Presidente eleito, Trump sempre gostou de brigas e entradas triunfais
Donald John Trump, 70, tem gosto por entradas triunfais. Anunciou sua candidatura � Casa Branca com um delas, descendo a escada rolante da Trump Tower. Nos anos 1990, combinou smoking e luvas de boxe para chegar numa festa que deu para si, num per�odo em que se reerguia ap�s a ru�na de v�rios neg�cios seus.
O presidente eleito dos EUA n�o gosta de ir � lona. "Nunca fracassei, porque sempre transformei fracassos em �xitos", disse a seu bi�grafo Michael D'Antonio em 2014.
Naquela rodada de entrevistas, tamb�m afirmou ser um homem "sem her�is", com dificuldade de reverenciar terceiros ("a maioria das pessoas n�o � digna de respeito") e com paix�o por brigas –no best-seller "A Arte da Negocia��o" (1987), lembra de quando deu um olho roxo num professor de m�sica porque achou que ele n�o sabia muito do of�cio. "Desde cedo eu tinha a tend�ncia em defender minhas opini�es de um jeito muito en�rgico."
N�o lhe faltou energia na vit�ria presidencial mais inesperada da hist�ria recente americana. Quase ningu�m apostou no ex-dono de um imp�rio de cassinos.
O estat�stico Nate Silver primeiro desdenhou de suas chances nas pr�vias ( "calma, ele n�o � um republicano de verdade"), e na v�spera da elei��o dava a Hillary mais de 70% de probabilidade de ganhar.
Um colunista do "Washington Post" prometeu: comeria suas palavras se ele virasse presidenci�vel, e quando aconteceu digeriu receitas preparadas com papel jornal por um chef.
Sem lev�-lo a s�rio, o site "Huffington Post" decidiu noticiar sua campanha na se��o de entretenimento. Desistiu em dezembro de 2015, com Trump em alta nas pesquisas: "N�o estamos mais entretidos".
O empres�rio parecia estar: atropelou os 16 advers�rios nas pr�vias e, no embate final, a democrata Hillary Clinton, apontada desde sempre como favorita.
Para tanto apresentou-se como um Midas moderno capaz de fazer a "Am�rica ser grandiosa de novo", ainda que muitos de seus neg�cios, de cassinos � vodca Trump, tenham oxidado.
Trump seguiu os passos do pai, um empreendedor imobili�rio que fez fortuna construindo apartamentos populares subsidiados pelo governo. Em 1975, ganhou uma ajuda de US$ 1 milh�o de Fred Trump, que j� foi acusado de discriminar negros que n�o conseguiam alugar em seus edif�cios.
Formou-se na prestigiada escola de finan�as da Universidade da Pensilv�nia. Foi com um terno vinho, em seu Ford convers�vel verde, para o primeiro dia de aula, em 1966. Disse a um professor que um dia seria "o rei do setor imobili�rio de Nova York".
Ser�, a partir de 20 de janeiro, o 45� presidente dos EUA, ap�s uma corrida em que foi abandonado por todos os l�deres de peso do pr�prio partido, inclusive os ex-presidentes Bush pai e filho.
Quando, durante a campanha, uma liga estelar que inclu�a Beyonc� e Madonna se alinhou por Hillary, o bilion�rio provocou: "Sou s� eu, mas tenho minha fam�lia, tenho minha fam�lia".
Trump levou o cl� para o centro de sua pol�tica : os filhos Donald Jr., 38, Ivanka, 35, e Eric, 32, que teve com a primeira mulher, a ex-modelo tcheca Ivana, e Tiffany, 23, que teve com sua segunda mulher, a atriz estadunidense Marla Maples.
De fora, s� Barron, 10, filho da atual mulher. A ex-modelo eslovena Melania se casou com Trump em 2005, num vestido de US$ 100 mil da Dior e o casal Clinton na lista de convidados.
A hoje "m�e em tempo integral" ser� uma primeira-dama estrangeira in�dita em quase dois s�culos (a �ltima foi a londrina Louisa Adams, mulher de John Quincy Adams, presidente de 1825 a 1829). Promete ser diferente "de todas as outras".
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