Mesa da Flip chama a aten��o para necessidade de c�none extraoficial
Bruno Santos/Folhapress | ||
O poeta Edimilson de Almeida Pereira na mesa Arqueologia de um Autor, na Flip |
A mesa Arqueologia de um Autor, que abriu �s 12h desta quinta (27) a programa��o oficial na 15� Flip, valorizou a necessidade de um c�none que inclua os descendentes de negros e ind�genas.
Apesar de boa parte das participa��es dos estudiosos Beatriz Resende e Felipe Botelho Corr�a ter sido dedicada a como iniciaram suas pesquisas sobre Lima Barreto, o que mais despertou interesse do p�blico foi a fala de Edimilson de Almeida Pereira.
Muito aplaudido, o poeta e professor de letras da Universidade Federal de Juiz de Fora prop�s pensar a literatura de Lima Barreto num "pa�s conflagrado" em que hoje, como � �poca do escritor, as perspectivas dos negros eram "curtas, estreitas".
Embora, como frisou Beatriz Resende, Lima Barreto tenha sido "reconhecido por seus pares" em vida, coisa que atesta sua correspond�ncia, sua produ��o ficou de fora do establishment liter�rio da �poca.
Isso em parte se deveu ao fato de que o escritor perseguiu definir e cunhar uma "literatura militante", aspecto abordado por Felipe Botelho Corr�a em uma de suas interven��es.
Um dos pontos dessa literatura militante era a clareza, que o escritor buscava na oralidade.
Essa, disse Botelho Corr�a, foi umas marcas mais presentes do que Lima buscou fazer em seu esfor�o por atingir uma popula��o "que aprendia a ler ou tinha aprendido recentemente".
Em outro momento que provocou a rea��o de apoio do p�blico, Beatriz Resende frisou a aus�ncia nesta Flip de v�rios de seus colegas pesquisadores da UERJ, que n�o puderam participar do evento "porque est�o h� quatro meses sem receber".
CONTRA-C�NONE
A mesa se encerrou com outra participa��o de Edimilson de Almeida Pereira, respondendo a uma quest�o do p�blico que pedia que ele falasse mais sobre o c�none afrodescendente.
"Por ser fruto de rela��es sociais, todo c�none � obviamente constru�do. Nesse processo de constru��o se d� uma l�gica de sele��o e exclus�o". Ao favorecer os autores letrados, disse o professor, tal processo excluiu a literatura oral, a ind�gena, resultando num "c�none oficial" e num "c�none negativado, que �, de certa maneira, a literatura brasileira em sua amplitude mais profunda".
A linguagem de Lima Barreto nas cr�nicas "quando lidas em voz alta numa barbearia" -disse Pereira, voltando a um dos exemplos da fala de Botelho Corr�a- era uma "linguagem devolvida da literatura oral para um p�blico que talvez nem se desse conta dos assuntos que estavam sendo comentados".
"� preciso criar um contra-c�none", pela "desmontagem desse c�none estabelecido" e pela "proposi��o de elementos, modelos, valores" deste universo social silenciado.
Ao final da mesa, a curadora do evento, Joselia Aguiar, comunicou que, diante das muitas perguntas encaminhadas pelo p�blico a respeito da quest�o do c�none, a organiza��o tentaria abrir uma participa��o extra do professor mineiro, em programa��o paralela.
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