es para investimentos de longo prazo, a n�o ser do BNDES, ent�o o BNDES � um agente fundamental para investimentos que considere car�ncia, m�dio e longo prazo.
Mas e a forma discricion�ria como s�o concedidos esses empr�stimos?
Agora, essa quest�o que voc� perguntou, que voc� chamou de como?
Campe�es nacionais, que foi uma express�o cunhada, inclusive, dentro do pr�prio governo, dizendo que era necess�rio que o governo estimulasse grandes grupos nacionais, para que eles se fortalecessem dentro do Brasil e tamb�m se expandissem internacionalmente.
Isso eu acho completamente equivocado, eu n�o acho que... Mesmo porque eu n�o sou um dos campe�es nacionais eleitos e sou...
E se o sr. fosse?
E sou um dos campe�es nacionais correndo em paralelo dos eleitos. Ent�o eu acho equivocada essa pol�tica, porque eu acho que ela tem que ser abrangente, tem que ser para todos, e tamb�m n�o s� para os grandes. Eu acho que, principalmente, a gente tem que ter uma pol�tica de incentivos para o pequeno, para o m�dio e para o grande. Esses gigantes nacionais eles t�m que ser constitu�dos basicamente pela sua compet�ncia, e teoricamente para os grandes � mais f�cil de voc� conseguir financiamento fora do Brasil do que dentro do Brasil. Ent�o eu acho que � uma distor��o, eu n�o concordo com isso. Eu n�o sou um dos eleitos, ent�o, eu n�o quero que pensem que eu sou contra porque eu n�o sou um dos eleitos, mas � que realmente eu acho desnecess�rio para os grandes e acho que isso prejudica os pequenos e m�dios.
Foi um erro da pol�tica econ�mica do atual governo esse tipo de atitude?
Eu acho que sim. A pr�pria pol�tica mostrou muitos erros tamb�m, porque dentro dos eleitos, alguns n�o se tornaram realidades. Ent�o eu acho que essa pol�tica de eleger campe�o, o campe�o tem que se fazer por si mesmo, � essa que � a realidade.
A presidente Dilma [Rousseff] demostrou, algumas muitas vezes, irrita��o com atrasos na conclus�o da ferrovia Transnordestina.
Muitas vezes.
Sobe responsabilidade da CSN. O que impede a conclus�o dessa obra?
Essa obra ela � muito mal compreendida, porque voc� pensar em uma ferrovia de 1.700 km, 1.756 km, � um projeto eu diria, com exce��o da China, � um projeto �nico e com toda a sua complexidade, porque para voc� construir uma ferrovia voc� tem que ter a quest�o ambiental resolvida, voc� tem que ter a quest�o do meio ambiente, voc� tem que ter a quest�o do projeto, voc� tem que ter a quest�o da desapropria��o, voc� tem que ter a quest�o de qualquer coisa pontual de arqueologia, de quilombola, uma capela, qualquer coisa para uma ferrovia e a ferrovia tem que estar licenciada e tem que estar desapropriada, coisa que n�o � f�cil. A constru��o em si tamb�m � dif�cil, porque 1.750 km � obra de governo, e de poucos governos. E a gente aqui no Brasil est� fazendo isso, est� fazendo Norte-Sul, est� fazendo algumas outras. A �nica que est� sendo tocada do ponto de vista privado � a Transnordestina, e a gente precisa andar junto o funding com desapropria��es, com os projetos, com a complexidade do projeto, e eu acho que a gente andou bastante. N�s j� conclu�mos 450 km, que est�o conclu�dos, n�s estamos atacando todo o eixo do Piau�, estamos com cinco frentes de trabalho no Piau�, e estamos com quatro frentes de trabalho contratadas no Cear�. Ent�o, ela est� andando. � claro que atrasou, � claro que teve um reajuste no investimento em fun��o do tempo, mas eu te diria que apesar dos problemas eu acho que � um projeto que est� sendo executado dentro da sua possiblidade, e preservando custo tamb�m, porque esse neg�cio de tocar a qualquer pre�o tamb�m depois n�o d� certo.
A obra da Transnordestina foi lan�ada em 2006 para ser inaugurada em 2010, agora, pelo o que eu entendi, a meta � inaugurar em 2016. Est� confirmada essa meta?
Pelo menos do trecho principal, principal n�o porque s�o dois acessos portu�rios, um por Recife outro por Fortaleza, com certeza o trecho do Piau� ele vai estar conclu�do e a gente vai estar bastante adiantado no acesso aos dois portos.
E quando que ela termina?
Em 2016 ela deve estar terminada. Eu n�o te digo toda.
Mas, e os acessos aos portos?
N�o, com acesso ao porto, pelo menos um porto vai ter que estar terminado, e o outro vai estar prestes a terminar. Eu acho que a gente pode contar como operacional em 2016, saindo de sua origem e chegando ao porto.
2016, dezembro?
Eu n�o sei exatamente quando que �, mas por a�. Agora, eu vou te dizer uma coisa, voc� conseguir as licen�as ambientais, as desapropria��es para o projeto inicial, que n�o tinha projeto executivo, n�o tinha... Era imposs�vel, quer dizer, a gente �s vezes tamb�m quer acreditar no imposs�vel, porque dentro da complexidade e da falta de tudo, at� que a gente est� andando bem. N�o � o que a presidente gostaria, eu sei.
� isso que eu ia falar.
Mas, eu posso te dizer uma coisa, eu estou participando ativamente desse projeto e eu estou confiante de que n�s vamos cumprir os prazos.
Ent�o vamos l�, de zero a 10 que nota o sr. d� para o governo da presidente Dilma Rousseff na �rea de pol�tica industrial?
De zero a 10? Eu acho que, sei l�, uns.... Dif�cil de voc� quantificar assim, mas, sei l�, seis.
E do ex-presidente Lula?
Com rela��o � pol�tica industrial?
�.
Talvez um pouquinho mais, sete.
Em termos gerais, de maneira ampla, o governo Dilma foi inferior, menos eficaz que o governo do ex-presidente Lula?
Voc� est� falando em termos de pol�tica industrial?
Na �rea econ�mica em geral.
Porque com a mesma pol�tica, pelo timing dos dois governos, o governo Dilma seria prejudicado pelas dificuldade que n�s temos l� fora, quer dizer, o governo Dilma pegou um per�odo de crise que o governo Lula n�o pegou.
Fazendo essa abstra��o, na forma de atuar.
O governo do presidente Lula era um pouco mais aberto, o da presidente Dilma um pouco mais fechado. A pol�tica, eu acho, est� at� muito parecida, do ponto de vista industrial, estamos falando de pol�tica industrial, n�o teve nem grandes evolu��es nem grandes retrocessos, quer dizer, a pol�tica � mais ou menos a mesma. Agora, a facilidade na aplica��o da pol�tica, eu acho que era mais f�cil no governo Lula.
Agora a gente est� no meio de uma campanha pol�tica para a elei��o de presidente, governador, Congresso [Nacional], e a campanha da presidente Dilma Rousseff na televis�o tem feito o que alguns chamam de narrativa do medo, satanizando alguns setores da sociedade como bancos, empres�rios, e falando que h� uma situa��o em que se houver, por exemplo, autonomia do Banco Central, vai faltar comida na mesa do trabalhador, que se ganhar a candidata Marina Silva haver� menos investimos no pr�-sal, portanto menos dinheiro para a educa��o, e dando isso como um fato consumado. O sr. acha que essa narrativa � correta?
Olha, eu n�o gosto dessa quest�o de medo, entendeu? Eu acho que a gente n�o tem que ter medo. Ent�o, eu n�o acho que a gente tem que cultivar, cultuar essa quest�o do medo, eu acho que teria que ser propositivas as campanhas, porque falar que um vai fazer, vai por medo, eu n�o acho que seja produtiva essa maneira de fazer pol�tica, mas na verdade est� acontecendo um pouco e eu n�o gosto n�o, mas a� ela est� sendo efetiva, vamos dizer assim, se voc� for ver o resultado das pesquisas, � uma coisa engra�ada, porque est� todo mundo certo. Ent�o, a pol�tica do PT fez com que a presidenta Dilma crescesse dois pontos, a Dilma, dentro dessa atitude, ela se fortaleceu de 36% para 38%. O A�cio que estava com 15%, dentro da mesma pol�tica de bater no PSB foi para 19%, e a Marina que tinha 31%, tinha ca�do para 30%, foi 29%, sendo pressionada pelos dois partidos, em termos de tempo 12 minutos mais 6 minutos, contra 2 minutos, e resistiu tamb�m. Ent�o deu certo para a presidente Dilma, deu certo para o A�cio, e deu certo para a Marina, que resistiu. � uma coisa engra�ada, a gente est� vivendo uma situa��o meio diferente, mas certamente agora esse neg�cio vai afunilar.
Em quem o sr. vai votar para presidente?
O sr. em quem vai votar?
Eu ainda n�o decidi, inclusive eu n�o vou votar. Estarei em S�o Paulo, como eu tenho t�tulo em Bras�lia n�o vou poder votar.
Ent�o, eu tamb�m n�o sei onde eu estarei. Porque talvez eu tamb�m n�o possa votar, mas independente se eu tivesse aqui eu tamb�m n�o te falava.
Por qu�? Porque os empres�rios brasileiros resistem?
O voto n�o � secreto? N�o, eu acho que uma das gra�as do voto � ser secreto tamb�m. Se todo mundo abrir o voto, como � que fica?
Mas o sr. se sentiria incomodado de revelar o seu voto, � isso?
N�o, eu n�o sinto necessidade de revelar o meu voto. Eu acho que o voto � de cada um, quer dizer. E vou te falar uma coisa, se voc� me perguntar hoje em quem eu votaria, eu n�o sei ainda, porque o meu voto � a favor das mudan�as, ou seja, se a presidente Dilma propor mudan�as com rela��o ao futuro do Brasil, ela tem chance de ter meu voto, se a candidata Marina propor mudan�as, ela tem possibilidade do meu voto, assim como A�cio.
Todos est�o propondo.
Agora, eu sou radical em favor das mudan�as, entendeu? Eu acho que o Brasil, se a gente n�o fizer as reformas e as mudan�as que t�m que fazer, n�s, n�o � que n�o vamos crescer, n�o � que n�s n�o vamos para frente, n�s vamos ter um per�odo de retrocesso, n�s vamos para tr�s.
Em quem o sr. vai votar para o governador de S�o Paulo?
� igual. Eu n�o sei o porqu� do seu interesse no meu voto.
Porque o seu voto � importante. Veja, numa democracia...
Meu voto � um, � um meu voto.
O sr. citou v�ria vezes o exemplo dos Estados Unidos.
Agora, no caso de S�o Paulo, particularmente, pela proximidade que eu tenho com o candidato Paulo Skaf, e pelo fato dele ser empres�rio, meu presidente, eu sou o vice-presidente dele, eu teria que ter uma infidelidade muito grande de n�o votar nele.
O sr. vai votar em Paulo Skaf?
Mas tem essa particularidade pela situa��o que eu estou vivendo. Ent�o, certamente, eu vou votar no Paulo. Agora, por isso, entendeu? E eu estou te falando porque eu n�o seria correto se eu n�o votasse nele em fun��o da proximidade que eu tenho com ele.
Em democracias desenvolvidas e consolidadas � natural que artistas, empres�rios, intelectuais, muitos revelem o voto, porque, enfim, s�o pessoas influentes na sociedade. O sr. citou os Estados Unidos, v�rias vezes como exemplo, em alguns aspectos da economia, e l� nos Estados Unidos � muito comum empres�rios que t�m sob o comando empresas como a do sr. revelarem o voto, por isso que eu perguntei para o sr.
Mas as condi��es s�o muito diferentes.
Quais s�o as diferen�as?
L� tem fidelidade partid�ria. L� s�o dois partidos, basicamente. L� ideologicamente � muito claro o que � um partido Republicano e o que � um partido Democrata, s�o diferentes as condi��es. Hoje, voc� n�o tem fidelidade partid�ria.
O sr. acha que se o sr. revela o voto no Brasil, um empres�rio como o sr., revela o voto no Brasil, pode sofrer persegui��o de algum grupo pol�tico quando fala ao p�blico?
Com certeza, com certeza. Pode.
De que ordem?
De toda ordem.
Por exemplo?
N�o existe essa pr�tica aqui de voc� poder falar e ficar por isso mesmo, entendeu? Mesmo porque � isso que eu estou te dizendo. L� fora voc� defende uma ideologia, voc� defende um partido, voc� defende um agrupamento de pessoas que t�m a mesma ideia. Aqui no Brasil n�o � isso.
� o qu�?
Ent�o quando voc� fala o voto, voc� vai votar numa pessoa, voc� n�o est� votando na ideologia, nem no partido, nem no agrupamento de pessoas que tenham determinado interesse. Ent�o, o voto em si � quase que um voto pessoal, do que um voto partid�rio, ou um voto ideol�gico.
Mas, por exemplo, o sr. est� dizendo que o sr. digamos, dissesse "vou votar no candidato X", vamos dizer "vou votar na candidata Marina Silva" e ela ganhe a elei��o a� n�o vai ter problema, se ela perde elei��o, ganha um grupo oponente, o sr. acha que o sr. poderia ser perseguido por isso?
Eu acho que poderia sim. Acho que poderia. Acho que � esse... mas n�o � esse que � o inibidor de falar o voto, entendeu? Porque falar o voto voc� poderia at� falar, essa realidade eventualmente pode existir. Ent�o voc� pega, por exemplo, o empres�rio brasileiro, banqueiro, s�o tremendamente dependentes do governo, no seu dia a dia e muitos deles �s vez com uma �nica fonte de sustenta��o no governo, o que � diferente tamb�m l� fora. L� fora voc� n�o tem essa necessidade de ter a boa vontade do governo. � o que eu te falei, aqui no Brasil, por exemplo, s� o BNDES te d� financiamento de longo prazo com car�ncia, ningu�m mais te d�. Ent�o se voc� n�o tiver do BNDES voc� n�o tem de ningu�m.
O sr. disse que l� fora h� diferen�a.
L� fora � diferente.
Pois eu tenho a impress�o que se o sr. revela o voto, enfim, fala a favor de um candidato e esse candidato n�o ganha, eu entendo que o sr., por conta disso, o sr. falou que n�o � por conta da revela��o do voto, mas por conta disso?
O empres�rio aqui n�o deve fazer pol�tica. A gente tem experi�ncias passadas que mostram que pol�tica e neg�cios n�o se misturam. Um cara para ser pol�tico ele n�o pode ser empres�rio.
Pol�tica sim, pol�tica eleitoral n�o.
N�o, mesmo pol�tica eleitoral. O fato de ser afiliado de partido, eu acho que empres�rio no Brasil ele tem que ser empres�rio, entendeu? Para ele ser pol�tico, ele tem que deixar de ser empres�rio, justamente por causa desses...
Dessa imbrica��o que existe?
�, que existe. Eu acho que aqui � muito claro isso, para mim � muito claro. Eu n�o recomendaria ningu�m, empres�rio, a fazer pol�tica. Assim como eu acho que pol�tico fazer a empresa tamb�m, ser empres�rio, tamb�m acho que n�o d� muito certo, quer dizer, eu acho que aqui � bem definido as coisas.
Deixa eu perguntar o seu ju�zo sobre os tr�s candidatos mais competitivos hoje � presid�ncia da Rep�blica. A�cio Neves, qual ju�zo o sr. faz do candidato A�cio Neves, do PSDB?
Sempre me perguntam isso, e eu sempre digo a mesma coisa, eu vejo qualidades nos tr�s e vejo eventuais fraquezas nos tr�s. E � uma coisa engra�ada at�, porque, se voc� for analisar, a presidente Dilma est� sempre aquele n�vel de 30% a 40%, a Marina tamb�m est� ali nos 30%, e o A�cio agora est� entre os 20%, 30% tamb�m. Ent�o, certamente tem pessoas que gostam da presidente Dilma e votam nela, que gostam da Marina e que gostam do A�cio. Ent�o eu te diria, o A�cio, voc� perguntou A�cio primeiro, n�o � isso?
O A�cio.
T�. O A�cio, eu gosto dele � um bom amigo, � um jovem com hist�ria pol�tica de vida toda, acho ele preparado, acho ele com vontade de dar continuidade ao trabalho pol�tico que veio l� de tr�s, que teve o av� eleito presidente e n�o pode exercer o mandato.
Mas, eu queria que o sr. resumisse um pouco por causa do tempo.
Eu tenho que falar um pouco, calma. Voc� n�o me perguntou? Eu estou falando. Ent�o eu acho que o A�cio ele tem condi��es, tem qualidades, � de um partido que teve chances de governar, acho que poderia ser um pouco mais agressivo nas mudan�as. Mas acho que � um cara preparado, acho que � uma cara, uma pessoa, que certamente um dia vai ter chances de exercer fun��es maiores dentro da pol�tica.
Marina Silva, candidata pelo PSB?
Eu acho a Marina tamb�m uma candidata que teve hist�ria, quer dizer, a Marina n�o � um fato novo. A Marina teve 20% dos votos na elei��o passada. Ela foi senadora, tem uma hist�ria de vida bonita, quer dizer, saiu do seringais do Acre para num momento ser candidata a presidente, ela sintetiza todos aqueles que s�o contra, ent�o ela conseguiu aglutinar esse voto que � o voto contra as condi��es que existem e que foi manifestado nos movimentos de rua....
No ano passado.
...tempos atr�s. Ent�o � uma coisa consistente, � uma coisa que est� lan�ada e eu vejo ela como uma pessoa que evoluiu tamb�m, quer dizer, a gente tem as pessoas...
� um risco a candidatura dela para o Brasil pelo fato dela ter um grupo pol�tico tradicional pequeno para sustent�-la e, possivelmente, um grupo pequeno institucional dentro do Congresso se vier a ser eleita?
Eu n�o acho que n�o � um risco. Eu n�o acho a Marina um risco, porque depois de ganhar a elei��o, se voc� tem bom senso, voc� consegue aglutinar todas as for�as do Congresso. Ent�o, a hora que voc� est� eleito esse risco n�o existe, a n�o ser que voc� n�o tenha racionalidade e bom senso, no caso eu acho que ela tem, porque se n�o ela n�o estaria onde ela est�. Ent�o eu n�o vejo esse risco.
Em resumo, como o sr. j� disse, o sr. considera que ela seria tamb�m uma boa op��o para presidente?
Eu acho que n�o s� o candidato A�cio � uma boa op��o, como a Marina � uma boa op��o, assim como a Dilma para alguns tamb�m � uma boa op��o.
Para o sr. �?
Eu acho que se houver reformas, se houver evolu��o, eu acho que sim. Eu acho que a presidente Dilma...
Mas falta uma semana para elei��o, o sr. acha que ela j� n�o poderia ter convencido o sr. de que vai fazer mudan�as?
Eu acho que isso da� tem que ser, para quem est� no governo, isso a� tem que ser um processo de evolu��o. Eu acho que a presidente Dilma fez muitas coisas boas no governo, eu acho que o Brasil de hoje � muito melhor do que o de 10 anos atr�s e o de 10 anos atr�s muito melhor do que o de 10 anos atr�s. Ent�o, a gente est� numa evolu��o, n�o � que est� tudo errado, n�o � que est� tudo... eu acho que dentro de algumas coisas ideol�gicas, a gente tem que tentar ter uma converg�ncia, ou seja, ela... Para ser eleito hoje voc� v� que nenhum dos tr�s, dentro das propostas que est�o na mesa, consegue ser eleito sozinho. Se n�o a presidente Dilma ganharia no primeiro turno, a Marina ganharia no primeiro tundo, o A�cio ganharia no primeiro turno. Ent�o, os tr�s t�m que evoluir e conquistarem aquilo que n�o tem. Quem evoluir e conquistar o que n�o tem, � o que vai ser eleito. Ent�o, isso que eu estou falando vale para os tr�s.
Mas falta uma semana para a elei��o, para o primeiro turno no dia 5 de outubro, quem at� agora dos tr�s, de acordo com essa sua descri��o, vocaliza mais as mudan�as que o sr. diz serem necess�rias?
As mudan�as que eu digo serem necess�rias, relativas a quest�o de economia, a quest�o de investimento, a quest�o de diminui��o do tamanho do Estado, da economia, e abertura para a iniciativa privada seja nacional, internacional, na verdade n�o foram postas na mesa por nenhum dos tr�s. Talvez um pouquinho mais pelo candidato A�cio, que � uma linha do PSDB. Ent�o dentro do que � o meu setor espec�fico, isso na verdade n�o foi posto na mesa, mas isso n�o ganha elei��o, porque n�s somos uma minoria, est� certo? E isso pode ser negociado qualquer tempo. Agora, eu acho que � importante, do ponto de vista do futuro, que a gente tenha claro, porque � aquilo que eu falei antes, eu acho que o risco do Brasil n�o � s� de n�o crescer, o risco do Brasil � de voltar para tr�s. Ent�o, por isso que eu acho que � necess�rio a discuss�o.
Se a presidente Dilma mantiver a mesma pol�tica que manteve at� agora, o Brasil anda para tr�s?
E ela n�o est� mantendo a mesma pol�tica, tanto � que o ministro Mantega est� fazendo esfor�o grande de converg�ncia com os empres�rios para tentar....
Tem tido resultados?
Tem. Tem tido resultados. Tanto � que n�s estamos fazendo reuni�o atr�s de reuni�o, n�s estamos evoluindo nesse processo, e eu acho que est� tendo resultado, tanto para o governo quanto para os empres�rios.
As suas declara��es recentes a respeito da elei��o levaram alguns a interpretar em Bras�lia que o sr. teria "marinado", feito declara��es sucessivas que davam a entender que o sr. votaria em Marina Silva. Criou um mal-estar dentro do governo, o sr. se sentiu em algum momento incomodado por declara��es de algu�m do governo que possa ter ligado com o sr. ou conversado?
Eu n�o vejo nada de mais na declara��o que eu dei. Eu dou aqui ela outra vez. O que eu disse � que a Marina � uma boa op��o para o Brasil. E eu digo para voc� que a Marina � uma boa op��o para o Brasil, n�o vejo problema nisso. Agora, acho que tamb�m o A�cio � uma boa op��o para o Brasil, conforme eu te disse.
E a Dilma?
E a presidente Dilma tamb�m pode ser uma boa op��o para o Brasil, ela atendendo certas mudan�as que s�o necess�rias, n�o porque eu estou dizendo. Porque o Brasil est� nessa situa��o que est�.
O sr. fala que Marina � uma boa op��o, o A�cio � uma boa op��o, no caso da presidente Dilma voc� a qualifica, diz "se ela fizer as mudan�as", etc. Isso me leva, por analogia a interpretar assim. Ent�o Marina e A�cio s�o op��es melhores. Porque o sr. diz � uma boa op��o, outro � uma boa op��o e Dilma � uma boa op��o se fizer as mudan�as, etc.
Porque eu j� te falei tamb�m, os dois outros candidatos, tanto a Marina quanto o A�cio, do ponto de vista daquilo que me diz respeito direto. N�o tem um posicionamento claro com aquilo que a gente est� discutindo com o governo Dilma, no sentindo das mudan�as. O PSDB tem a linha dele que j� � conhecida de vem desde l� de tr�s. A Marina a gente ainda n�o sabe exatamente qual vai ser a linha dela em termos de econ�micos, vamos dizer assim, a gente tem um programa, mas a gente n�o tem a pessoa, n�o tem a equipe, n�o tem a ideia ainda, e na presidente Dilma a gente sabe aquilo que deu certo e aquilo que n�o deu t�o certo, � de conhecimento de todos. Agora, se voc� for ver, a presidente Dilma tem 38% de apoio, a Marina tem 29% e o A�cio tem 20%. Ent�o tem gente que v� certeza nos tr�s. No caso espec�fico, do ponto de vista do empresariado privado, a gente v�, em fun��o da experi�ncia recente, mudan�as que devem ser feitas, e � isso que n�s estamos negociando com o governo. Ent�o, quando eu falo das mudan�as � s� nesse aspecto que me diz respeito direto o que est� sendo negociado com o governo e que est� tendo uma boa vontade, porque voc� falar falta uma semana, tudo bem, falta uma semana mas a gente est� discutindo toda semana para ver se a gente consegue um consenso.
Ou seja, o sr. pode "dilmar" ainda ent�o?
� aquilo que eu te falei, eu n�o sei em quem eu vou votar ainda. Posso at� "dilmar". Desde que atendidas algumas mudan�as que eu acho importante. Porque � aquilo que eu te falei, o que era o que a gente muda n�o � por mim, eu quero que a gente mude pelo Brasil. A gente est� vivendo um momento que podia estar, o Brasil, muito melhor. � isso que me incomoda, entendeu?
O sr. foi ou se sentiu pressionado nos �ltimos dias a dar declara��es menos efusivas a respeito de Marina Silva?
N�o, por qu�? A declara��o que eu dei no passado, eu estou dando aqui para voc� agora, entendeu? E acho que o que falei est� certo, porque eu acho que a Marina � uma boa op��o, ela pode ser uma boa op��o. A mudan�a � necess�ria, pode ser que venha atrav�s da Dilma, atrav�s da Marina, atrav�s do A�cio, mas as mudan�as s�o necess�rias.
O sr. j� dedicou muitos anos da sua vida, da sua carreira � iniciativa privada. Gostaria de, eventualmente, ter alguma experi�ncia dentro de alguma administra��o p�blica? De algum governo?
Eu acho que isso � um dever de cada um de n�s. Eu acho que em algum momento do vida, a gente tem que retribuir de alguma forma aquilo que a vida nos deu. Ent�o, eu penso sim em algum momento fazer algum tipo de servi�o p�blico.
Ent�o, o sr. aceitaria, se convidado, ser ministro de Estado de algum governo?
Se eu tivesse condi��es de aceitar, do ponto de vista da iniciativa privada, ou seja, se pudesse ter certeza que os neg�cios estariam bem administrados, eu aceitaria sim.
Em que �rea o sr. se v� em um eventual governo?
Qualquer uma.
N�o, alguma que o sr. ache "puxa, se eu estivesse l� como ministro ali eu ia trabalhar bem".
Eu tenho uma caracter�stica particular de se fazedor, ent�o teria que ser uma �rea que precisasse que fossem feitas as coisas. Ent�o... Mas, muita aberta. Pode ser desde educa��o, sa�de, agricultura, habita��o.
Pode ser j�, a partir do ano que vem, 2015?
Eu acho que eu n�o tenho tempo n�o. Os neg�cios est�o precisando da gente hoje. Eu acho que eu n�o teria condi��es ainda de, por mais que eu quisesse, eu acho que eu ainda tenho esses pr�ximos anos de organiza��o, e acho que, particularmente, o ano que vem vai ser dif�cil. Ent�o, para o empresariado poder...
O Brasil vai crescer quanto no ano que vem?
Depende.
Mais ou menos. Entre quanto e quanto?
Eu acho que mais importante do que crescer � a gente estabelecer as condi��es para o crescimento, quer dizer, talvez o Brasil cres�a pouco o ano que vem, mas estabele�a condi��es para crescer muito nos pr�ximos anos.
� porque o crescimento do ano que vem j� est� comprado agora, n�o �?
Esse ano vai ser quase zero.
Tudo que acontecer ano que vem � o que se fez agora.
Esse ano vai ser muito ruim, eu acho.
E o ano que vem, em fun��o do que se fez neste, vai ser como?
Eu acho que vai ser dif�cil para qualquer um dos candidatos.
O PIB cresce pouco, por consequ�ncia, ent�o?
O PIB cresce pouco, eu acho que esse ano n�s vamos crescer pouco, mas isso tudo bem. Aquilo que eu falei, crescer pouco um ano n�o quer dizer nada. Eu acho que a gente tem que estabelecer condi��es, a gente tem que fazer corre��es para que n�o volte para tr�s, essa � a primeira preocupa��o. A partir da�, a gente tem que criar condi��es para crescer.
O ano que vem j� era?
O ano que vem, muito dif�cil, porque se voc� for ver a arrecada��o est� caindo, em fun��o da recess�o que n�s estamos vivendo, ent�o n�s vamos entrar num ano com crescimento baixo, uma recess�o na porta, desemprego na porta, o governo vai ter que se adaptar com ajuste fiscal, porque a arrecada��o cai, o gasto tamb�m, o investimento, o gasto tem que a cair e tem que se adaptar a uma nova realidade tamb�m externa, porque as coisas l� fora tamb�m est�o dif�ceis, e temos que ter boa vontade sempre do pessoal de fora para poder, de alguma forma, suportar o nosso crescimento. Ent�o, � um ano que vai ser muito dif�cil independente de quem ganhe.
Muito bem. Benjamin Steinbruch, presidente da Fiesp, diretor-presidente da CSN, do Grupo Vicunha, muito obrigado por sua entrevista � Folha de S. Paulo e ao UOL.
Obrigado a voc�.
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