Cuba rompeu contratos para garantir recursos � Odebrecht
Ismael Francisco - 27.jan.14/Cubadebate | ||
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Obras do porto de Mariel, em Cuba, feito pela Odebrecht com financiamento do BNDES |
Para garantir recursos �s obras tocadas pela Odebrecht, o governo cubano rompeu contratos com outros exportadores brasileiros. A empreiteira absorveu 64% dos US$ 980 milh�es em financiamentos aprovados pelo BNDES para a ilha entre 2009 e 2014.
No in�cio, quando o governo Lula decidiu apoiar Cuba e participar de investimentos no pa�s, o compromisso era emprestar US$ 600 milh�es.
Os recursos seriam aplicados em projetos de v�rios setores, como infraestrutura, farmac�utico e turismo, e liberados durante quatro anos.
Em outubro de 2009, um ano ap�s o in�cio do projeto, uma miss�o cubana esteve em Bras�lia e visitou v�rios membros do Cofig. Os cubanos queriam convencer os brasileiros a cancelar contratos j� assinados e direcionar recursos para o porto de Mariel.
T�cnicos do Minist�rio do Desenvolvimento e do BNDES argumentaram que o fim dos contratos prejudicaria outros exportadores brasileiros, mas n�o tiveram �xito, segundo os documentos examinados pela Folha. Nos meses seguintes, Cuba cancelou v�rios contratos unilateralmente, e as tentativas dos t�cnicos de punir o pa�s n�o prosperaram.
Uma das maiores empregadoras de Cuba depois do governo, a Odebrecht tinha prest�gio com os irm�os Castro. Numa visita de Lula a Mariel, Ra�l disse que "os cubanos deveriam aprender com a Odebrecht", conforme telegrama diplom�tico revelado pela Folha em novembro.
OUTRO LADO
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva disse que recebeu recursos da Odebrecht e de outras empresas como remunera��o por palestras que fez depois de deixar o governo, mas negou por meio da assessoria de imprensa do Instituto Lula que tenha recebido para defender os interesses da empresa em Cuba.
Como Lula tem reiterado desde que se tornou alvo das investiga��es da Opera��o Lava Jato, o Instituto Lula afirmou que as palestras s�o a �nica atividade remunerada do ex-presidente desde que entregou o cargo a Dilma Rousseff, em janeiro de 2011.
Ele confirmou ter feito uma palestra em Cuba no dia 26 de fevereiro de 2014 –"mais de tr�s anos depois de deixar a Presid�ncia da Rep�blica"– e informou que recebeu por ela o mesmo valor de refer�ncia das demais 72 palestras que realizou entre 2011 e 2015 para mais de 40 empresas.
Questionado pela Folha sobre os motivos que o levaram a ignorar a recomenda��o dos t�cnicos do governo e aceitar garantias consideradas fr�geis para os empr�stimos cubanos, Lula n�o respondeu. Tamb�m n�o quis discutir se a amizade com Fidel e Ra�l Castro influenciou a decis�o de dar aval aos empr�stimos destinados a Cuba.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social) informou que, dos US$ 980 milh�es liberados para Cuba nos �ltimos anos, foram desembolsados US$ 775 milh�es de 2009 a 2016, beneficiando 25 exportadores brasileiros.
O banco estatal afirmou ainda que o Fundo de Garantia � Exporta��o (FGE), desde sua cria��o, j� arrecadou US$ 1,2 bilh�o em pr�mios pagos por diversos pa�ses para utiliza��o do seguro que ele oferece �s opera��es contratadas pelo BNDES.
J� as indeniza��es pagas pelo FGE ao Tesouro por causa de inadimpl�ncia dos importadores ficaram em apenas US$ 36,5 milh�es, sendo que US$ 18,9 milh�es foram recuperados posteriormente. O banco n�o disponibilizou dados espec�ficos para Cuba.
Procurados, o Minist�rio da Fazenda e o Tesouro Nacional n�o responderam �s perguntas da reportagem.
A Odebrecht, que no ano passado fechou acordo com o Minist�rio P�blico Federal para colaborar com a Opera��o Lava Jato, preferiu n�o dar entrevista, argumentando que os contratos eram fechados pelos governos do Brasil e de Cuba e que a empresa era s� interveniente.
A assessoria de Dilma tamb�m n�o se manifestou.
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