Acaloradas discuss�es sociais e pol�ticas refletem em produ��es teatrais em 2017

Se o teatro � a arte do ao vivo, refletindo quase de imediato o notici�rio, as produ��es de 2017 parecem ter espelhado bem o clima que pautou o ano: as acaloradas discuss�es pol�ticas e sociais.

Um dos principais eventos da agenda teatral paulistana, a MITsp (Mostra Internacional de Teatro de S�o Paulo) j� trazia em sua grade tr�s trabalhos sobre o racismo e o papel do negro. O assunto tamb�m foi o mote da Cia. Brasileira de Teatro em "Preto", produ��o de car�ter perform�tico que buscou compreender qual a imagem que n�s, numa sociedade desigual e de passado escravagista, temos de cada um.

Felipe Hirsch investigou as ra�zes do conservadorismo brasileiro (e "tudo que se v� hoje nas ruas", segundo o diretor) no seu "Selvageria", com dramaturgia costurada a partir de documentos, dos s�culos 16 ao 19, que tratam da escravid�o no pa�s.

Mesmo uma pe�a quase sexagen�ria como "Boca de Ouro", de Nelson Rodrigues, ganhou tra�os contempor�neos na bela montagem de Gabriel Villela. Em sua encena��o, a hist�ria narrada pela personagem Dona Guigui, que muda as vers�es dos fatos, tra�ou paralelos com as "fake news", as not�cias falsas t�o debatidas ultimamente.

E n�o se pode deixar de mencionar o impacto de ver o Teatro Oficina reencenar "O Rei da Vela", 50 anos ap�s sua montagem original. O texto de Oswald de Andrade (escrito muito antes, em 1933) parece um retrato contempor�neo da pol�tica brasileira, com seus interesses e seus privilegiados.

Nada mais prop�cio para um assunto t�o antigo –e infelizmente t�o atual– do que o tom de farsa impresso pelo grupo do diretor Z� Celso. E Renato Borghi, 80, retomando em tamanha vitalidade o papel do despudorado protagonista, o agiota Abelardo 1�.

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