• André Jorge de Oliveira
Atualizado em
projeção a laser reproduz estátua de Buda em tamanho real (Foto: Reprodução)

projeção a laser reproduz estátua de Buda em tamanho real (Foto: Reprodução)

Apesar de o Vale de Bamiyan ser hoje uma região majoritariamente islâmica, o lugar que fica a 230 quilômetros da capital afegã, Cabul, no passado já foi um importante centro do budismo. Ali, desde o século 2 d.C., um grande número de monges vivia em mosteiros e muitos eremitas moravam em cavernas, deixando uma rica produção religiosa e cultural. Um dos maiores exemplos deste legado eram as enormes estátuas de Buda esculpidas na pedra, construídas no século 6 e declaradas como patrimônio mundial da Unesco. Em março de 2001, elas foram taxadas como ídolos pelo regime talibã e destruídas com dinamites - uma perda irreparável para a humanidade. Catorze anos depois, no último dia 7, os monumentos puderam novamente ser admirados em tamanho real, com a ajuda de uma projeção 3D a laser.

O projetor sofisticado foi adquirido por Janson Yu e Liyan Hu, um casal de aventureiros chineses que se disseram entristecidos com o ato de destruição. Segundo o site NDTV, eles pediram permissão ao governo afegão e a Unesco para realizar um evento de uma noite - com direito a dança e música - que iluminasse as cavidades vazias onde os Budas estiveram por 1500 anos. Cerca de 150 pessoas acompanharam o espetáculo que, de acordo com o departamento local de proteção a relíquias culturais, deve se repetir anualmente no mês de março, já que o casal doou o equipamento às autoridades.

“Eu acho que isso pode, pelo menos, dizer para as pessoas que ali já existiu um lugar lindo, com uma cultura profunda e uma longa história. Nós esperamos que o uso da tecnologia de iluminação possa mostrar nosso respeito à cultura e à história”, disse Liyan Hu a TV chinesa CCTV. As duas estátuas foram construídas entre os anos 500 e 600 - a menor tinha 35 metros de altura e a mais imponente atingia os 53 metros. O Vale de Bamiyan fica às margens da antiga Rota da Seda, caminho comercial que ligava o ocidente ao oriente. No local privilegiado em que estavam até 2001, os monumentos grandiosos impressionaram incontáveis caravanas de comerciantes ao longo dos séculos.

Mais recentemente, o Estado Islâmico tomou o lugar do talibã como inimigo número um dos patrimônios da humanidade: os fundamentalistas já destruíram diversos sítios na Síria e no Iraque, e inclusive queimaram livros e manuscritos raros.

Veja como foram as projeções: