• Nathan Fernandes
Atualizado em
 (Foto: Caltech/R. Hurt (IPAC))

(Foto: Caltech/R. Hurt (IPAC))

Nada tem despertado mais curiosidade entre os amantes da astronomia do que o misterioso Planeta Nove. Pesquisas indicam que ele tenha quatro vezes o tamanho da Terra, com 10 vezes a sua massa. Além disso, a órbita superlonga sugere que o planeta leve de 10 a 20 mil anos para dar uma volta completa ao redor do Sol.

Fazer aniversário por lá deve ser um martírio. Mas isso não é o pior. A questão é que nem sabemos se ele de fato existe, já que todas as informações que temos são baseadas em observações indiretas, como a gravidade que o suposto planeta exerce sobre os corpos próximos.

Mas um estudo divulgado por pesquisadores da Universidade Lund, da Suécia, promete deixar a comunidade astronômica mais animada. Segundo eles, o Planeta Nove seria, na verdade, um planeta de outro sistema solar  — um exoplaneta — que teria sido “roubado” de outra estrela pelo nosso Sol.

“É quase irônico pensar que, enquanto os atrônomos encontram centenas de exoplanetas a anos luz do nosso sistema solar, esse tempo todo nós temos um bem aqui no quintal”, afirma o astrônomo Alexander Mustill, que faz parte da equipe de pesquisa.

O encontro

A descoberta do planeta misterioso foi anunciada em janeiro, pelo mesmo astrônomo que tirou Plutão da lista vip de planetas que orbitam o Sol, Mike Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).

A existência dele começou a ser estudada quando os pesquisadores perceberam um estranho alinhamento de objetos cósmicos no Cinturão de Kuiper — na fronteira do Sistema Solar. A formação sugeria que algum objeto muito massivo estaria exercendo uma força gravitacional sobre eles. “Os corpos estavam alinhados de uma forma que não deveriam estar. Buscamos todo tipo de explicação, mas nenhuma delas funcionou”, informou Brown ao jornal The Guardian.

Desde então a especulação sobre a existência do Planeta Nove só cresce. Mas por estar a uma distância de 149 bilhões de quilômetros do Sol (75 vezes mais distante do que Plutão), ninguém consegue, de fato, vê-lo.

O que buscamos saber é como um planeta poderia ter se formado ali. O Sistema Solar parece ser tão compacto, então você tem esse enorme vácuo para então aparecer outro planeta com 10 vezes a massa da terra”, afirma Mustill no vídeo abaixo. “Parece implausível que algo como este tenha sido simplesmente ‘criado’ a uma distância dessas.”

Por isso, a equipe de Mustill indica que o Planeta Nova tenha sido formado originalmente em outro sistema e que ele tenha sido capturado pelo Sol, quando os dois estiveram mais próximos, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Vale lembrar que quanto mais massivo um corpo, mais objetos ele atrai para sua órbita — é assim que o Sol garante a “fidelidade” dos seus planetas: atração gravitacional.

Com isso em mente, os astrônomos simularam este possível encontro por computador e descobriram que as chances dele ter realmente acontecido são de 50%. Mas, calma, um artigo da revista New Scientist afirma que os dados são inconclusivos porque este “roubo” só funcionaria com um corpo exatamente igual ao Planeta Nove. Além disso, os próprios pesquisadores suecos acham que a possibilidade dele ser mesmo um exoplaneta é de 0,1 a 2%.

Ainda assim, os astrônomos afirmam que a chance de ser um exoplaneta é 300 vezes maior do que a de ser um planeta do nosso Sistema Solar. Ou seja, tudo depende do ponto de vista.

O fato é que nada ainda foi fisicamente comprovado. O Planeta Nove continua um mistério até que consigamos imagens dele ou informações mais conclusivas. “Ele seria o único exoplaneta que poderíamos atingir usando uma sonda espacial”, afirma Mustill. 

Saiba mais sobre o estudo no vídeo abaixo (em inglês):