Emergentes devem desapegar-se de mat�rias-primas
Especialista nos estudos do desenvolvimento das na��es, o economista Ricardo Haussmann, da universidade americana Harvard, diz que os pa�ses em desenvolvimento n�o devem ficar amarrados � ideia de elaborar suas mat�rias-primas para valoriz�-las no mercado externo.
O mantra, comumente repetido em pa�ses como o Brasil, pode ser uma estrat�gia "castradora" da busca de outras habilidades, afirma. "N�o � algo errado, mas � uma estrat�gia extremamente limitada e limitante."
Segundo ele, obter mat�rias-primas para fabricar algo n�o � o determinante na competitividade dos pa�ses: "Os su��os n�o duvidaram em desenvolver a sua ind�stria de chocolate, mesmo que n�o tivessem uma planta��o de cacau � sua disposi��o".
Para ele, o beneficiamento de commodities pode adicionar "um pouquinho mais de valor" agregado a cadeias produtivas como a da soja.
"E vamos vender frango e porco em vez de de vender soja. Ok. Mas isso � muito pequeno, � uma parte muito pequena do com�rcio mundial", afirma. Segundo ele, 50% dos bens transacionados no mundo s�o m�quinas e 20% produtos f�rmacos.
A localiza��o geogr�fica dos pa�ses que fabricam esses produtos n�o � determinante. "A mat�ria-prima que importa � o conhecimento, � saber fazer, e as possibilidades de combinar as formas de saber fazer. Para o resto, basta ter um porto mais perto."
PRODUTOS E PALAVRAS
O economista explica de maneira simples o que faz com que algumas na��es alcancem o desenvolvimento e outras fiquem para tr�s.
Produtos fabricados pelos pa�ses s�o como palavras, ilustra Haussmann. Quanto mais letras uma na��o tiver � sua disposi��o, mais palavras ser� capaz de formar.
"Pa�ses das regi�es mais pobres usam as mesmas letras. Por isso, fazem menos palavras e palavras menos complexas."
Brasil e Argentina j� est�o no limite do que podem produzir com as "letras" que possuem. Ou seja, para retomar o crescimento, as economias desses pa�ses dever�o ampliar o alfabeto.
Para galgar graus de complexidade, � preciso ampliar as redes de conhecimento, diz o economista. A abertura das economias a investimentos e empresas estrangeiras e � imigra��o s�o formas de ampliar o vocabul�rio de maneira r�pida e eficaz. "� mais f�cil mover os c�rebros para os pa�ses do que o conhecimento para os c�rebros".
Para ele, a estrat�gia de substitui��o de importa��es e prote��o dos mercados dom�sticos contra produtos estrangeiros � ineficiente para gerar crescimento.
"H� mais possibilidades de crescer exportando do que cativando seu pr�prio mercado. Ao fechar-se, a Argentina tem 40 milh�es de consumidores. Exportando teria possibilidade de acessar 7 bilh�es de pessoas. � uma estrat�gia muito mais abrangente."
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