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Peruca extensão cabelo (Foto: Kwaku Alston)

Nova marca americana de perucas aposta em tecnologia de ponta (Foto: Kwaku Alston)

Poucas categorias de produtos são tão fragmentadas e atrasadas em seu desenvolvimento de mercado quanto o de perucas e extensões de cabelo. Uma nova marca americana tem aliado tecnologia a estratégias de nicho para modernizar a indústria – e conquistar uma participação em um setor com tendência de crescimento rápido.

Lançada em abril, a Parfait é um negócio online. Sua equipe executiva acredita que atingiu uma fórmula vencedora, apoiando-se fortemente em tecnologia, incluindo IA. Basta uma visita ao site para ver várias opções de texturas, cores, comprimentos e estilos - além de correspondência de tons de pele orientada por IA e consultas virtuais.

O uso da IA ​​leva a precisão do ajuste a um novo nível, que elimina a necessidade de várias faixas e colas para prender as perucas à cabeça. “Estamos tentando trazer perucas para o século 21”, é como uma das quatro fundadoras da Parfait coloca. O histórico do quarteto de fundadoras sugere que esse negócio quer ir longe. A CEO Isoken Igbinedion, 31 anos, conheceu Simone Kendle, 31 anos, agora CMO, quando eram estudantes de MBA na Wharton School da Universidade da Pensilvânia. Ifueko Igbinedion, 27 anos, agora CTO, é a irmã mais nova de Isoken. Ela estudou em Stanford e depois no MIT, onde conheceu Marlyse Reeves, 29 anos, COO.

O objetivo da Parfait é pegar a educação de elite que tiveram e inseri-la em todos os aspectos de um negócio que – como mulheres afro-americanas que usam perucas – elas conhecem intimamente. Perucas e extensões de cabelo são uma parte intrínseca da cultura afro-americana.

A programação de lançamentos da Parfait reforçou a seriedade do empreendimento, incluindo um jantar exclusivo em Nova York para cultivar cabeleireiros e outros influenciadores. A startup levantou US$ 5,25 milhões em capital de risco de empresas como a Upfront Ventures; Serena Ventures de Serena Williams; e do investidor e rapper Chamillionaire. A cantora Kelly Rowland também se tornou investidora em julho, e Justine Skye, outra cantora, está promovendo o negócio.

Tecnologia vem em primeiro lugar

Apesar dos endossos e investimentos de celebridades, a equipe executiva prefere falar de tecnologia. “Somos uma empresa de tecnologia que vende perucas e extensões”, diz Isoken Igbinedion. Vale ressaltar que o valor de mercado mundial de perucas e extensões deve chegar a US$ 7,62 bilhões neste ano e deve quase dobrar para US$ 13,28 bilhões até 2026, segundo a Research and Markets, empresa de pesquisa global.

As cofundadoras da Parfait (no sentido horário a partir do canto superior esquerdo): CEO Isoken Igbinedion, CTO Ifueko Igbinedion, CMO Simone Kendle e COO Marlyse Reeves. (Foto: Divulgação)

As cofundadoras da Parfait (no sentido horário a partir do canto superior esquerdo): CEO Isoken Igbinedion, CTO Ifueko Igbinedion, CMO Simone Kendle e COO Marlyse Reeves. (Foto: Divulgação)

Durante décadas, a distribuição foi altamente fragmentada, com extensões e perucas vendidas em salões, lojas de beleza locais e online direto ao consumidor. Inúmeras celebridades, atletas e influenciadores lançaram linhas. A True Indian Hair, popular entre estrelas como Lizzo, Mary J Blige e Teyana Taylor, opera um e-commerce e lojas físicas na cidade de Nova York. A nigeriana Peak Mill, que acumula 1.2 milhões de seguidores no YouTube, lançou a Peak Mill Raw Hair Collection, em 2019. A jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce, duas vezes medalhista de ouro olímpica, conhecida por suas cores de cabelo em chamas, é dona da Chic Hair .

O mercado afro-americano é grande. As mulheres negras gastam entre 6 a 9 vezes mais tempo e dinheiro com cabelos do que as mulheres brancas, de acordo com a Nielsen. Os gastos com perucas podem ser significativos: uma boa peruca ou trama custa de US$ 300 a US$ 3.000, diz Igbinedion. Os produtos da Parfait custam entre US$ 450 e US$ 1.200.

Embora os afro-americanos sejam o maior grupo de usuários de perucas e extensões na América do Norte, eles não estão sozinhos. Celebridades no Instagram, capas de revistas e tapete vermelho estimulam a demanda entre diversas mulheres. “Nossa missão é criar essa experiência de beleza para todas as pessoas”, diz Igbinedion.

Jada Pinkett Smith, careca, trouxe a alopecia para a conversa global no Oscar em 2022. A Parfait planeja fazer uma parceria com a National Alopecia Foundation. Para a próxima Semana de Moda de Nova York, em setembro, está planejada uma colaboração com um designer.

Conheça a  Parfait, empresa tecnológica de perucas e laces (Foto: Divulgação)

Conheça a Parfait, empresa tecnológica de perucas e laces (Foto: Divulgação)

O negócio pode ser feito com tecnologia de IA e ter foco digital, mas as fundadoras entendem que alguma presença física, seja por meio do varejo ou consultas pessoais, será fundamental “para construir confiança”, diz Kendle. “Queremos trazer as mulheres para reuniões em que elas realmente entendam nossos produtos. Temos que ajudar os clientes a entender por que somos uma grande proposta de valor.”

Causando impacto em um mercado lotado

A Parfait entra em um campo lotado com milhares de jogadores, que variam entre salões locais a celebridades e empresas ainda maiores, como Artnature, Hair Zone, Mayvenn, Rumei e Balmain. “A indústria realmente esteve na comunidade afro-americana, com o cabelo vendido em pequenas lojas e salões locais. Isso se popularizou mais por causa das mídias sociais”, diz Safiya Ghori-Ahmad, diretora regional da consultoria McLarty Associates. “Houve um crescimento exponencial.”

A Parfait espera “limpar” alguns dos problemas sujos da cadeia de suprimentos, como o trabalho forçado, fornecedores explorados e colas de peruca prejudiciais que comprometem a saúde das mulheres. “Trata-se realmente de construir uma infraestrutura para todo o setor”, diz Igbinedion.

“O que estamos vendo é que os jovens querem tornar a indústria mais ética”, diz Ghori-Ahmad. Na Índia, por exemplo, em uma tentativa de ajudar os cidadãos a monetizar seus cabelos, o governo reprimiu os intermediários que colhem cabelos gratuitos dos templos, onde são deixados como oferendas aos deuses, explica Ghori-Ahmad.

A Parfait, que tem fábrica em Dallas, no estado americano do Texas, recebe produtos da Índia, Vietnã e Filipinas, e diz estar trabalhando duro para adquirir cabelos afro crespos com cachos apertados - um pedido difícil para uma indústria que favorece cabelo liso.

A mudança de Rihanna para os cuidados com os cabelos criou um burburinho no setor – uma informação de de marca registrada para a Fenty Hair foi relatada no ano passado, embora a empresa não tenha feito nenhum anúncio. Rumores internos sugerem que uma equipe estaria trabalhando nisso, mas Fenty se recusou a comentar. “A entrada de Rihanna no setor ajudaria a impulsionar toda a indústria”, observa Ghori-Ahmad. O impacto da Fenty na diversidade, no fornecimento ético e na inclusão de todos os povos pode mudar o jogo. Isso se Parfait não mudar o jogo primeiro...