Marine Le Pen sobe tom para reverter desvantagem no segundo turno
Patrick Kovarik/AFP | ||
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A candidata da direita nacionalista Marine Le Pen concede entrevista ao canal France 2 na segunda |
Um dia ap�s ser classificada para o segundo turno das elei��es presidenciais francesas, Marine Le Pen, da direita ultranacionalista, anunciou nesta segunda-feira (24) que deixa temporariamente a lideran�a do partido Frente Nacional.
Com esse primeiro gesto, a candidata deu in�cio a uma nova etapa de sua campanha. Le Pen disputa o segundo turno em 7 de maio com o centrista Emmanuel Macron.
Macron teve 24% dos votos enquanto ela recebeu 21,3%.
A decis�o de Le Pen, de peso simb�lico, coincidiu com o endurecimento de seu discurso de campanha, enquanto tenta atrair eleitores de direita e esquerda para sua plataforma nacionalista.
ELEI��O NA FRAN�A - Resultado do primeiro turno, em %
Le Pen est� ciente de que, segundo as pesquisas de opini�o atuais, ela deve ser derrotada no segundo turno. Uma estimativa do instituto Ipsos sugere que Macron teria 62% dos votos contra os 38% da ultradireitista, uma margem que ela precisa romper em duas semanas.
Fora da lideran�a da Frente Nacional, ela pode parcialmente se afastar da imagem de xenofobia e antissemitismo tradicionalmente atrelada ao partido, fundado por seu pai, Jean-Marie Le Pen. A rejei��o ao seu radicalismo � um dos obst�culos entre a candidata e a Presid�ncia.
"HIST�RICO"
O segundo turno ser� disputado em torno de temas fundamentais ao debate p�blico franc�s: a migra��o, a seguran�a e a economia.
Outro assunto-chave � a integra��o na Uni�o Europeia. Macron � favor�vel ao bloco econ�mico, enquanto Le Pen quer um referendo para deix�-lo, como o Reino Unido decidiu em junho.
Le Pen afirmou nesta segunda que seu rival � um "europe�sta hist�rico e radical" que ser� incapaz de lidar com o terrorismo. "Ele � a favor de fronteiras totalmente abertas. Ele diz que n�o existe uma cultura francesa. N�o h� nenhuma �rea em que ele demonstre um pouco de patriotismo", afirmou Le Pen ap�s a vota��o de domingo.
Os mercados reagiram com euforia � classifica��o de Macron para o segundo turno —sinal de que, afinal, a Fran�a n�o deve tentar deixar a UE.
O euro chegou a seu maior valor em cinco meses em rela��o ao d�lar. No Brasil, a moeda fechou a R$ 3,125.
SISTEMA
Tanto Macron quanto Le Pen ir�o tentar retratar um ao outro em suas campanhas como um representante do sistema. O eleitorado demonstrou, nas urnas, que est� cansado dos partidos tradicionais, que n�o ir�o ao segundo turno pela primeira vez na hist�ria moderna.
Nenhum deles, no entanto, � um completo estranho � pol�tica. Mesmo nunca eleito a um cargo p�blico, Macron foi ministro da Economia do atual governo socialista.
O presidente franc�s, Fran�ois Hollande, declarou seu apoio ao centrista durante o dia, assim como outros pol�ticos de esquerda e direita haviam feito na v�spera.
Le Pen disse que Macron "� parte da velha guarda da pol�tica francesa, de uma maneira ou outra respons�vel por onde estamos hoje".
Mas ela tampouco est� fora do sistema. Le Pen � membro do Parlamento Europeu e sua fam�lia est� h� d�cadas na pol�tica, apesar de nunca ter chegado a Presid�ncia.
"DEMOLI��O"
Um dos principais resultados do primeiro turno foi a derrota hist�rica do governista Partido Socialista, cujo candidato, Beno�t Hamon, teve apenas 6,3% dos votos.
O ex-premi� socialista Manuel Valls declarou seu apoio a Macron e fez uma autocr�tica diante do resultado.
"Estamos em uma fase de decomposi��o, demoli��o, desconstru��o", afirmou. "N�s n�o fizemos o trabalho intelectual, ideol�gico ou pol�tico sobre o que � a esquerda e pagamos o pre�o."
O candidato conservador Fran�ois Fillon, dos Republicanos, tamb�m admitiu a derrota e afirmou que n�o ter� nenhum papel de lideran�a no futuro de seu partido.
Outrora favorito ao cargo, Fillon teve 20% dos votos, ap�s vir � tona um esc�ndalo de corrup��o no qual ele est� envolvido.
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