Ativistas impulsionam lideran�a de candidato antipolariza��o na Fran�a
Jimmy Brumant, 24, bate � porta. "Bonjouuuuur!". Se algu�m abre, ele entrega um panfleto. Caso contr�rio, deixa o papel na dobradi�a e segue ao apartamento seguinte. Da cobertura ao t�rreo, de n�mero em n�mero.
Brumant � parte de um ex�rcito de jovens ativistas que, entusiasmados, t�m se mobilizado pelo movimento Em Frente!, do candidato centrista Emmanuel Macron.
A presen�a desses militantes nas ruas e o engajamento com o p�blico � uma das raz�es pelas quais Macron, aos 39 anos e com um movimento nos moldes de start-up, � um dos favoritos �s elei��es francesas. O primeiro turno ser� neste domingo (23).
Regis Duvignau - 9,mar.2017/Reuters | ||
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Emmanuel Macron, l�der nas pesquisas na Fran�a |
Macron tem 25% das prefer�ncias, segundo pesquisa do instituto Harris de quarta (19), � frente da ultradireitista Marine Le Pen, com 22%. A margem de erro � de 1,5 ponto percentual em ambas as dire��es.
A reportagem acompanhou os ativistas durante uma tarde em Lyon. A cidade � o ber�o pol�tico do candidato, que lan�ou sua plataforma h� um ano, apoiado pelo prefeito local, G�rard Collomb, do Partido Socialista.
O quartel-general do movimento � um escrit�rio no andar t�rreo, com vigas expostas e paredes descascando, onde os membros debatem sua estrat�gia de campanha. O local � enfeitado por bandeiras da Fran�a e da Uni�o Europeia –a principal rival de Macron, Le Pen, � contr�ria ao bloco econ�mico.
"N�s somos ca�ticos, mas eficientes e empolgados", diz o empres�rio Bruno Bonnell, que chefia hordas de volunt�rios na cidade. H� 4.000 membros ativos na regi�o de Lyon, no que j� foi descrito como uma guerrilha pol�tica.
Os volunt�rios s�o chamados "marcheurs", que pode ser traduzido como "caminhantes", alus�o ao nome do movimento, "En Marche!".
ELEI��O NA FRAN�A - Pesquisa de inten��o de voto no 1� turno, em %
DEDICA��O
O empres�rio Bonnell, 58, nunca havia se envolvido com pol�tica at� conhecer Macron. O candidato ainda era ministro da Economia, cargo que deixou em agosto.
"Percebi que ele � um homem com uma vis�o do s�culo 21. � algu�m que realmente quer mudar o pa�s", afirma. "Decidi n�o ser apenas um cidad�o, e ajudar."
Os andarilhos chefiados por Bonnell passaram estes meses de porta em porta entregando folhetos com o programa de Macron e organizando debates com eleitores.
"As ideias dele s�o novas para mim", diz o contador Jaafar Greinch, 31, membro da guerrilha. Filho de marroquinos, ele diz que Macron "me deu a esperan�a de que posso ser ouvido. Os partidos tradicionais s�o fechados."
O movimento Em Frente! � financiado por doa��es, limitadas por lei a R$ 25 mil por pessoa. Mais de R$ 22 milh�es j� foram coletados.
Os andarilhos de Macron s�o volunt�rios. Um deles, o bacharel em direito Baptiste Meletier, 23, passa suas tardes e noites em campanha.
"� exaustivo, mas queremos muito que ele ven�a e temos que fazer o que podemos", afirma. Ap�s a experi�ncia, ele planeja trabalhar com pol�tica e, quem sabe, um dia concorrer tamb�m.
Diogo Bercito/Folhapress | ||
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Ativistas no QG do candidato Emmanuel Macron, em Lyon |
A dedica��o desses andarilhos � fundamental para o sucesso do Em Frente!, afirma o analista Gerard Grunberg, do Centro de Estudos Europeus da Sciences Po.
"Os partidos mais antigos n�o t�m esse entusiasmo nem uma base de ativistas."
Outra chave � o seu apelo a quem quer votar em um candidato com experi�ncia mas que, ao mesmo tempo, esteja contra o sistema –� uma contradit�ria combina��o que tem convencido.
Macron foi ministro da Economia do governo socialista de Fran�ois Hollande e tem o apoio do ex-premi� Manuel Valls. Simultaneamente, se apresenta como um candidato antissistema.
"� uma situa��o estranha, mas talvez por isso mesmo ele possa ganhar", afirma.
Nas �ltimas d�cadas, Armelle Grenier, 55, votou em partidos de centro, "que j� n�o existem mais". Siglas tradicionais, como o Partido Socialista, de centro-esquerda, decepcionaram eleitores e devem ser punidas nestas elei��es. O candidato socialista, Beno�t Hamon, pode receber s� 7,5% dos votos.
Macron � hoje o candidato de eleitores que, como Grenier, est�o cansados da polariza��o dentro do espectro.
"Ele quer reunir as pessoas de maneira com que possam trabalhar juntas, a despeito de serem de direita ou de esquerda", diz a consultora de marketing. "Quem n�o tem uma ideologia sente que tem chance de se expressar."
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