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Um estudo publicado na última segunda-feira (14), na revista médica JAMA Pediatrics, analisou que houve aumento significativo nos casos de crianças diagnosticadas com ansiedade e depressão entre os anos de 2016 e 2020. Além disso, também foi notado aumento de problemas relacionados à saúde mental entre pais e cuidadores.

Pesquisadores dizem que crianças que perderam os pais têm mais chances de desenvolver depressão (Foto: Pexels)

Foto ilustrativa (Foto: Pexels)

Os dados foram coletados da Pesquisa Nacional de Saúde Infantil dos Estados Unidos. Para a realização do levantamento, os cuidadores de cerca de 174 mil crianças e adolescentes de até 17 anos de idade responderam a um formulário online ou via correios.

De acordo com os resultados, o número de crianças diagnosticadas com ansiedade cresceu 29% no período, e os casos de depressão aumentam 27%. Houve também diminuição de 18% na quantidade de crianças que fazem algum tipo de exercício físico todos os dias. Durante a pandemia (entre 2019 e 2020), os pesquisadores relataram, ainda, aumento de 21% no número de crianças com problemas de comportamento ou conduta.

Não são apenas as crianças que estão lidando com esse tipo de problema: o número de pais e cuidadores que consideraram sua saúde mental como “excelente ou muito boa” diminuiu 5%. O estudo também apontou que o total de responsáveis que declararam lidar “muito bem” com as demandas da criação dos filhos caiu 11%. Além de constatar o aumento no número de diagnósticos de doenças relacionadas à saúde mental, o trabalho observou, ainda, que houve aumento de 32% nas necessidades não atendidas de cuidados de saúde. 

Entre 2019 e 2020, houve aumento de 34% na proporção de crianças pequenas cujos pais pediram demissão ou mudaram de emprego por causa de problemas para encontrar alguém que pudesse ficar com seus filhos — e cerca de 18% deles relataram que enfrentaram essa dificuldade por mais de um ano. Devido a isso, 1 em cada 4 adultos precisou cortar suas horas de trabalho ou tirar licença não remunerada para cuidar de crianças e 1 em cada 6 deixou o emprego ou não procurou emprego para ficar com os filhos. 

“Em conjunto, essas descobertas destacam a necessidade crítica de apoiar as crianças e seus cuidadores para melhorar o bem-estar mental e emocional das famílias e fornecer opções de cuidados infantis que possam garantir o bem-estar econômico das famílias”, avaliaram os pesquisadores. “Este estudo se soma à crescente literatura que aponta para uma exacerbação dos desafios trazidos pela pandemia de covid-19, destacando a necessidade urgente de garantir o acesso das crianças a serviços de saúde oportunos, promover comportamentos saudáveis e apoiar os pais para fortalecer o bem-estar familiar”, concluiu o documento.

Como ajudar as crianças?

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, descobriu que crianças que passaram mais tempo ao ar livre tiveram menos problemas de saúde mental na pandemia. Os pesquisadores acompanharam 706 famílias, com crianças entre 3 e 7 anos, para entender como a pandemia (e todas as mudanças que vieram com ela) tem influenciado o comportamento das crianças, e comprovaram que aquelas que tiveram mais oportunidades de passar tempo ao ar livre nos últimos dois anos apresentaram menos problemas relacionados a comportamento e saúde mental.

“Conectar-se com a natureza é uma maneira eficaz de apoiar o bem-estar das crianças nesse momento de pandemia. Mostramos que aumentar a quantidade de tempo que elas passam ao ar livre pode ser mais uma das muitas ferramentas com impacto benéfico para a saúde mental dos pequenos”, disse a psicóloga Elian Fink, que participou do estudo.

O pediatra Daniel Becker, autor do site Pediatria Integral e colunista da CRESCER, também destacou em uma de suas colunas a importância do contato com a natureza no contexto pandêmico. Segundo o especialista, brincar ao ar livre é um antídoto fabuloso para os piores males vividos pelas crianças e agravados na pandemia. "Os resultados você vai ver imediatamente na felicidade e bem-estar deles, no apetite do jantar e no sono profundo à noite. E os benefícios a médio e longo prazos estão claramente estabelecidos pela ciência, inclusive habilidades como melhor foco, atenção, memória, empatia, imunidade, capacidades cardiorrespiratória e de aprendizado e muito mais", ressaltou.

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