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04/04/2006 - 09h10

Diretor de "V de Vingan�a" rebate cr�ticas do "NYT"

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MARCO AUR�LIO CAN�NICO
da Folha de S. Paulo

Explodir um pr�dio pode mudar o mundo? Defender tal id�ia em um filme � apologia ao terrorismo? Uma produ��o hollywoodiana pode ser algo subversivo?

Essas quest�es t�m levantado discuss�es desde o lan�amento, no exterior, de "V de Vingan�a", filme baseado na HQ hom�nima de Alan Moore (texto) e David Lloyd (desenhos).

A polariza��o come�a com os pr�prios autores: enquanto Moore, brigado com Hollywood e com a ind�stria de HQs, afirmou em entrevistas � imprensa internacional que o roteiro � "um lixo" e que seu texto, uma esp�cie de manifesto pr�-anarquia, foi deturpado, Lloyd colaborou com a produ��o e defende a id�ia de que o filme seria, obrigatoriamente, algo distinto da HQ.

"Eles fizeram um filme para Hollywood, enquanto eu e Alan fizemos a hist�ria para um p�blico diferente, n�o precis�vamos agradar �s plat�ias em escala global", disse Lloyd em entrevista ao site Ain't It Cool News, especializado em cinema e HQ.

Com roteiro e produ��o dos irm�os Wachowski (a dupla respons�vel pela trilogia "Matrix") e dire��o do assistente de ambos, James McTeigue, o filme, que estr�ia no Brasil na pr�xima sexta-feira, conta a hist�ria de V (Hugo Weaving, o agente Smith de "Matrix"), um mascarado que tenta fazer, � base de explos�es e assassinatos, o povo se insurgir contra o governo fascista da Inglaterra de 2020. Em seu caminho, ele encontra e toma sob sua prote��o a mocinha Evey Hammond (Natalie Portman), enquanto escapa das investiga��es do detetive Eric Finch (Stephen Rea).

Em entrevista � Folha, por telefone, o diretor McTeigue falou sobre as modifica��es que foram feitas na hist�ria original e rebateu as cr�ticas de Alan Moore.

Folha - Como o sr. se envolveu no projeto do filme?
James McTeigue - No fim da trilogia "Matrix", comecei a conversar com os Wachowski sobre o que fazer a seguir. Eles haviam escrito um roteiro baseado em "V de Vingan�a" antes de come�ar "Matrix". Conversamos sobre a "graphic novel", sobre como ela ainda era atual, levantava boas quest�es. Eles disseram que talvez dev�ssemos tirar o roteiro da gaveta e atualiz�-lo, fazendo-o mais pr�ximo da pol�tica atual, porque a HQ foi escrita na d�cada de 80, nos anos Thatcher na Inglaterra. Como estavam cansados depois de trabalharem na trilogia "Matrix" por quase dez anos, eles acharam que seria bom para mim dirigir o filme, e eu realmente queria faz�-lo.

O roteiro muda diversos aspectos da hist�ria original, principalmente a personagem Evey. Por que essas mudan�as?
McTeigue - Achei que, fazendo Evey um pouco mais velha, mais consciente e independente, sua postura contra V seria mais interessante. Na HQ ela � quase uma v�tima que se apaixona por seu seq�estrador, achei que isso era muito ing�nuo, que, se acontecesse com uma garota nos dias de hoje, n�o seria assim, por isso mudamos. A HQ funcionava na �poca em que foi escrita, mas j� passamos daquele tempo.

Folha - Houve algum aspecto da HQ original que o senhor tenha sido for�ado a mudar?
McTeigue - Sempre h� coisas que voc� gostaria de manter, mas acaba tendo que cortar, n�o � poss�vel fazer uma filmagem exata da hist�ria original. Gosto de alguns personagens da HQ que acabaram n�o entrando, mas que est�o no filme de outra forma. Decidimos concentrar a trama em Evey, em V e no detetive Finch.

Folha - Mas h� aspectos da HQ que sumiram e que n�o dizem respeito ao ritmo do filme, por exemplo, o uso de drogas por Finch para entender a hist�ria de V. Houve algum tipo de censura?
McTeigue - Achei que seria mais interessante Finch ter uma esp�cie de premoni��o do que uma vis�o induzida por drogas. Entendo por que Alan Moore escreveu dessa forma naquela �poca, mas preferi que as descobertas tivessem mais a ver com a investiga��o e com a forma como o personagem sentia os acontecimentos.

Folha - O sr. leu as cr�ticas de Alan Moore ao filme? Em entrevista ao "New York Times", ele disse que o roteiro era um lixo.
McTeigue - Acho que, a menos que tiv�ssemos feito uma adapta��o p�gina por p�gina da HQ, Alan Moore nunca ficaria satisfeito. Tudo bem ele dizer isso, mas ele continua vendendo seus textos para Hollywood, ent�o voc� pode tirar suas pr�prias conclus�es. � desapontador, mas o que fazer?

Folha - O sr. acha que a atual pol�tica inglesa de combate ao terrorismo, que teve a��es como o assassinato do brasileiro Jean Charles no metr� de Londres, tem alguma semelhan�a com o tipo de governo fascista que vemos em seu filme?
McTeigue - N�o sei se podemos tra�ar um paralelo exato. O que podemos dizer � que o poder absoluto corrompe. Acho que esse tipo de pol�tica de "atirar para matar" n�o � boa para ningu�m. Esse � um caso tr�gico que mostra o absoluto medo com que as pessoas viviam depois dos atentados em Londres. Houve muitos erros no caso de [Jean Charles de] Menezes. Uma das coisas que tento mostrar no filme � que o governo deve falar a verdade o m�ximo poss�vel. N�o tem sentido colocar a m�dia em frenesi como aconteceu ap�s aquela trag�dia.

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