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Síndrome de Down não é doença!  (Foto: Thinkstock)

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É sabido que algumas pessoas com determinadas comorbidades — como diabetes e obesidade —, correm maior risco de doenças graves, caso sejam infectados com coronavírus. No entanto, um novo estudo apontou outra população que também é vulnerável ao vírus e que precisa tomar precauções extras para se manter segura durante a pandemia: aqueles com síndrome de Down.

Em outubro de 2020, um grande estudo do Annals of Internal Medicine, no Reino Unido, mostrou que as pessoas com síndrome de Down que contraem covid têm quatro vezes mais probabilidade de serem hospitalizadas e dez vezes mais probabilidade de morrer do que a população em geral. Estudos adicionais apoiaram essas descobertas para aqueles com o distúrbio genético, que também é conhecido como trissomia do cromossomo 21, causado quando a divisão celular anormal cria um cromossomo extra. 

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Os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) atualizaram suas diretrizes em dezembro para incluir aqueles com síndrome de Down na categoria de risco aumentado para covid grave. Isso significa que eles podem receber prioridade para vacinação.

CRIANÇAS COM DOWN

Michele Spencer-Manzon, médica, geneticista clínica da Yale Medicine, diz que o risco elevado para pacientes com síndrome de Down não é surpreendente, e que ela e seus colegas têm aconselhado as famílias sobre a importância de tomar precauções extras para evitar infecções. Ainda assim, ela recomenda cautela ao interpretar os resultados do estudo. Além disso, não se sabe ao certo se o risco aumentado é o mesmo para crianças.

"O estudo foi em grande parte em adultos e não em crianças, e não está realmente claro se o que é verdade para a população adulta é verdade para a população pediátrica", explicou. "Temos uma clínica robusta e temos a sorte de não ter ouvido falar de nenhum de nossos pacientes pediátricos com sintomas graves de covid, e estamos tratando-os como qualquer outro grupo de alto risco", completou.

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RAZÕES NÃO SÃO CLARAS

Os pesquisadores não sabem ao certo por que as pessoas com síndrome de Down são mais vulneráveis ​​à covid grave, mas suspeitam que pode ter algo a ver com anormalidades imunológicas. Além disso, a anatomia típica de alguém com síndrome de Down — línguas grandes, amígdalas e adenóides; mandíbulas pequenas; e tônus ​​muscular da garganta frouxo — os torna mais suscetíveis a taxas mais altas de infecções respiratórias em geral, acreditam os especialistas.

"Pacientes com síndrome de Down podem ter taxas mais altas de problemas respiratórios, e é por isso que os monitoramos de perto quando eles têm uma doença respiratória. E se eles têm tônus ​​muscular baixo, pode haver um risco maior de aspiração e refluxo, o que pode aumentar ainda mais o risco de complicações respiratórias ", comenta Michele. 

REFORÇO NA PREVENÇÃO

Independentemente disso, é importante que as pessoas com síndrome de Down — e qualquer pessoa com risco aumentado de gravidade de covid — tomem certas medidas, acrescenta a especialista. “Com a síndrome de Down, há um enorme espectro de problemas de saúde relacionados. Mas muitos deles são problemas que o público americano em geral também enfrenta”, diz ela. "A mensagem que queremos que as famílias ouçam é que você deve ir ao médico assim que começar a notar os sintomas de covid. Você deve estar sempre descansando o suficiente. Você deve se manter bem hidratado. Você deve ter uma dieta saudável e manter um peso saudável. Pacientes com síndrome de Down devem seguir estritamente as diretrizes de saúde pública para diminuir o risco de covid", disse.

Além disso, a especialista lembra que existem algumas medidas de saúde pública contra as quais as pessoas com síndrome de Down podem ter dificuldades, como o uso de máscaras. "Crianças com síndrome de Down correm maior risco de autismo e outras sensibilidades sensoriais. Os adultos também podem lutar contra a estimulação tátil de usar uma máscara e sentir-se desconfortáveis. Se eles não podem usar uma máscara de forma consistente, nossa recomendação é que tentem limitar as atividades sociais fora de sua bolha", orientou.