• Fernanda Carpegiani
Atualizado em
bebê_sono (Foto: Shutterstock)

Um suspiro mais alto, uma respiração mais profunda e, de repente, um barulho mais forte. Ouvir seu filho roncar pode revelar uma série de problemas, e quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais eficiente será o tratamento. Segundo as diretrizes da Academia Americana de Pediatria, as crianças que roncam devem ser examinadas sempre, principalmente para detectar apneia, pequenas pausas na respiração que podem acompanhar o ronco.

Para Rosa Hasan, neurologista especialista em doenças do sono do Hospital e Maternidade São Luiz (SP), ronco é coisa séria. "Há estudos que mostram que a criança que ronca pode sofrer até mesmo alterações no crescimento, já que a oxigenação dos tecidos é prejudicada, em especial quando ela tem apneia.” Segundo um alerta feito pelo Hospital das Clínicas, em São Paulo, o ronco atinge, principalmente, crianças de 2 a 9 anos.

O mais importante é identificar por que a criança está roncando. O que provoca o problema é a obstrução das vias aéreas. E essa obstrução pode ser causada por vários motivos, como alergias - a poeira, por exemplo -, e infecções - na amígdala ou na garganta. “A conversa do pediatra com os pais e o exame clínico são fundamentais para fazer o diagnóstico. É preciso observar a periodicidade do ronco, como e quando acontece. E perceber se há outros fatores associados, como sono agitado e baba”, diz o pediatra Marcelo Reibscheid, do portal Pediatria em Foco. O cansaço e a obesidade são outras causas possíveis, pois a musculatura fica mais frouxa e acaba dificultando a respiração. No caso do excesso de peso, a gordura acumulada em volta do pescoço também atrapalha.

Outros motivos que podem levar ao ronco é o uso excessivo de chupetas e mamadeiras. Isso porque os bicos podem alterar a arcada bucal das crianças. “Esses acessórios tornam o palato (céu da boca) mais profundo e, mudando seu formato, a passagem do ar fica prejudicada”, afirma Eliane Alfani, pneumologista infantil do Hospital e Maternidade São Luiz (SP). “Em casos mais graves, as crianças podem ter apneia do sono e parar de respirar”, completa. Um dos exames possíveis nesses casos é a polissonografia, que examina o que acontece no corpo da criança enquanto ela dorme (oxigenação do sangue, atividade do cérebro, posições, respiração), e costuma ser feito entre 4 e 7 anos para investigar as causas da apneia, quando não for detectada uma obstrução das vias respiratórias superiores.

Além de atrapalhar o sono da criança (e da família toda), o ronco traz outros problemas. “Ao respirar pela boca durante a noite, a criança pode acordar com dor de garganta e sentir muito desconforto. Resultado: mais cansaço, mau humor e até uma queda no rendimento escolar”, diz a especialista. Por isso, ao ouvir o primeiro ronco do seu filho, converse com o pediatra, para que ele investigue e comece o tratamento adequado para o problema que está levando a criança a roncar.

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