PCC se multiplica e cria filiais em RR; membros v�o de 50 a 1.000 em 3 anos
Um relat�rio de intelig�ncia do governo de Roraima produzido na semana passada afirma que o n�mero de membros da fac��o criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) cresceu 1.900% no Estado em apenas tr�s anos.
O documento da Secretaria de Justi�a e Cidadania � datado de 4 de janeiro, apenas dois dias antes da chacina que deixou 33 mortos na Penitenci�ria Agr�cola de Monte Cristo, em Boa Vista. Segundo o governo, o massacre foi ordenado por membros do PCC. O Estado identificou oito presos como autores da ordem para a chacina e pediu a transfer�ncia deles para pres�dios federais.
De acordo com o documento, a fac��o come�ou a agir em Roraima em 2013, a princ�pio com 50 homens. O n�mero saltou para 1.000 em 2016, "trazendo � tona novas lideran�as e uma nova reorganiza��o da cadeia hier�rquica do grupo criminoso", segundo o relat�rio, restrito a autoridades do sistema de seguran�a p�blica do Estado.
O estudo, de cinco p�ginas, afirma que "atualmente a quantidade de integrantes do PCC ultrapassa os 1.000 batizados, destes em torno de 150 e 200 encontram-se fora do sistema penitenci�rio".
Desse total, pelo menos 524 membros est�o "identificados", segundo o documento. Os outros s�o citados em conversas telef�nicas, mas ainda n�o foram corretamente nomeados. Eles se dividem em 11 "regionais" em todo o Estado, cada uma comandada por um membro da fac��o. Na capital, Boa Vista, haveria cinco "regionais", distribu�das por bairros.
O documento atribui ao PCC uma ordem dada por volta de fevereiro de 2016, um "salve geral", para uma s�rie de crimes no Estado, como "executar pelo menos um policial em cada 'regional'". Essa ordem resultou, segundo o relat�rio, em ao menos quatro atentados, "sendo executados dois policiais militares". Houve ainda uma tentativa de homic�dio contra um policial civil e "uma execu��o" de outro policial.
Em rela��o ao Comando Vermelho, fac��o criminosa baseada no Rio, a secretaria apontou outros 85 integrantes. O grupo seria o autor "de v�rios atentados", incluindo a queima de tr�s �nibus municipais e um carro da pol�cia.
A FDN (Fam�lia do Norte), respons�vel pela chacina que matou 56 em Manaus, tem apenas quatro membros em pres�dios de Roraima. Indagado sobre o crescimento do PCC, o secret�rio de Justi�a de Roraima, Uziel Castro, afirmou nesta segunda-feira (9) que o "motivo � o tr�fico de drogas, que vem da Col�mbia, Bol�via e Peru".
O Minist�rio P�blico de Roraima, que desde 2013 investiga o PCC, confirmou o crescimento dos "batizados", especialmente a partir da infiltra��o e do controle da fac��o sobre a massa carcer�ria.
Para os promotores, o n�mero "quadruplicou" desde 2014, de 96 para mais de 400. O promotor Marco Antonio Azeredo, do Gaeco, especializado em crime organizado, disse que outro motivo foi a demora do Estado em reconhecer o quadro. "O Estado sempre negava a exist�ncia das fac��es, o que veio a contribuir para a situa��o atual."
Em 2014, os promotores haviam denunciado 96 membros da organiza��o, o que levou � transfer�ncia de 20 deles para pres�dios federais. Mas o pr�prio nascimento do grupo em RR, segundo o promotor, veio de telefonemas dados por um presidi�rio de dentro de uma unidade federal em outro Estado, segundo liga��es interceptadas por ordem judicial em 2014.
Por isso, Azeredo considerou "vergonhoso" o ministro da Justi�a, Alexandre de Moraes, dizer que pretendia "colaborar" com o Estado para solucionar a crise.
"Se ele quisesse ajudar, tinha que evitar que membros em pres�dios federais tivessem contato com presos. O crime � nacional, n�o estadual. Quem estruturou todo o sistema [do PCC] em Roraima foi um detento do Paran�. Todos os dias ele entrava em contato, dava os 'salves' e as mortes dentro do sistema prisional de Roraima", disse o promotor. Esse presidi�rio, segundo Azeredo, nunca colocou os p�s no Estado de Roraima.
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